Como é evidente, o rearmamento na UE não visa superar a dependência dos EUA mas antes acomodar as suas exigências.
Que ninguém se deixe enganar pelas encenações pseudo-soberanistas dos que defendem o rearmamento da UE.
Que ninguém se impressione pelos súbitos assomos pretensamente anti-NATO dos que, defendendo rearmamento, afirmam que, agora, com Trump, os EUA já não são nossos aliados, enquanto fingem não saber quem sabotou o Nord Stream, ou enquanto chutam para debaixo do tapete o que não pode ser chutado para debaixo do tapete: a responsabilidade de Biden e Kamala no genocídio ainda em curso na Palestina.
Entretanto há quem na Bloomberg não tenha receio de reconhecer o que se tornou evidente, o “regime de sanções está a desmoronar-se”.
E isto enquanto na mesma fonte, noutro artigo, se dá nota da possibilidade de um empresário dos EUA adquirir a empresa que detém o Nord Stream II e retomar o fornecimento de gás à UE.
“Se, por exemplo, os EUA e a Rússia concordarem em cooperar no setor energético, então um gasoduto para a Europa poderá ser garantido”, afirmou Putin numa conferência de imprensa em Moscovo, a 13 de março”, pode ler-se também na mesma peça.
“A UE e a Alemanha podem ter apenas uma influência limitada sobre uma possível venda do Nord Stream, uma vez que o processo decorreria ao abrigo da legislação suíça. No entanto, o gasoduto Nord Stream 2 continuaria a necessitar de uma licença de exploração emitida pelo Ministério da Economia alemão para poder ser reativado — o que não se prevê venha a acontecer, segundo fontes familiarizadas com o assunto”, diz-se aqui.
Veremos se vai, ou não, acontecer, quando Annalena Baerbock, talvez a mais tresloucada e enérgica defensora europeia do genocídio palestiniano, dos verdes com bombas, ceder a sua posição ao conservador Johann Wadephul, mas parece-me provável que sim. Até porque pelo menos para parte do capital industrial alemão, o gás russo é uma questão de sobrevivência: “[p]ara Christof Günther, diretor de uma das maiores indústrias químicas da Alemanha, a única maneira de revitalizar setores como o seu é voltar a obter gás russo barato”.
Somando tudo, o acordo que parece estar a desenhar-se entre Trump e Putin e o interesse do capital do centro e do norte da Europa, parece seguro poder afirmar-se que a UE se deixou encurralar entre duas más possibilidades: continuar a comprar gás caro aos EUA, ou comprar gás russo mas agora, concretizando-se o negócio, pagando um tributo aos novos detentores do NordStream, também os EUA.
Tributo que soma à estagnação económica entretanto incorrida, e que no futuro se perspectiva, ao recente surto inflacionista e correspondente crise de custo de vida, às tarifas e ao desperdício da despesa com compra de armamento. Tudo se conjuga para a UE se confirmar como um dos claros perdedores de uma guerra que ela própria alimentou.
Vassalas dos EUA, como sempre foi claro que o eram, juntando-se caninamente ao ladrar da NATO à Rússia, sem respaldo nos tratados para tratar das questões da guerra, com frágil, se alguma, legitimidade política, a inépcia – para dizer o menos - destas lideranças da UE não podia ser mais clara.
Não são melhores, contudo, aqueles que, nos Estados nacionais, parecem não ter aprendido nada nestes mais de três anos e se submetem, comprometendo os seus países com as perdedoras decisões belicistas de uma nomenklatura em quem ninguém votou mas foi instalada nas instituições da UE pelos partidos da direita e do extremo-centro.
A confirmação da qual não precisávamos de que na Ucrânia a questão da autodeterminação foi sempre e apenas e só o sinistro engodo que possibilita a pilhagem e a expansão imperial. Como afirmou Jeffrey Sachs, recordemos, “se a China ou a Rússia decidissem instalar uma base militar no Rio Grande ou na fronteira canadiana, os Estados Unidos não só se passariam como entrariam em guerra em cerca de dez minutos”.
Sim você dever estar certo , a Federação Russa vai fornecer gás a uma empresa Americana que depois vai vender à Europa connosco pelo preço que quiser, são os despojos da guerra fica para quem ganha ou quem tem capacidade para negociar, vassalo aguenta aliás como o povo
ResponderEliminarAlguém sabe porque votam os portugueses como votam? O socialismo não está funcionar porquê? A esquerda, ou as esquerdas não prendem os eleitores porquê? Ideias?
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