domingo, 5 de outubro de 2008

O desacerto da terceira via

Alberto Martins do PS afirmou ao Expresso que esta «crise é a derrota do neoliberalismo e a demonstração do acerto das políticas da terceira via». Esta afirmação só mostra a total desorientação ideológica que reina na direccção do PS. Acerto da terceira via de Giddens, Blair e Brown? Onde? Na celebração das virtudes de uma paisagem económica marcada pelo domínio da finança de mercado, assente na poderosa City londrina? Na defesa da regulação «ligeira» e de um regime fiscal favorável aos especuladores que afluíam para Londres aos magotes? No relaxamento face ao brutal aumento das desigualdades salariais – um gestor de topo britânico ganhava 64 vezes mais do que um empregado médio em 2000 e 104 vezes mais em 2007? No fracasso das metas de redução de uma das mais elevadas taxas de pobreza infantil da Europa? Na desestruturação da provisão pública com a entrada das empresas privadas no coração do Estado Social? Na engenharia das parcerias público-privadas, tão opacas quanto onerosas, para investimentos necessários e que deveriam ser integralmente públicos, agora totalmente postas em causa pelo colapso dos mercados financeiros? As perguntas multiplicam-se. Este tem sido um dos temas favoritos deste blogue: a terceira via representou a rendição ideológica do socialismo democrático europeu ao fundamentalismo de mercado. Um erro trágico. Da Grã-Bretanha a Portugal. As consequências estão à vista. É altura de mudarmos de vida.

3 comentários:

  1. A terceira via não é uma conjugação de capitalismo e socialismo, numa espécie de síntese hegeliana. É mais simples e patético do que isso: o defender de uma terceira via é nada mais nada menos do que dizer implicitamente que já não existe uma segunda via.

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  2. A julgar pelo discurso do PR Cavaco Silva, de que se depreende “não ter nada a ver com isto”, a Terceira Via não augura nada de bom: reformas baixas (certamente para a grande maioria), pobreza, desigualdade galopante, taxas de juro a crescer.

    Parece-me que a Terceira Via é um equívoco completo, uma indefinição, não se percebendo se é uma esquerda travestida de direita, ou vice-versa.
    A parceria Estado/sector privado é uma das suas bandeiras, cujos resultados estão à vista. A reforma dum Estado que cada vez se mostra mais frouxo, faz-nos desconfiar deste romance com algum sector privado- grandes obras públicas, saúde. A facilidade com que agora, muitos sectores do Estado podem adquirir ou encomendar serviços de forma discricionária, levanta muitas dúvidas. A regulação (ou ausência dela) de certas actividades económicas mostra também que nem o Estado é forte, nem o mercado funciona.

    Não será a Terceira Via a criação de um Estado-faz-de-conta? Alberto Martins e o seu PS acham que não!

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  3. Mas quem é que diz a este senhor que a parvoeira tem limites.
    É que,assim como a chamada terceira via de Blair era e sempre foi uma burla e um autentico embuste, também o PS, com gente deste calibre, se tornou o partido da burla e do embuste (politicamente falando claro !).
    Por isso, já não há pachorra para aturar esta gente dita socialista que,quando no poder logo tratam de aplicar a sua miseravel politica de direita( a tal aberração da chamada 3ª via).
    Tenha juizo sr alberto martins.

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