«É também assim que as “reformas” actuais se impõem: primeiro gera-se o medo do futuro, com previsões catastrofistas matraqueadas todos os dias. Perante o medo as pessoas apenas desejam que não sejam elas as visadas pelas “reformas” e calam-se. Multiplicado por todas as pessoas, esta atitude leva a uma desmoralização generalizada, que redunda numa self-fulfiling prophecy: a ideia de que já ninguém está para isso e de que o mundo é mesmo assim, sem escolhas, sem alternativas, sem sequer se perguntar se é mesmo assim (…) Na Europa, infelizmente, Portugal parece ser um exemplo de vanguarda. Do governo às empresas, passando pelas universidades. Um “bom” político hoje já não é a criatura vagamente populista que promete coisas boas, mesmo que incumpríveis; é antes a criatura que sabe assustar. Já repararam como o optimismo - ou sequer a promessa de que depois de alguns sacrifícios virá a compensação - desapareceu completamente do discurso político (uma vez mais, a todos os níveis) português?».
Miguel Vale de Almeida nos Tempos que Correm. Agora parece que os tempos deixaram de correr. Simplex. Afinal de contas, o que Miguel Vale de Almeida nos propõe para justificar a sua eleição como deputado do PS de Sócrates, de cujas políticas foi um dos mais argutos críticos, é a nova conjuntura política criada pela vitória do PSD nas europeias. A política do voto útil é apenas uma das faces da desmobilizadora política do medo. Uma política que ajudará à imposição das “reformas” que MVA tão bem criticou. Como MVA descobrirá se o seu apelo à maioria de Sócrates, que perpetua uma correlação de forças conservadora, for bem sucedido. Espero que não seja. Não há boas razões para que seja. A coerência não é para aqui chamada. As razões das escolhas, sim. Leiam com atenção o que Francisco Oneto e Nuno Teles escreveram. Quem é que à esquerda, mesmo sendo «liberal», pode querer mais quatro anos deste plano inclinado? Quatro anos de neoliberalização da provisão pública, quatro anos de política que trucida funionários, quatro anos de austeridade assimétrica, quatro anos de consolidação do Estado predador, quatro anos de amputação da segurança social pública, quatro anos de código de trabalho empresarialmente correcto, quatro anos de aumento da precariedade. A memória é uma arma. Contra o medo. Esperança assente em políticas socialistas alternativas.
Miguel Vale de Almeida nos Tempos que Correm. Agora parece que os tempos deixaram de correr. Simplex. Afinal de contas, o que Miguel Vale de Almeida nos propõe para justificar a sua eleição como deputado do PS de Sócrates, de cujas políticas foi um dos mais argutos críticos, é a nova conjuntura política criada pela vitória do PSD nas europeias. A política do voto útil é apenas uma das faces da desmobilizadora política do medo. Uma política que ajudará à imposição das “reformas” que MVA tão bem criticou. Como MVA descobrirá se o seu apelo à maioria de Sócrates, que perpetua uma correlação de forças conservadora, for bem sucedido. Espero que não seja. Não há boas razões para que seja. A coerência não é para aqui chamada. As razões das escolhas, sim. Leiam com atenção o que Francisco Oneto e Nuno Teles escreveram. Quem é que à esquerda, mesmo sendo «liberal», pode querer mais quatro anos deste plano inclinado? Quatro anos de neoliberalização da provisão pública, quatro anos de política que trucida funionários, quatro anos de austeridade assimétrica, quatro anos de consolidação do Estado predador, quatro anos de amputação da segurança social pública, quatro anos de código de trabalho empresarialmente correcto, quatro anos de aumento da precariedade. A memória é uma arma. Contra o medo. Esperança assente em políticas socialistas alternativas.
E quando as alternativas são sinónimo da victória garantida da direita ?...
ResponderEliminarLamento, mas a direita, em termos objectivos, não ganha por se votar à esquerda do PS.
ResponderEliminarEra o mesmo que o BE quisesse o voto comunista dizendo que votando no PCP a direita ficava mais forte. Lamento, não faz sentido. Só se quiserem dizer que o BE e o PCP são de direita...
Além disso, é preciso muito esforço para pôr este PS no espectro da esquerda. Só mesmo por razões históricas...
JOÃO,
ResponderEliminara alternativa é mais 4 anos de MFL ou JSocrates.Do mal menor,QUAL É QUE PREFERES?
Entrismo
ResponderEliminarQue beleza de argumentos do Mike e do Edy. Eu cá não voto no PS. Ponto final. E arrajem lá outros argumentos para contrariar o João Rodrigues que esses estão ao nível do zé da esquina. Vem aí o bicho papão. Eu voto Bloco de Esquerda. Louçãs tem razão. É aí que está o verdadeiro socialismo. Votei Sócrates. Nunca mais.
ResponderEliminarJoão Martins
Os votos que ganham eleições são os votos dos "Zés das Esquinas".
ResponderEliminarOs "Zés das Esquinas" acreditam na democracia representativa e na força do voto popular e do que daí pode advir numa má apreciação da correlação das forças partidárias.
Esta malta é um bocado teimosa...
ResponderEliminarNas legislativas de 2005 o PS, o BE e o PCP somados tiveram aproximadamente 58% do eleitorado o PSD e PP aproximadamente 36%. Se, por exemplo, desses 58% o BE e o PCP ficassem com 28% e o PS com 30% como é que a esquerda não ganhava? É óbvio que este argumento é falso.
O PS teve quatro anos de maioria absoluta, onde é que estão as políticas de esquerda?
Isto na realidade é um grito desesperado pelo voto. É a tentativa de retirar a escolha política da equação, porque na política não há grandes trunfos para "exibir". O PS não quer entrar no debate político. Aliás, Sócrates na Assembleia sempre tentou "fulanizar" as coisas, sempre promoveu a picardia pessoal para evitar o tão incómodo debate político.
Na realidade o PS quer evitar o crescimento de uma nova esquerda em Portugal, para ser mais preciso, o crescimento de uma verdadeira esquerda em Portugal. Se o BE crescer, as propostas de nacionalização da Galp e da EDP, o fim dos offshores e zonas francas ganham dimensão. E o PS está demasiado comprometido com o poder económico para ficar contente com o crescimento de partidos que rompem com essa "tradição".
Além de mais, as eleições europeias deram a imagem de uma corrosão significativa do bloco central. O que desmente uma vanguarda de direita, pelo menos em Portugal. O PSD ganhou as eleições com uma votação ligeiramente superior à que teve quando perdeu as europeias de 2004 (se bem que seja difícil de comparar porque em 2004 ia coligado com o PP)
Presunção e água benta cada qual toma a que quer...
ResponderEliminarO exclusivo da esquerda cheira-me a estalinismo.
Já lá vai o tempo em que um membro do PCP não aceitava chamar camarada a um troskista. Se a memória é curta para muita gente, existe muita gente para quem não é.
Aliás, se olharmos para o BE, apesar de se apresentar como uma virgem política, não é mais do que um albergue espanhol de desiludidos de anteriores formações ou credos políticos.
Unidade de esquerda ?
Comecem por praticá-la não utilizando, por exemplo, o alegrismo como uma bandeira divisionista.
Acaso julgam que se mantêm os indices de iliteracia política ?
Como estão enganados e como há muito são topados...