Um grupo de economistas e de ambientalistas britânicos, que inclui Larry Elliott, editor de economia do The Guardian, e Ann Pettifor, uma economista que há muito tempo vem denunciando a insustentabilidade socioeconómica do desigual e financeirizado modelo anglo-saxónico de capitalismo, apresentou ontem um ambicioso programa de reformas para fazer face à crise financeira, às alterações climáticas e à subida dos preços da energia. Defendem que é preciso forjar uma «aliança entre ambientalistas, sectores económicos agrícolas e industriais e sindicatos para colocar os interesses da economia real acima dos interesses da finança». De facto, só um esforço político de grande fôlego, na linha de um New Deal reinventado, pode salvar hoje a situação. Investimentos maciços para gerar novos «empregos verdes», reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e assegurar a emergência de um modelo ecologicamente mais sustentável e com um sector financeiro mais regulado e menos especulativo. Está tudo ligado. Keynesianismo ecológico.
Um pouco por todo o lado multiplicam-se as propostas para a mudança de modelo económico. Vejam este artigo que saiu ontem no Financial Times. Helena Garrido tem toda a razão: os EUA adoram Keynes em tempos de crise. Só a UE é que está construída como «um daqueles países em vias desenvolvimento a quem o FMI costuma impor um dos seus rígidos programas de estabilização (. . .) sob a tutela de um grupo de funcionários não eleitos» (Andrea Boltho da Universidade de Oxford). É pena. O projecto europeu e as economias nacionais estão a pagar um preço elevado por uma ortodoxia sem sentido.
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ResponderEliminar"Soluções" do tipo biocombustíveis?, será isso? Os socialistas são sempre muito bons a virar o bico ao prego e a reinventar-se após cada colapso das suas experiências. Vão tentar até quando?
ResponderEliminarÉ isso cmf. Vale mais deixar de tentar e deixar ir tudo pelo caminho que leva, que é lindo.
ResponderEliminarOs políticos ultraliberais e muitos economistas mainstream têm-se empenhado durante muitos anos na tarefa árdua de "matar" Keynes. No entanto, basta ler os principais textos do génio britânico(e o dos seus mais ilustres seguidores) para perceber que o que ele dizia mantém-se 100% actual. Concordo inteiramente que a ortodoxia ultraliberal das actuais instituições da UE e também do FMI e OMC está a criar um ambiente económico insustentável.
ResponderEliminarO desespero de grande parte dos comentadores neoliberais, desde os que têm grande visibilidade mediática até aos comentadores de blogue, é o indício mais claro de que o ciclo ideológico está a mudar. Outro sinal é dado pelos animais políticos, como os canários nas minas de carvão: ontem ouvi Paulo Portas a atacar o sector financeiro por andar a aliciar pessoas vulneráveis, exigindo a intervenção do Estado! Em termos de mensagem é difícil contradizer mais os pilares ideológicos do neoliberalismo: mercado livre da ausência reguladora do Estado e "responsabilidade pessoal". Deve haver muito anarco-liberal a sentir-se partidariamente orfão por aí...
ResponderEliminarCmf,
ResponderEliminarnão creio que o socialismo se tenha reinventado mais que qualquer outra ideologia (tente confrontá-las). E é claro que mudou muito no último século e meio, mas não mais que os problemas do mundo. Um dia alguém disse que "num mundo que anda à roda precisamos de correr para ficar no mesmo lugar", portanto precisamos de mudar para permanecermos iguais a nós mesmos, como aliás já ensinava Buda.
"A coerência é a virtude dos imbecis" (Oscar Wilde)
Por último, tenho de acrescentar que este colapso em nada se deve ao socialismo, talvez pelo contrário, e se alguém tem necessidade de se reencontrar é a direita e os seus modelos económicos.