sábado, 23 de fevereiro de 2019
O euro do nosso descontentamento
“Em vinte anos, o euro trouxe prosperidade e proteção aos nossos cidadãos”, declarou Jean-Claude Juncker. O presidente da Comissão Europeia também disse um dia que a mentira é necessária quando as coisas ficam difíceis. As coisas ficaram difíceis nestes vinte anos. E daí que a mentira se tenha tornado necessária também em Portugal.
Afinal de contas, como defender uma moeda, associada por cá a uma combinação única: duas décadas de estagnação e de divergência, com uma quebra brutal do investimento, com uma taxa de desemprego que chegou a ser o dobro do máximo histórico antes do euro e com uma dívida externa líquida que é das mais elevadas, em percentagem do PIB, a nível mundial?
A mentira é necessária: a culpa não é do euro, a culpa é da ausência de reformas. A verdade é que a responsabilidade de aderir, sem debate, a uma moeda estruturalmente demasiado forte para a nossa economia pertenceu a uma elite económico-política. Quem prescindiu de instrumentos de política monetária e cambial, tinha já aceite a abolição dos controlos de capitais, a perda de instrumentos de política comercial e industrial, em nome do mercado único, a privatização de grande parte da banca ou os critérios de convergência nominal. Estes últimos incluíam regras de constrangimento orçamental, sem qualquer ancoragem numa teoria económica sã, capaz de reconhecer que os défices orçamentais e a dívida pública são variáveis fundamentalmente endógenas, dependentes do andamento de uma economia que, por sua vez, podem estabilizar e dinamizar.
Portugal e os outros países foram trancados numa moeda desenhada em função dos interesses da Alemanha, em especial do seu capital financeiro, bancário e industrial. Com uma inflação estruturalmente mais baixa e impondo uma compressão dos salários, a Alemanha apostou num comportamento nada cooperativo de obtenção de superavits externos. A outra face da moeda, foram anos de acumulação de défices de balança corrente. Os défices de balança corrente traduziram-se, necessariamente, num endividamento crescente em euros, ou seja, em moeda estrangeira. Num contexto de liberalização financeira, que já vinha dos anos noventa, os bancos nacionais aproveitaram o acesso ao mercado interbancário em euros para expandir a sua atividade, canalizando crédito para tudo menos para investimento produtivo. Os bancos dos países centrais, de forma direta ou indireta, envolveram-se nas endividadas periferias.
E depois chegou a crise financeira transatlântica de 2007-2008, só com precedentes na Grande Depressão, outro período de grande desigualdade e de grande confiança no liberalismo económico. Os mercados financeiros passaram a desconfiar dos países altamente endividados em moeda que não controlavam politicamente. O que era na realidade uma crise de competitividade, de balança de pagamentos, foi transformada num problema de dívida pública, já que foi pelo financiamento mais difícil e caro dos défices orçamentais crescentes, devido à crise, que a turbulência se manifestou na periferia europeia. Montou-se então um grande programa de socialização das perdas dos bancos do centro europeu. Nasciam as troikas.
O euro revelava a sua natureza. Em países que prescindiram de instrumentos de política económica, quem paga o ajustamento são os salários diretos e indiretos, o Estado social e as regras laborais que protegem quem trabalha. Para a sabedoria convencional “reformas” são sinónimo de transferências sistemáticas de rendimentos do trabalho para o capital, como aconteceu durante a Troika. Entretanto, centenas de milhares de concidadãos votaram com os pés, emigrando. O país vendeu ativos estratégicos a preço de saldo. Muita capacidade produtiva foi destruída por uma austeridade contraproducente.
A significativa atenuação da austeridade e as ações do BCE permitiram uma lenta e periclitante recuperação. O país reinventou-se: uma espécie de Florida da Europa, na base do turismo e de muito trabalho precário e relativamente barato, descobrindo que o imobiliário é um bem transacionável à boleia de uma bolha. As reformas do euro reforçaram a perda de soberania orçamental, sem resolverem os problemas de fundo. A chamada União Bancária serviu para aplicar o princípio “vocês, portugueses, pagam, nós, no centro político europeu, dizemos o que se faz”: a banca estrangeira manda cada vez mais. Entretanto, a Zona Euro exporta instabilidade para o sistema internacional, agora que os défices das periferias europeias desapareceram, sem que se atenuassem os superavits do centro. Trump aí está, de dedo apontado à Alemanha. O euro foi e será fator de instabilidade, de divisão e de desproteção. É preciso acabar com esta experiência.
