Alfredo Bruto da Costa é um dos mais destacados investigadores dos problemas socioeconómicos em Portugal e está prestes a publicar um importante estudo sobre a pobreza. As conclusões não são brilhantes. A entrevista que deu a António Marujo do Público é de leitura obrigatória. Identifica de uma forma clara e certeira os principais problemas com que o país está confrontado e a melhor forma de os resolver. Na melhor tradição da economia política. Voltaremos a isto com mais tempo. Por agora ficam algumas citações:
«Se não há mudança social, não pode haver erradicação da pobreza. Se os programas não tocam no resto da sociedade, tentam resolver a pobreza dentro do universo da pobreza, mas não estão a resolver as causas».
«A outra parte - os pobres que estão empregados, por conta própria ou por conta de outrem - não se resolve com política social, é um problema económico».
«O que importa que o capital esteja disseminado quando quem continua a mandar são os grandes? A democratização do capital deve ser também a democratização da empresa».
«Num mercado economicamente liberal, temos que saber se é possível alguma vez termos pleno emprego. Eu tenho dúvidas».
«Por definição: se tenho um problema de repartição primária (o dos salários), ele resolve-se por via da política económica».
Argumento circular: "a pobreza é um problema que se resolve tomando medidas para erradicar a pobreza. A erradicação da pobreza é desejável.. porque sim. A prova disso é que o ABC defende esta tese, e ele é brilhante porque eu digo que sim. Tem de haver uma mudança social em que se erradica a pobreza.
ResponderEliminarPor fim, quem tem dinheiro e não partilha destes meus valores tem de pagar a erradicação da pobreza acima descrita.
Acho que o Sousa não fez a análise correcta ou não leu a entrevista com atenção. Em nenhures se diz que a pobreza se resolve apenas atacando a pobreza. Diz-se que se resolve alargando os salários e diversificando as receitas (o qual é atacar a pobreza) mas também se diz que as medidas que só se centraram na pobreza não foram ajeitadas. A superação do problema pode vir também da elevação do nível de instrução das camadas menos favorecidas, isso também não é nenhum descobrimento, e pelo dito isso não se fez com bem em Portugal, mas nem assim noutros países que também basearam o seu sistema educativo e de promoção no modelo da família média.
ResponderEliminarÉ escusado aplicar-se na forma. O argumento permanece circular. Já o autor do post assim disfarça a ausência de casualidade com uma redacção pomposa, e apelos à autoridade.
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ResponderEliminarA campanha de desculpabilização está em curso.
ResponderEliminarHoje a Antena 1 passou a manhã a anunciar a antena aberta com a seguinte pérola "apesar do esforço de sucessivos governos a pobreza continua a aumentar" mas porque será que existe gente tão burra a trabalhar na Rádio Nacional?
Está claro que não ouvi a antena aberta e passei para outra rádio que não estivesse a passar 'spots' do 'SNI' (Serviço Nacional de Informação vulgo propaganda).
Será que este mentecaptos se estavam a referir às esmolas que vão sendo atribuidas pelos Governos? Á brilhante politica de precariedade empregos de miséria, apoios para os grande grupo económicos, bancos e combustíveis, fomento do capitalismo mais feroz, é que não se devem estar a referir.
A campanha também teve divulgação no editorial do Diário de Noticias.
A maior desculpabilização é a que se faz das próprias pessoas que nada fazem para tomar o seu destino em mãos. Ironicamente neste blog culpa-se aqueles que para além da sua vida, responsabilizam-se (coercivamente ou não) pelo bem estar dos outros.
ResponderEliminar“Fatalismo, má sorte, preguiça dos pobres…tem que se esclarecer a opinião pública sobre as verdadeiras causas da pobreza”
ResponderEliminarUma entrevista com muito interesse de ABC!
A pobreza mais parece uma doença endémica que atravessou muitas gerações, talvez de uma mutação genética ocorrida na população da West Coast…
E as gerações mais novas já terão “hipoteca” a pagar: não só múltiplas concessões futuras, como no presente, o conforto, a segurança e o riquismo de supostas elites. Estranha felicidade!
Filipe
ResponderEliminarCreio que o A.B.C. defende que ninguém deve estar condenado à pobreza e que a sociedade deve ser organizada neste sentido.
Se não se partir desse princípio, tudo o resto pode deixar de ter fundamento. Mas nesse caso onde é que o Filipe colocaria as bases da sociedade?
A condenação à pobreza pressupõe uma privação dos bens. Privação coerciva que você decerto defende, e eu não.
ResponderEliminarDiga-me que acções tomei eu no sentido de privar alguém de seja o que for. Ou que o privei de prestar ajuda a alguém.
