quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O BPN e a economia do crime

A SLN era um grupo económico particular porque, ao contrário do que normalmente acontece, o Banco não era o centro de comando do Grupo. As fraudes do BPN foram conduzidas pela Holding e perpetradas através do recurso generalizado a quase uma centena de empresas sediadas em off-shores, como explicou um membro da administração de Miguel Cadilhe. O caso do BPN é, aliás, exemplar do ponto de vista do papel estratégico que têm os off-shores não apenas na promoção da fraude e evasão fiscais, mas também na protecção da criminalidade financeira.

Foram essas conclusões que levaram João Cravinho a defender uma investigação sobre o papel dos off-shores no caso do BPN, da qual poderiam e deveriam ter resultado conclusões importantes para a sua extinção, um dos desígnios mais importantes, entre outros, de qualquer alternativa de política económica.

Esse é o fulcro do que se passou no BPN. Devemos punir os criminosos, criticar os reguladores mas não esquecer em momento algum que a responsabilidade última é política e consiste na criação de um quadro de regulação e fiscalização do sistema financeiro que proteja a economia, a estabilidade do sistema financeiro e os contribuintes.

Não deixa de ser revelador que, enquanto se juntam à esquerda na crítica ao processo do BPN (mas não em qualquer tipo de propostas concretas), PSD e CDS apresentem dois projectos de resolução para dar condições "mais favoráveis" (sic) ao off-shore da Madeira. Nesta matéria do BPN, a direita atira pedras porque tem telhados de vidro. Não apenas por causa das ligações de governantes de Cavaco a este banco, mas também pelas responsabilidades políticas pelo quadro legal em que operam as instituições financeiras.

Nem sempre é preciso mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma. Às vezes basta gritar muito. A direita faz todo o alarde que pode com a sua indignação sobre o BPN, mas as propostas concretas que agravam o problema da desregulação financeira, avança-as sorrateiramente no anonimato das comissões.

7 comentários:

  1. Não só a SLN continua sob novas vestes, como a propósito do BPN o governo de Sócrates (nisso com o apoio de PP e PSD, claro) já garantiu que, logo que possível, ele será de novo privatizado! Assim mesmo, esfregando-no-lo na cara, para que não restem quaisquer dúvidas. Nós todos, enquanto contribuintes, ficámos a varrer o lixo (o governo nacionalizou o BPN-prejuízos, mas teve o conveniente cuidado de deixar de lado a SLN-lucros, o “centro de comando”, como lhe chama), eles seguiram alegremente para bingo alhures e finalmente - a cereja no cimo do bolo - logo que possível, logo que volte a ser lucrativo, o próprio BPN enquanto tal voltará a ficar "em boas mãos". Privadas, entenda-se.
    É realmente espantoso, o modus operandi do bloco-central-cum-PP. De Alcibíades dizia-se que "criou" para si mesmo um defeito (cortou a cauda do cão, conta-se), como forma de deixar os atenienses entretidos a dizer mal dele duma certa forma, controlada pelo próprio. A "criação de factos políticos", em boa verdade, é um mundo sem fim... O José Guilherme tem razão em sublinhar que entre nós nem sequer é preciso mudar muito - ou mesmo nada. Basta gritar muito alto. Também ajuda fazer acusações fulminantes, muito “pessoalizadas”, mas sem grande conteúdo substantivo. A altura, aliás, é propícia para isso, com eleições presidenciais à porta…

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  2. É tempo da direita se empertigar na linguagem.
    A bola baixa não ajuda: o combate tem que ser igual.

    Devemos punir os criminosos que ganharam com esse negócio

    e obrigá-los a devolver 5 mil milhões de euros como fizeram ao MAdoff

    Pessoas que não conhecem o funcionamento judicial fazem destas afirmações

    que lesam pessoas estrutural mente
    honestas e seus protegidos

    Como disse o Profeta que nos dará o rumo :

    Vá consultar livros

    Os livros são muito claros

    tem de nascer duas vezes para ser tão honesto como eu

    eu que até o admiro apesar de você ser desonesto e sujo e ser portador dessas coisas

    o que é que eu tenho a ver com essas pessoas

    nos livos que vendei vendi

    espalhei o meu património em 4 bancos
    e estou perdendo milhões...

    na situação em que o país se encontra é essa gente que conseguirá empurrar o país no bom sentido

    uma palavra final este é um tempo de Natal este é o tempo das mulheres das mulheres que fazem Milagres com o orçamento

    que são mulheres que tratam dos filhos

    Mentira mentira mentira

    um Santo Natal e tenha esperança
    que o nosso candidato logo nos dá o rumo para empurrar o país

    e ele também será presidente dessa gente que diz umas larachas e tretas

    chocante ó ciclistas desonestos

    você não merece mais respostas
    seu Ciclista que se auto-proclama
    desonesto
    você que não nasceu duas vezes

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  3. Há uma coisa que ainda ninguém viu, que é o Caso BPN 2: a nacionalização.
    Se não tivesse sido nacionalizado, a responsabilidade pelo passivo do BPN era da SLN que o detinha a 100%; depois de nacionalizado, a responsabilidade passou para os portugueses. Os accionistas da SLN salvaram-se.
    Se o Caso BPN 1 é imputável a pessoas próximas do PSD, o Caso BPN 2 foi feito pelo PS.

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  4. Common Sense,

    Não acho que fosse possível, pura e simplesmente, deixar cair o BPN. O risco de uma crise bancária era, penso eu, excessivo. Acho que o erro do Governo foi o de não ter nacionalizado todo o Grupo, usando os activos das outras empresas para limpar o Banco, que era a única parte do Grupo cuja falência comportava um risco sistémico.

    Além disso, peço desculpa se pareço desresponsabilizar o PS na forma como evoluiu o quadro de regulação do sector financeiro, em Portugal e na Europa. Se a desregulação dos mercados financeiros ocorreu e se mantém, é em grande medida graças a um inextimável contributo da família socialista na Europa, deslumbrada com a impostura intelectual chamada Terceira Via.

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  5. Bom dia ,venho por este meio solicitar um esclarecimento!
    Suponhamos que eu tenho um determinado seguro e podemos dizer seguro do carro já que o mesmo e obrigatório.
    Tenho um acidente ao qual eu não tenho a menor culpa mas como o seguro assim não entende envia para tribunal.
    O responsável do seguro sabe que eu não sou culpado mas mesmo assim tribunal.
    Fiquei com uma lesão que me vai impedir no futuro próximo de exercer qualquer actividade profissional.
    O caso se arrasta em tribunal ano traz ano e por fim uma audiência digamos 3 ou 4 anos de espera entretanto as despesas foram todas por minha conta.
    Antes de ser ouvido em tribunal o seguro oferece me um acordo e paga me um valor acima das minhas expectativas, eu como estou sem trabalho e cheio de dividas aceito de imediato.
    Ate ai tudo bem.
    A questão, esta em que quando o dinheiro acaba eu vou de imediato recorrer a uma reforma por invalidez e todas as despesas no futuro serão suportadas pela segurança social.
    Seria mais lógico ser o seguro a pagar em vez do estado ou os acordos efectuados deveriam ser acompanhados de perto pela segurança social e obrigar os seguros as suas responsabilidades. Obrigado pela atenção
    Rui Pereira

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