Artigo publicado na Revista Exame sobre os vinte anos do euro.
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36 comentários:
De Eugénio Rosa:
"Um outro aspeto a salientar é a estabilidade dos preços que a existência do euro deu, uma questão vital mesmo para as classes de baixos rendimentos e também para os detentores de pequenas poupanças que são aqueles que mais sofrem, por terem menos poder negocial, em situações de inflação elevada como Portugal viveu em vários anos antes de existir o euro.
Este é um aspeto que muitas vezes não é valorizado nas análises das consequências do abandono do euro, até porque muitos dos analistas não viveram esses períodos ou, se viveram, tinham poder para contornar a “ilusão monetária” que “comia” salários, pensões e pequenas poupanças sem que os atingidos compreendessem com clareza como isso acontecia.
"É importante recordar que Portugal, antes da entrada na Zona do euro, era detentor da “soberania monetária” mas isso não impediu, depois do 25 de Abril, por duas vezes (1977 e 1983), intervenções do FMI (a “troika” da altura) com consequências dramáticas para os trabalhadores, reformados e também para o país.
A “soberania monetária”, ou seja, a capacidade de criar moeda própria, de que muitos falam e consideram o remédio para todos os males do país é, sem dúvida, um bem precioso, um símbolo e instrumento de independência nacional, mas não resolve por si mesmo todos os grandes problemas do país. É importante não esquecer a história económica recente portuguesa."
in: https://criticaeconomica.net
Agora diga lá como se acaba com a experiência sem se destruir uma parte significativa das poupanças nacionais e sem se levar à falência um número significativo de empresas, cuja dívida está provavelmente ancorada ao Euro, com o desemprego subsequente.
É pior que o argumento 'ad terrorem', sabe. Não se trata apenas de assumir as consequências trata-se, isso sim, de dizer como nos vamos precaver delas ou ao menos de as mitigar...
Seria de esperar que quem critica e com razão a experiência dissesse igualmente quais os passos necessários para curar o paciente. Um médico que acerta no diagnóstico mas não providencia remédios (ou recomenda uma boa sangria que ainda por cima não assume) não vale rigorosamente nada.
A grande tragédia da Esquerda é que nos propõe um modelo alternativo ao Capitalismo que ainda funciona pior do que ele (ou não funciona de todo), como o exemplo da Venezuela bem nos mostra. Chavéz e Maduro pegaram num sistema corrupto e transformaram-no num sistema ainda mais corrupto, onde naturalmente os corruptos são outros e onde, em vez de acabarem com a pobreza, instauraram uma igualdade onde todos são pobres num País riquíssimo...
Algo me diz que você, João Rodrigues, vai perder a parada. Como de costume, aliás...
"Em vinte anos, o euro trouxe prosperidade e proteção aos nossos cidadãos”, Jean-Claude Juncker refere-se só aos seus amigos, claro.
"... Quem prescindiu de instrumentos de política monetária e cambial ...".
Os políticos que prescindiram de ter e de governar, via moeda nacional, os seus Países -a moeda é um dos, senão o mais poderoso intrumento de poder político de um País- não prescidiram de continuar a se proclamar de "Primeiro Ministro" ou equivalente títulos. Ridículo.
No caso português melhor se ajustaria o título de "Administrador da massa falída" por conta dos credores. Afinal mesmo sem "troica" a dívida presiste e, consequentemente, a supervisão externa prosseguirá com a sua real soberania.
Artigo sucinto, claro, que subscrevo apenas com uma falha, esquecer quem nos vendeu o el dorado do pelotão da frente.
Só mais um reparo, não podemos esquecer que nós (cada um de nós) também se endividou sem ter uma arma apontada á cabeça, não que seja desculpa mas convém lembrar.
WW
Engraçado que na Venezuela há soberania monetária, e passam fome. Portugal estava melhor antes do Euro? Não, nao estava!