"Tomar o seu destino em mãos" é giro, ... autonomia e tal ... mas queria vê-lo tão brioso e galhardo se tivesse o azar de ter bascido numa barraca e de pais semi-analfabetos, num país onde o estado (ou seja, nós todos) só muito deficitariamente cumpre a sua obrigação moral de minorar os factores de desigualdade natural e social. Mas claro que este ponto de vista só faz sentido para quem ainda atribui (coisa que já não se USA) sentido e valor a ideias como a de solidariedade ou justiça. Quem aspira apenas a ser um tubarãozinho nas guerras sociais, quer mais é que os outros se fodam, que vão morrer longe, para não lhe estragarem a digestão da lampreia. Antigamente as elites económicas ainda tinham algum pudor em assumir às claras esta filosofia do egoismo tubaronesco; exploravam o trabalho dos outros sem sentimentos de culpa, mas também sem especial orgulho. Hoje, com a pseudo-filosofia do liberalismo convertida em dogma jornalístico, o tubarão médio não só está livre de sentimentos de culpa, como ainda se acha com direito a uma medalha por fair-play.
ResponderEliminarqueria vê-lo tão brioso e galhardo se tivesse o azar de ter bascido numa barraca e de pais semi-analfabetos
ResponderEliminarEu ao contrário de si, não desejo que essas pessoas tenham filhos para que os outros, sem culpa da irresponsabilidade alheia, os tenham de sustentar. Nada o impede a si de o fazer. Mas não enterre os outros consigo. Esses querem viver.
É evidente, eles que não tivessem nascido (e o mesmo para os seus pais e para os pais dos seus pais), ou então, se queriam mesmo nascer, que tivessem tido a sageza de o fazer em sociedades onde se preza a dignidade humana. Mas não, insistiram em nascer num país onde cada vez mais se confunde a desigualdade como uma lei divina, pois que paguem agora as consequências. Para a próxima já sabem...
ResponderEliminarPor outro lado, convenhamos que dá sempre jeito ter uma legião de indigentes disposta (que remédio) a trabalhar por um salário de escravo. Pelo que afinal se calhar até fizeram bem em ter nascido por cá... Olhem, nem sei... Isto é tudo tão complicado... O melhor é não pensar no assunto...
Filipe
ResponderEliminarNão esclarece quais devem ser as regras da sociedade, embora pareça defender que os pobres não devem sequer ter filhos. Ora uma sociedade com esse ponto de vista chegaria rapidamente às maiores barbáries.
Eu não faço considerações sobre os filhos que os outros devem ter. Como não faço sobre a responsabilidade dos outros em sustentar os meus. Mas isso porque tenho como valores não agredir nem coagir. Já o CA nem por isso.
ResponderEliminarFilipe
ResponderEliminarSe não agredir nem coagir não consegue manter a propriedade privada nem nenhuma organização humana. Logo não é viável defender nenhuma estruturação de sociedades humanas sem coacção. A questão depois é saber quais as regras que tornam a coação legítima.
Defender a propriedade é diferente de coagir alguém a não comer. Confusões típicas de pessoas de esquerda.
ResponderEliminarSe uma pessoa tira partido da fraqueza de outra, está a agredi-la, mesmo que essa agressão seja legitimada pelo código penal (que nada tem a ver com código moral); se uma pessoa se aproveita da fraqueza de outra, está a coagi-la, mesmo que essa coacção não seja sancionada pelo código penal (que é diferente de código moral); se uma pessoa se apropria do bolo de outra, está a condená-la a comer menos, ou nada, ainda que essa apropriação seja exaltada pelo código penal (que nada tem a ver com código moral).
ResponderEliminarQuanto ao valor da liberdade, só faz sentido se não for propriedade e monopólio de uma minoria. Uma liberdade a que só alguns têm direito é uma liberdade, em todos os sentidos, empobrecedora.
Mas como a "filosofia" liberal cabe inteirinha no adágio "com o mal dos outros posso eu bem", suponho que nada disto tenha a mínima importância para o jovem filipe melo sousa...
Tirar proveito não constitui agressão alguma. Se esse proveito causa incómodo, bom a inveja é um problema alheio.
ResponderEliminarNão se deve cuspir no prato em que se come, ou seja: associar-se livremente com os ditos "fortes" para proveito pessoal, para mais tarde clamar que o contrato é injusto e coagi-los por bruta força da maioria a ter uma fatia maior que aquela livremente acordada.
"com o mal dos outros posso eu bem"
Subscrevo, a 100%.
óptimo. Espero é que tenhas isso tatuado na testa, para que, no dia em que bateres numa árvore, nenhum desses "outros" se sinta obrigado a gastar a bateria do telemóvel para te chamar o 112.
ResponderEliminarToda essa amargura só lhe fica mal. O que ganha em desejar algo de mal aos outros? É bem típico deste país rogar pragas de toda a espécie quando se tem inveja.
ResponderEliminarTem de rever esses seus valores. Pretende ter uma moral muito nobre, mas deseja tudo de pior a quem não a subscreva.
