quarta-feira, 23 de julho de 2025

Não esquecer a sólida fundamentação invocada por Fernando Alexandre

Volksvargas (outubro 2024)

«Antes de prosseguir qualquer argumentação, que me espanta ser ainda necessária, recomendo vivamente (...) a leitura do livro “Jovens e Educação Sexual. Contextos, Saberes e Práticas”. (...) Talvez a leitura deste estudo (...) tivesse sido importante para a tomada de decisão, antes de se vociferar chavões sobre “amarras ideológicas” e de se retirar, de forma quase total, a referência à sexualidade da educação formal dos jovens. (...) A educação sexual tem provas dadas no combate à violência no namoro, à gravidez na adolescência, à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, à homofobia. A violência doméstica continua a fazer vítimas mortais, é normalizada nas famílias e é na escola que se podem quebrar os ciclos de normalização destes comportamentos.
(...) Não surpreende completamente que, num arranque de legislatura em que praticamente todas as prioridades de Luís Montenegro sejam as mesmas da extrema-direita, este movimento irresponsável seja mais uma etapa da fusão integral das agendas do Governo com as dos radicais da direita antidemocrática. (...) Querem voltar aos tempos em que a pornografia era a única fonte de conhecimento dos jovens sobre sexualidade? É esse o modelo?
Prefere-se o empreendedorismo à educação sexual. Mas esquece-se que, muito dificilmente, uma adolescente grávida, uma namorada sistematicamente agredida, um jovem vítima de bullying pela sua orientação sexual ou um jovem adulto com HIV terão a liberdade para poderem criar o seu negócio, porque o seu tempo estará ocupado com as consequências daquilo que lhes foi amputado. As amarras ideológicas não estão numa escola que promove conhecimento e liberdade. Estão no atavismo e no retrocesso de uma proposta que pode amarrar muitos jovens a um futuro sem esperança, porque menos esclarecido e mais sofrido
».

João Costa, Educação sexual. Querem amarrar os jovens à gravidez indesejada, à doença e à violência?

2 comentários:

  1. Ao estado competiria instruir (fornecer as bases, a informação, equipar para erigir, construir) e não educar (conduzir, direccionar e por extensão, formatar). O ministério da educação deveria ser extinto e dar lugar ao ministério da instrução. Que cada um siga depois o seu caminho, de acordo com o que são as suas inclinações, preferências, habilidades e capacidades. Isto sim seria um grande serviço em vez da educação para a cidadania, com literacia financeira ou literacia sexual. A educação, num ou noutro caso, lá permanece, com os resultados que sobeja e tristemente se conhecem.

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    1. E quando um aluno insultar outro aluno, a escola não intervirá, porque não é um local de educação, mas de instrução.

      Quando um aluno ridicularizar outro aluno, a escola não intervirá.

      Quando os alunos necessitarem de articular espaços, porque só há um campo de futebol, a escola não intervirá.

      Quando a escola detetar casos de violência doméstica, não intervirá.

      Há uma impossibilidade de fazer instrução, em contexto escolar, sem educação.

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