O gráfico apresenta o Salário Mínimo Nacional mensal a preços constantes (IPC), desde 1974 até 2016. De salientar que o índice que aqui se usa para calcular o Salário Mínimo a preços constantes, ou seja, descontando a inflação, tratando-se assim do poder de compra real desses assalariados, não se trata do índice que mede o PIB, mas o Índice de Preços no Consumidor (IPC) que considera os serviços, produtos e bens de consumo que a grande maioria dessas pessoas utiliza e consome. A seguir à revolução de Abril e com a introdução de um salário mínimo, considerado por muitos, demasiado elevado para a capacidade económica e industrial do país de então, denota-se que houve um acerto desse valor, levado a cabo pela desvalorização cambial, imposta pelo FMI das duas vezes que esteve em Portugal por essa altura. O que é mais interessante de observar, é que na terceira intervenção do FMI em 2011, não só o decréscimo do valor real do salário mínimo foi residual, como foi muito inferior ao das intervenções precedentes. O valor que o salário mínimo real tem em 2017 (€535, acerto IPC, base 2011), é 26 porcento superior ao valor real que tinha em 2002 (€424, acerto IPC, base 2011), data da entrada na moeda única; já o salário mínimo real em 2002 (€424), data da entrada na moeda única, é 21 porcento inferiorao valor real que tinha em 1975 (€535, IPC, base 2011). E qual a diferença entre estes dois períodos? A divisa!
Sempre que foi necessário fazer equilíbrio das contas externas ou das contas públicas, que o país, quer por opção própria, quer por imposição dos credores, usou o mecanismo monetário para desvalorizar a moeda, tornando assim a nossa economia mais competitiva para com o exterior, melhorando por conseguinte os indicadores da indústria e do patronato exportadores. Não esquecer que a soberania monetária é um excelente estabilizador automático para fazer recuperar a competitividade de uma economia. Mas esses ganhos de competitividade foram sempre alcançados com a desvalorização cambial e com a consequente perda de poder de compra da classe média e das classes menos favorecidas, em relação ao exterior. Eu não nego que a soberania monetária não traga vantagens económicas ao potencial de crescimento. Todavia fico perplexo com alguns economistas, pois àquilo que denominam de "instrumentos para regular a balança de pagamentos", chama-se de facto empobrecimento externo. São eufemismos políticos, tais e quais os mesmos, que Pedro Passos Coelho utilizava, quando denominava de "políticas de ajustamento orçamental", o corte de salários e de pensões. E ao contrário do que referem muitos, não se trata apenas de automóveis provindos da Alemanha, vai de coisas tão banais como telemóveis, máquinas de barbear, autocarros, comboios, aviões da TAP, equipamento médico, medicamentos dos hospitais, lâmpadas, frigoríficos, máquinas de lavar roupa e toda uma série de produtos e serviços que hoje consideramos banais para nos providenciar qualidade de vida. Há outros produtos que diria que são mesmo essenciais, como equipamento médico ou medicamentos. Obviamente que todos estes produtos não nos são dados, precisamos de exportar produtos nossos, para os poder adquirir, e diria que precisamos de exportar milhares de rolhas e de litros de vinho, para poder importar um único Mercedes. Todavia há outro mecanismo para evitar a importação de automóveis e combustíveis, que perfazem 1/4 das nossas importações de bens, mecanismo esses muito usado em países como Holanda ou Dinamarca, sendo que esse mecanismo é também um excelente estabilizador automático. Esse mecanismo é a fiscalidade.
Reparemos em acréscimo, que o grande capital já tem os seus ativos financeiros no estrangeiro, numa moeda que lhe confere confiança e previsibilidade. E mesmo os ativos financeiros que tem em Portugal, perante uma redenominação da divisa, poderia transferi-los imediatamente para outros países que não saíssem do Euro, tal como fez o grande capital grego durante a crise das dívidas soberanas. Ademais, o grande capital, após uma transição para o Escudo, e depois de ter os seus euros assegurados no estrangeiro, o que faria certamente, seria após a desvalorização do Escudo, voltar a reconverter os euros em escudos, lucrando assim de forma especulativa como nunca antes visto com as flutuações cambiais. Não esquecer ainda que a moeda única findou na Eurozona com uma certa classe de parasitas financeiros, fenómeno que hoje deixámos de dar valor, neste caso, os cambistas. Os cambistas são aquele grupo de indivíduos, que sem propriamente produzirem nada de tangível, lucram apenas com a conversão das divisas. Sair do Euro, seria novamente voltar a dar de ganhar a essa classe de parasitas, dentro da Eurozona, tal como a afamada Western Union, que ganha milhões anualmente apenas nas taxas de conversão das moedas.