ResponderEliminarConfirma-se afinal que os meus valores morais são melhores: afinal, eu não desejo mal a ninguém.
Pior que isto só quando a bomba atómica cai... Aqueles que não forem evaporados pela explosão, poderão ficar cegos pelo clarão ou pela poeira, a água do próprio corpo evapora dando a sensação imediata de sede levando à procura de saciá-la, alterando instantaneamente a pressão arterial, causando hemorragias internas... Instintos substituem todo o uso da razão, humanos agem como baratas tontas, a visão enevoa-se, pele e órgãos internos crepitam de radiação, carne desprega-se dos ossos com fricção, multidões espezinham-se, a pouca audição possível fica reservada a mistos de gritos e choros, atirando-se a fontes e cursos de água restante para morrer por afogamento, esmagamento ou ingestão hídrica, formando um mar vermelho de corpos amontoados espalhados, uma nova terra proibida cuja visita pode envenenar gerações inteiras, um cenário desolador desconhecido em Portugal... Muitos chegando a hospitais recebem a extrema-unção em poucas horas, mal aquecendo a cama para outros... Sobreviventes contaminados gerarão filhos com deformações desafiando classificações anatómicas conhecidas à nascença! Nados-mortos, abortos, suicídios, eutanásia tornam-se vivências comuns... Um apelo!
ResponderEliminarNeste país não há opções! Votar é um acto deprimente... Quem vai ganhar? A cantiga centrista do PS ou do PSD?... Qualquer um deve estar consciente de que mudança depende de diferença, sucede que no mapa político nacional não há um historial de opções diversificadas! Há no quotidiano alguma vontade de exigir ideias novas, mas na prática o grosso dos políticos no activo têm mais de 50 anos e não apresentam nada de novo... Estranho!?... Na política falta gente com outro modo de pensar e agir: cientistas, engenheiros, matemáticos... De advogados, economistas e professores já estamos fartos!... Quando estiverem num serviço público, ou a pagar algo caro por excesso de taxa de impostos, ou desempregados e a ver o ridículo da actividade de quem atende e iniciou ou subiu na carreira sem ninguém saber como, olhem para trás e pensem quantas vezes já passaram por isso e se é tão bom querer mais!... Portugal precisa de voto consciente, não é a mentalidade de zombie a repetir siglas que vai trazer progresso... Há ideias que ninguém discute, ninguém ouve! Quem corta a iniciativa, corta as próprias pernas!
ResponderEliminarSe os carros da polícia param, este país vai precisar de quem lhe pegue a ferro e fogo!... Não me surpreende, a curto prazo, encontrar igrejas e viaturas queimadas ou baleadas, actos passíveis de pedofilia, lenocínio ou consumo de estupefacientes nas escolas, ameaças e agressões em grupo a professores, pais e funcionários, cães vadios imolados, ratos esfolados no pão, cadáveres de sem-abrigo empilhados no interior de recintos escolares, crianças de lábios grudados amarradas a árvores, incêndios em área urbana circundante, padres banhados em lixo, adolescentes com madeixas arrancadas, facadas anónimas, adeptos enforcados com o próprio cachecol, edifícios espelhados pintados ou quebrados, dejectos abandonados frente a instituições públicas, assaltos no metro em pleno dia, pares de agentes policiais dominados e abatidos com a própria arma, viagens de táxi pagas a murro e a martelo, tudo colmatado com o voto de silêncio de gangues organizados de jovens endoutrinados amargurados com o sistema… Calma Portugal!
ResponderEliminarQual praga qual carapuça. Estou apenas a dizer que quem "subscreve a 100%" que "vive bem com o mal dos outros", não pode esperar que os outros se dêem ao trabalho de o tirar de um poço se por acaso lá cair. A coerência acima de tudo, ou não?
ResponderEliminarE inveja é coisa que não tenho. De nada nem de ninguém. Levo exactamente a vida que quero. Não tenho patrões nem empregados. Se fosse mais feliz rebentava. Mas isso não me cega para o mal dos outros. Capice?
ResponderEliminarSe todo dinheiro que é produzido é repassado para população com juros, logo o dinheiro para se pagar esse juros não existe. E isso torna a pobreza inevitável, independente do caráter moral ou esforço para sair dessa condição muitas pessoas serão pobres simplesmente por viver nesse sistema. É como a dança das cadeiras alguém sempre acaba fora.
ResponderEliminarIsso explica as altas e as quedas da "economia" , a chamada "crise".Quando uma grande quantia de dinheiro é simplesmente roubada da população através de juros e impostos,mas logo depois a crise se acaba com a criação de dinheiro do nada feito pelo Banco Central,que repassado novamente com juros.Ou seja sustentar esse sistema é sustentar a pobreza independente de sua moral.Por isso sem uma mudança social a pobreza nunca acabara.