segunda-feira, 15 de março de 2010

Seminário internacional sobre factos e valores em economia

Demasiados economistas tentam enganar-se e enganar os leitores dos jornais com fraudes inocentes construídas a partir de dicotomias simples – ideologia/ciência, por exemplo – que acho que não sobrevivem a um debate, mesmo que superficial, sobre as práticas cientificas. Vale tudo para manter a hegemonia do romance de mercado. Enfim, a reflexão sobre os factos e os valores é inescapável na ciência, em geral, e na Economia, em particular. Nesta disciplina, muitos falam sobre estas questões usando ideias que já foram ultrapassadas na filosofia da ciência há algumas décadas. É por estas e por outras que este seminário internacional, organizado pelo CES e que terá lugar nos próximos dias 19 e 20 de Março, é muito oportuno.

5 comentários:

  1. "Vale tudo para manter a hegemonia do romance de mercado". Profundamente científico...

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  2. Não me parece muito relevante a questão de se a economia é ou não uma ciência. Mesmo dentro do campo claramente cientifico, haverá sempre umas ciencias mais exactas do que outras.

    O que já me parece preocupante é que até os mais solidos conhecimentos que a "ciencia" economica já produziu sejam constantemente ignorados pelos fdps dos politicos.

    Quanto a essas posições pró e contra o mercado, ou pró e contra a economia de mercado, são acima de tudo um reflexo de ignorancia economica. Em todos os paises do mundo há mercados, até na coreia no norte, a economia é por definição um mercado, pois se não houvesse possibilidade de trocas comerciais não havia um problema economico, havia apenas dotações prévias e definitivas de recursos que limitavam as possibilidades de consumo de cada um.

    A questão é apenas até que ponto os mercados devem ser regulados, e mesmo esta questão não é uma questão filosofica, politica ou ideologica como os fdps dos politicos nos querem fazer acreditar. É uma questão de analise economica. Regular um mercado tem custos, custos directos da regulação e custos inderectos derivados do impacto que a regulação tem no fucionamento do mercado. Por outro lado a não regulação também pode ter elevados custos.

    Os custos e os beneficios da regulamentação variam de mercado para mercado. Por tudo no mesmo saco é defender sistemas de governo excessivamente intervencionistas que acabam por estrangular a economia. É preocupante, que para um numero crescente de pessoas neste país, a solução para a "lei da selva" em que se vive actualmente seja repetir os erros do passado e caminhar para um sistema de quase planeamento central.

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  3. "Não me parece muito relevante a questão de se a economia é ou não uma ciência."

    Pois para mim e uma questao fundamental.
    E fundamental porque vivemos em sociedades que sao, ou pretendem ser "cientificas", isto e, as decisoes dos seus governos sao ditadas por conhecimento cientifico.
    Neste contexto, quando os economistas advogam para si proprios o estatuto de "cientistas", o objectivo, e claramente um de se apropriarem de poder ou influencia (que vai dar ao mesmo) politica. Nao e coincidencia que na historia da humanidade todas as disciplinas que num dado momento se quiseram apropriar do poder sempre clamarm para si um estatuto "cientifico", exemplos classicos:
    - estrategia militar;
    - teologia

    Assim sendo, urge desmontar esta falacia e colocar a economia no seu lugar, no seu devido galho, e uma engenharia, neste caso forma de engenharia social que usa conhecimento produzido por utras disciplinas de conhecimento, essas sim, cientificas para as aplicar a um problema muito especifico.

    A teoria xadrezistica tem muito mais volumes de teoria escrita que a economia, produz teorias muissimo mais testaveis que as economicas, deu e da muito menos barracas monumentais nas previsoes que faz e no entanto nao calma por um estatuto cientifico.
    Perguntar aqui porque e nao so relevante como absolutamente fundamental.

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  4. Eu vou lá estar,no seminário! ;)

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  5. Os psicologos e sociologos também advogam para si proprios o estatuto de cientistas, e na medida em que trabalham de acordo com o metodo cientifico, serão de facto cientistas. Não creio que o facto de se considerarem cientistas confira mais credibilidade as suas teorias.

    Concerteza que há economistas que pretendem que a economia é uma ciência exacta com o objectivo de promoverem as suas ideias. Mas a existência de pessoas que se escondem atrás da palavra ciencia para reforçar o seu discurso não é um problema exclusivo das ciencias sociais.

    O que me aborrece neste tipo de discussão cientifico/não cientifico, mercado/ anti-mercado, liberal/ anti-liberal, etc... é que se repetem chavões e se discutem etiquetas metalinguisticas, mas acaba não se discutir nada de relevante.

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