É evidente que a riqueza ou pobreza das nações não reside nas cotações das dividas, que são uma consequência, mas sim na capacidade de produzir mercadorias e serviços que sejam atrativas para outros países. Ou seja, ninguém fica mais rico ou mais pobre apenas por mudar de métrica, neste caso, a divisa que mensura a referida riqueza. Se no cômputo geral a riqueza do país não se altera em função da divisa, tal já não é verdade com referência à sua distribuição. Não nos podemos esquecer, que os assalariados, classe média e pensionistas têm um determinado valor de rendimentos fixos e previsíveis, quer do estado sob diversas formas, quer do patronato; assim como ativos financeiros nos bancos como por exemplo poupanças, que estão cotados em euros. Converter para uma moeda que desvalorizaria de imediato, significaria o empobrecimento da classe média e proletária em relação ao exterior, em benefício do patronato que exporta e das contas públicas. De facto, sair do Euro e mudar para um Escudo que deprecie, significa uma transferência de riqueza da classe média para o patronato, em nome de contas externas equilibradas e da competitividade da nossa economia nos mercados internacionais. Conclui-se que os dados da inflação, do valor do salário mínimo nacional e da distribuição da riqueza entre o grande capital e os assalariados, não deixam quaisquer dúvidas. Se juntarmos a estes factos que o grande capital tem os seus ativos financeiros no estrangeiro, o princípio axiomático que qualquer pessoa de esquerda não pode jamais olvidar é muito simples: sair do Euro, para uma moeda que desvalorize, significaria obrigatoriamente uma transferência de riqueza da classe média para o grande capital.
Aónio, acho que não percebeu o fundamental,é que não é uma questão de Esquerda nem de Venezuela nem outra ficção qualquer, o Euro está na iminência de cair por vontade das grandes potências como Itália ou França, depois francamente o seu argumento de transferência de riquezas da classe media para o capital é completamente estapafúrdio...
E aqui por sinal toda a elite portuguesa está perdida, perderam todos a noção das realidades geopolíticos ao mesmo tempo que se congratulam do seu passado de conquistas, curioso pais o nosso...
HA-HA-HA-HA-HA-HA-HA!
Que é isto? Apocalipse zombie? O retorno dos mortos-vivos? O congresso dos euroínámanos nas caixas de comentários dos LdB?
LOL
Só faltava mesmo o intruja do Aónio Eliphis com os mesmos argumentos estafados e repetidamente demonstrados como falsos. Alguém vá à cave, ao arquivo morto, buscar as armas argumentativas para se exterminar esta praga de má economia.
Só por uma questão de higiene intelectual...
Como a ladaínha é copy-paste repetitiva não merece resposta de neurónios que se prezem.
S.T.
Há uma certa ironia em um país, antiga potência colonizadora como Portugal, ser vítima de elites incultas e subservientes que desempenham o papel dos "assimilados" de outrora.
Quanto mais não seja por vergonha do papel ignóbil que desempenham, deveriam rever os pressupostos das suas viciosas teorias.
Qualquer tentativa de reparar um erro crasso como a adesão ao euro passa pelo assumir claramente o dito erro e propôr no mínimo formas de o mitigar. Alijar essa responsabilidade nos críticos é sinal evidente de incompetência.
TPC:
Rever os conceitos de "elites compradoras" nos trabalhos de Acemoglu e Robinson. :)
Bónus link:
https://www.zerohedge.com/news/2019-01-01/steve-keen-exposes-delusional-leaders-eurozone
S.T.
Hoje 200% de acordo com o João Rodrigues.
Diz o Jaime Santos e passo a citar:"A grande tragédia da Esquerda é que nos propõe um modelo alternativo ao Capitalismo que ainda funciona pior do que ele (ou não funciona de todo), como o exemplo da Venezuela bem nos mostra. Chavéz e Maduro pegaram num sistema corrupto e transformaram-no num sistema ainda mais corrupto, onde naturalmente os corruptos são outros e onde, em vez de acabarem com a pobreza, instauraram uma igualdade onde todos são pobres num País riquíssimo...". Esta é também uma nossa pequenina tragédia: uma simplificação ignara da realidade, que uma simples cautelazinha de carácter empírico teria ajudado a compreender melhor nos seus contornos, complexidades e profundidade. O compromisso do aparelho mediático com a oposição veemente a qualquer experiência de exercício do poder de carácter soberano e popular, tem martelado a opinião pública portuguesa com uma parafernália de afirmações aso estilo Selecções do Redaer's Diggest dos anos quarenta e cinquenta do século passado. Mas que isso suceda no contexto das relações de produção capitalistas a cujas regras o negócio da comunicação social obedece e onde se inscreve, é coisa que não se aceitando se compreende. Agora que o Jaime Santos, que nos quer presentear a cada dia que passa com as suas análises cada vez mais fundamentadas e cristalinas, depois seja visto a banhar-se nessas águas imundas, é que é caso de citação: “m'espanto às vezes, outras m'avergonho”.
