segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Haja luz e esperança


«Estive na primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington no contexto da crise financeira de 2008. Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior.
Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada. Os fenómenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta. As desigualdades sociais, raciais e de género se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas.
Segundo a FAO, em 2024, convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome. São mulheres, homens e crianças, cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados. Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Em um mundo cujos gastos militares chegam a 2,4 trilhões de dólares, isso é inaceitável.
A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais. A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, “a fome é a expressão biológica dos males sociais”. É produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade.
O G20 representa 85% dos 110 trilhões de dólares do PIB mundial. Também responde por 75% dos 32 trilhões de dólares do comércio de bens e serviços e dois terços dos 8 bilhões de habitantes do planeta. Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade.
Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Este será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz
».

Do discurso de abertura proferido por Lula da Silva, no início da Cimeira do G20, no Rio de Janeiro.

3 comentários:

Anónimo disse...

Discurso de miss Universo. E a solução parece ser o taxar os ricos, que o milagre acontece, fazendo por escamotear as culpas dos governos. E se as há.

L. Rodrigues disse...

A maior culpa dos governos é não "taxarem os ricos". A acumulação de riqueza a que se assiste hoje em dia não tem paralelo histórico. Gostaria se saber qual é a filosofia moral que determina que o povo é para explorar até ao tutano, mas a posição de um rico é intocável.

Lowlander disse...

L.Rodrigues,
O John Kenneth Galbraith respondeu a essa pergunta:"The accepted camouflage holds that the rich aren't working because they have too little money and the poor aren't working because they have too much. Ronald Reagan dreamed public welfare would be replaced by private contributions. Anyone who'll believe that will believe anything."

E assim estamos... a sonsa direita pseudo-intelectual portuguesa regurgita em 2024 slogans economicos que em 1983 ja eram risiveis.
Mas o Lula e que e a miss Universo porque disse que o rei vai nu.

Que fazer (?) como diria Lenine...