Está na moda dizer que ninguém poderia ter previsto a crise. É verdade que as sociedades humanas são sistema complexos, que tornam muito arriscadas grande parte das previsões. Isso não significa que não seja possível identificar grandes tendências (e contra-tendências) e antecipar a recorrência de certos fenómenos (ainda que em modos e ritmos específicos, sempre distintos). É por isso que não hesito em prever, como aqui fiz, a continuação da instabilidade financeira, o acentuar da desigualdade e muitos anos de crescimento anémico. Foi também por isso que o Nuno Teles antecipou aqui, aqui, aqui e aqui o que viémos a assistir a partir dos últimos meses de 2008.
Não somo magos, nem profetas da desgraça. Somos economistas que percebem que uma economia dominada pela finança está condenada à especulação, à formação de bolhas especulativas e ao seu rebentamento, com consequências devastadoras sobre a produção real e o emprego. Tal como os economistas referidos por este texto, publicado no Financial Times de hoje.
É muitos mais simples, porém, assumir que ninguém conseguiu - nem poderia conseguir - prever a crise. É a receita ideal para que fique tudo, ou quase tudo, na mesma.
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