De Eugénio Rosa:
«A recuperação da soberania e, por essa via, dos instrumentos fundamentais de política macroeconómica não resolve de uma forma automática os grandes problemas estruturais que enfrenta atualmente o país, pois já tivemos esses instrumentos no passado e os problemas mantiveram-se. Cria apenas condições para isso.
Existem muitos países fora do euro com crescimento anémico (ex. Inglaterra, Suécia, Dinamarca).
Para além disso uma eventual saída do euro terá lugar num quadro muito mais difícil do que no passado.
Nunca tivemos um país, um Estado, empresas e famílias tão endividadas como atualmente, e nunca tivemos uma economia e uma sociedade tão dominado por grandes grupos económicos e financeiros estrangeiros como agora.
E não tínhamos no passado uma globalização capitalista dominante e uma tão grande concorrência internacional.
Como procuramos mostrar no nosso estudo anterior, a saída do euro, se abre possibilidades de crescimento económico e de desenvolvimento que não existem enquanto se mantiver o “Novo Memorando” que é o chamado “Tratado orçamental”, também coloca questões, que tornamos a enunciar no inicio deste estudo, que se não forem devidamente estudadas, debatidas e controladas poderão determinar, a nosso ver, custos muito elevados para o pais e para os portugueses, com reações muito grandes.»
Ah, o saudosismo salazarista da potência colonial de outrora! O ST defende desavergonhadamente o Salvini em Itália e agora revela a sua admiração saudosista pelo Portugal colonial.
E não passa pela cabeça de V Exa. a mera ideia, de que defendo o projecto da moeda única, por simples convicção político-ideológica? Como sabeis, sou assalariado na Holanda, e caso Portugal convertesse as suas divisas para uma nova divisa que depreciasse, eu ficaria mais rico numa semana sem fazer nada, do que em dez anos de trabalho. Mas a sua eurofobia crónica tolha-lhe a razão!
Está na iminência de cair? Quem o diz? Você? Ou são as "fontes imparciais e os links manhosos" do ST, que já aqui nos confessou que apenas navega na "dark net"? E mesmo que, na remota hipótese, se desintegre, acha mesmo que Holanda, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Áustria ou Finlândia não quererão uma moeda única, seja qual for o nome?
Errado. A desvalorização cambial apenas serviu para acentuar a maior riqueza dos países do centro, fortemente exportadores (caso da Alemanha). Os países com moeda fraca e sucessivamente desvalorizada, acentuar a sua pobreza, pois os salários componentes dos produtos exportados eram desvalorizados, ao mesmo tempo que os produtos importados valorizavam os seus salários. Assim não é por acaso que os países mais ricos eram sempre os que praticavam maiores salários e vice versa.
De Eugénio Rosa:
«A recuperação da soberania e, por essa via, dos instrumentos fundamentais de política macroeconómica não resolve de uma forma automática os grandes problemas estruturais que enfrenta atualmente o país, pois já tivemos esses instrumentos no passado e os problemas mantiveram-se.
Cria apenas condições para isso. Existem muitos países fora do euro com crescimento anémico (ex. Inglaterra, Suécia, Dinamarca).
Para além disso uma eventual saída do euro terá lugar num quadro muito mais difícil do que no passado. Nunca tivemos um país, um Estado, empresas e famílias tão endividadas como atualmente, e nunca tivemos uma economia e uma sociedade tão dominado por grandes grupos económicos e financeiros estrangeiros como agora.
E não tínhamos no passado uma globalização capitalista dominante e uma tão grande concorrência internacional.
Como procuramos mostrar no nosso estudo anterior, a saída do euro, se abre possibilidades de crescimento económico e de desenvolvimento que não existem enquanto se mantiver o “Novo Memorando” que é o chamado “Tratado orçamental”, também coloca questões, que tornamos a enunciar no inicio deste estudo, que se não forem devidamente estudadas, debatidas e controladas poderão determinar, a nosso ver, custos muito elevados para o pais e para os portugueses, com reações muito grandes.»
Seja bem-vindo caro A0ni0 Eliphis, estava cà a fazer falta para animar a malta!
Andava desaparecido, à tanto tempo q não aparecia que pensei que tinha emigrado para o Brasil do Bozonaro, que tem là uma demokra:CIA mêmo mêmo à sua medida, onde pode faltar comida, e falta, cada vez mais e para mais gente mas, quem tiver fome ou estiver doente, comida não vai ter, comprimidos também não, mas vai ter Balas gratis, mas afinal o seu problema era solidão pois bastou eu ter assinado, (por brincadeira) um comentario com o nickname " *Trafulha* " para o senhor renascer das cinzas e aparecer.
Eu até, se o desejar, lhe cedo o Nickname de *TRAFULHA* com imenso prazer, mais, até se sugiro que forme um *Blogue* com o *José, o Jaime Santos, Unabomber, o Ulisses de Oliveira e Santa Comba e até lhe sugiro, se assim o desejar, o Titulo do Blogue!
O desespero perene da esquerdalhada por não poderem tomar o papel de magos da manipulação monetária e política é angustiante de observar.
Recordo um chavão latino - coeteris paribus - muito usado em análise científica.
Uma coisa é certa, chegados à análise económica sempre o euro é destinado a variável mutante.
HOOÓ, sim, os meus links são muito manhosos... LOL
Tudo da "dark net"... Tenham meeeedo! Tenham muuuito meeeeedo! LOL É só prémios nobel, ex-governadores de bancos centrais, professores de prestigiadas universidades, ex (e presente) economistas-chefe do IMF/FMI, tudo ralé desqualificada para o sabichão das dúzias do Aónio Eliphis.
É espantoso como uma ignara criatura como este Aónio Eliphis rotula de "dark net" alguns dos melhores crânios do campo da economia, da finança, da sociologia e da história a nível mundial. Presunção não falta ao rapaz! LOL Um génio! ...A despontar para o anonimato.
S.T.
Quanto à vontade de alguns países de continuar com o euro, basta dar uma olhadela às taxas de cambio reais constantes de um relatório do IMF do ano passado para se perceber que até a Finlândia não está a salvo do dumping laboral alemão. Mas cada um lá sabe as linhas com que se cose, ou coze... :)
De facto isto é um exemplo do dilema da "boiled frog":
https://www.youtube.com/watch?v=1GwYyq0FUuo
Ora sai o linkezinho para o pessoal poder ver os bonecos:
https://voxeu.org/article/new-database-actual-and-equilibrium-exchange-rates
Ora vejam a tabela "Table 1 Currency misalignments" e digam-me se a Holanda e o Luxemburgo têm algum problema com o euro. É simples.
S.T.
Como se nós não o soubéssemos já...
"CEP study: Germany gains most from euro introduction"
"Estudo CEP: Alemanha é a que mais ganha com a introdução do euro"
https://www.dw.com/en/cep-study-germany-gains-most-from-euro-introduction/a-47675856
"Germany gained almost €1.9 trillion ($2.1 trillion) between 1999 and 2017 as a result of the euro's introduction, according to a report by the Centre for European Policy (CEP)."
"A Alemanha ganhou quase € 1,9 trilhão (US $ 2,1 trilhões) entre 1999 e 2017 como resultado da introdução do euro, de acordo com um relatório do Centro de Política Européia (CEP)."
.../...
"They found Germany and the Netherlands to be the only countries to have gained substantial benefits from the euro. In Germany during this two-decade time frame, the new currency created an additional €23,000 per inhabitant."
"Eles (os pesquisadores, N.deT.) descobriram que a Alemanha e a Holanda são os únicos países que ganharam benefícios substanciais através do euro. Na Alemanha, durante este período de duas décadas, a nova moeda criou um adicional de € 23.000 por habitante."
.../...
Portugal perdeu a bonita soma de 40 604€ por habitante com a "brincadeira" do euro de 1999 a 2017.
Ver infografia no artigo.
Estamos à espera do cheque da indemnização...
S.T.
Embora não seja novidade para os leitores assíduos dos LdB, mais umas frases significativas:
"Struggling to compete
One of the main reasons for the drop in prosperity was international competitiveness, according to the report.
Before the introduction of the euro, countries were able to devalue their currencies to make their exports cheaper on the world market.
This made them more competitive globally and was a tool used to pull countries out of economic difficulty.
"The problem of the divergent competitiveness of the Eurozone countries remains unsolved," the researchers Alessandro Gasparotti und Matthias Kullas wrote."
"Lutando para competir
Uma das principais razões para a queda da prosperidade foi a competitividade internacional, segundo o relatório.
Antes da introdução do euro, os países podiam desvalorizar suas moedas para tornar as suas exportações mais baratas no mercado mundial.
Isso tornava-os mais competitivos globalmente e era uma ferramenta usada para tirar os países de dificuldades econômicas.
"O problema da competitividade divergente dos países da zona do euro continua sem solução", escreveram os pesquisadores Alessandro Gasparotti e Matthias Kullas."
Bem, e se repararem na origem desta notícia, verão que provém das profundezas da "dark web":
Nada mais nada menos do que da Deutsche Welle. LOL
S.T.
Estudo completo aqui, em pdf:
https://www.cep.eu/fileadmin/user_upload/cep.eu/Studien/20_Jahre_Euro_-_Gewinner_und_Verlierer/cepStudy_20_years_Euro_-_Winners_and_Losers.pdf
"Conclusion: Portugal only benefited marginally from the euro in the first few years after its introduction. In subsequent years, the euro increasingly led to losses of prosperity. Aggregated, it has given rise to a drop in prosperity of € 424 billion overall or € 40,604 per capita. Only in France and Italy were the losses greater."
"Conclusão: Portugal apenas beneficiou marginalmente do euro nos primeiros anos após a sua introdução. Nos anos subsequentes, o euro levou cada vez mais a perdas de prosperidade. Agregado, deu origem a uma queda na prosperidade de € 424 mil milhões no total ou € 40.604 per capita, somente na França e na Itália as perdas foram maiores."
S.T.
Peço desculpa pelos comentários sucessivos mas é necessário tornar claros certos aspectos que podem não ser evidentes para um leitor menos avisado.
A pergunta que cumpre fazer é: Onde está o dinheiro?
Onde foi parar o dinheiro, visto que os salários na Alemanha têm estagnado durante anos?
Não foram investidos em obras públicas nem em consumo pelos habitantes da Alemanha. Onde raio pára o dinheiro?
A resposta está no crescimento das desigualdades na sociedade alemã, e podemos com segurança afirmar que uma parte foi apropriada pelo sector exportador germânico e a outra foi jogada (e perdida!) nos casinos da finança especulativa internacional.
Como é que eu sei? É simples, depois de se ler as declarações de Timothy Geithner, ex Secretário de Estado do Tesouro dos USA percebe-se o grau de incompetência e irresponsabilidade dos banqueiros alemães no pré-crise.
E se dúvidas houvesse, o caso recente da ocultação de perdas por parte do DB esclarece a tendência para o vício do jogo dos banqueiros alemães. Foi o chamado "The Berkshire Trade" que já tínhamos tido ocasião de divulgar.
https://www.zerohedge.com/news/2019-02-20/how-deutsche-bank-conspired-conceal-16-billion-losing-bet-regulators-and
S.T.
O ST defende desavergonhamente Salvini, defende Le Pen em França, demonstra saudosismo pelo Portugal colonial, será mesmo de esquerda? Ou tudo o que seja anti-UE é bem-vindo, independentemente de tudo o resto? Quer que lhe cite artigos de "crânios" que defendem o Euro? Também sei fazer cherry picking, para usar uma falácia conhecida da ciência.
Repete-se o essencial, pois temo que V. Exa., dr. ST, na sua magna sapiência económica, nunca tenha contrariado este dado histórico e factual. Não falamos, pois, de mera previsão económica ou opinativa; e se a Economia tiver qualquer vertente de ciência exata, terá de ser, não na sua vertente político-ideológica, mas na análise factual dos dados objetivos.
O valor que o salário mínimo real tem em 2017 (€535, acerto IPC, base 2011), é 26 porcento superior ao valor real que tinha em 2002 (€424, acerto IPC, base 2011), data da entrada na moeda única; já o salário mínimo real em 2002 (€424), data da entrada na moeda única, é 21 porcento inferior ao valor real que tinha em 1975 (€535, IPC, base 2011). E qual a diferença entre estes dois períodos? A divisa!
O Aónio faz-se de parvo mas não engana ninguém.
Qual é o significado da frase...
"Há uma certa ironia em um país, antiga potência colonizadora como Portugal, ser vítima de elites incultas e subservientes que desempenham o papel dos "assimilados" de outrora."
...que o Aónio não percebe?
Acha mesmo que é saudosismo?
É de facto uma acusação muito mais séria. É a acusação, que reitero, de que as elites europeístas portuguesas, ignorantes e subservientes, desempenham o mesmo papel que algumas elites africanas das antigas colónias desempenhavam como cúmplices e correias de transmissão do colonialismo.
Sobre as informações que dou nos comentários acima nada diz porque não convém.
É óbvio que o emprego dele na Holanda é como troll ao serviço da Comissão ou de algum dos inúmeros organismos alimentados com subsídios da EU. Isto é, é pago para nos tentar intrujar, escamoteando os factos constantes do estudo acima referido do CEP. E ainda por cima pago com o dinheirinho das contribuições de todos os europeus.
Quanto a Salvini, até agora jogou sempre a favor e dentro das regras democráticas.
E as projecções dão-no como grande vencedor relativo das eleições europeias de Maio:
https://www.ft.com/content/1b92dd76-3362-11e9-bb0c-42459962a812
Salvini não será certamente vencedor de uma maioria no PE, mas poderá impedir a formação de uma maioria conjunta dos neoliberais do EPP e do S&D pela primeira vez desde a criação do PE.
Salvini é a melhor hipótese que os povos europeus têm de se libertarem do jugo de Bruxelas, para não terem que ser mais esfolados do que já foram nestes 20 anos de euro para alimentar o casino da finança mundial.
Se acham que 40.604 € por cabeça não é já prejuízo que baste...
S.T.
Portugal ocupava as colónias em África pela força e pela via militar. A União Europeia estabeleceu-se com o Tratado de Roma para preservar a Paz, já lá vão 70 anos, e nunca a Europa desde o império romano, teve um período tão longo de Paz, Harmonia, Comércio livre e partilha social e cultural entre os seus diversos povos. Não conseguir distinguir estas duas vertentes políticas revela a sua cegueira eurofóbica.
A Itália entrou em recessão técnica com o governo Salvini.
A diferença entre você e eu, é que a minha condição de pessoa da Ciência, faz com que eu postule essencialmente factos. Você postula opiniões, análises de caráter, comentários ad hominem e sofismas ideológicos. Não encontro um encadeamento lógico coerente em nenhuma das suas frases, nem sequer um simples silogismo.
E não, não trabalho para a União Europeia nem para nenhuma das suas subsidiárias.
Sim, sim, passarinhos piu-piu e peixinhos glu-glu. :)
O pior é quem ganha e quem é explorado com "Paz, Harmonia, Comércio livre e partilha social e cultural" (ouvem os violinos a tocar em som de fundo?):
https://www.cep.eu/fileadmin/user_upload/cep.eu/Studien/20_Jahre_Euro_-_Gewinner_und_Verlierer/cepStudy_20_years_Euro_-_Winners_and_Losers.pdf
"Conclusion: Portugal only benefited marginally from the euro in the first few years after its introduction. In subsequent years, the euro increasingly led to losses of prosperity. Aggregated, it has given rise to a drop in prosperity of € 424 billion overall or € 40,604 per capita. Only in France and Italy were the losses greater."
"Conclusão: Portugal apenas beneficiou marginalmente do euro nos primeiros anos após a sua introdução. Nos anos subsequentes, o euro levou cada vez mais a perdas de prosperidade. Agregado, deu origem a uma queda na prosperidade de € 424 mil milhões no total ou € 40.604 per capita. Sómente em França e em Itália as perdas foram maiores."
S.T.
O valor que o salário mínimo real tem em 2017 (€535, acerto IPC, base 2011), é 26 porcento superior ao valor real que tinha em 2002 (€424, acerto IPC, base 2011), data da entrada na moeda única; já o salário mínimo real em 2002 (€424), data da entrada na moeda única, é 21 porcento inferior ao valor real que tinha em 1975 (€535, IPC, base 2011). E qual a diferença entre estes dois períodos? A divisa!
E já agora, antes da UE, não havia exploradores nem explorados. Foram os burocratas de Bruxelas que os criaram!
"E qual a diferença entre estes dois períodos? A divisa!"
Qual divisa qual carapuça? Não diga disparates! E quais exploradores e explorados?
O salário mínimo é isso mesmo, um mínimo, e não é representativo do estado geral da economia.
O facto de ter aumentado no período que refere reflecte uma inflação que a isso o obrigou, para repor poder de compra perdido.
Agora o que está na base do problema é a rigidez do sistema euro, o afluxo descontrolado de capitais do centro para a periferia, que causou essa inflação mais elevada na periferia e o dumping salarial alemão.
Isso traduziu-se numa perda de competitividade da periferia, agravando as assimetrias de desenvolvimento e alimentando o malfafado mercantilismo alemão.
Tudo isto já nós sabemos há muito e está provado e mais que provado por múltiplos estudos.
E isto são realidades básicas que a intelligentsia europeísta ainda tenta escamotear passada uma década.
Vão dar banho ao cão!
S.T.
Claramente não conhece a Inglaterra, ou a Itália, ou então a pasmaceira anestesiante Portuguesa não vos permite identificar os maiores protestos sociais a acontecer na UE desde a muito muito anos...
E você acha que eles vão querer um EURO com portugal, nu sei onde se informa mas claramente que a darknet dá melhores resultados que o correio da manhã...
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