Não se ouviu uma mosca durante a hora em que falou, e tão bem que falou, com os conceitos tão bem definidos – genocídio, por exemplo – e com tanta e desgraçada evidência sobre a “crise da humanidade, ao invés de uma mera crise humanitária”; falou como se deve falar, com a consciência, com o corpo todo, ancorada na melhor filosofia da ciência, onde factos e valores estão entrelaçados, embora possam ser, aqui e ali, distinguidos.
Falou dos abismos morais do colonialismo e do racismo que lhe está associado, da desvalorização das vidas palestinianas, deixando entrever o imperialismo e o capitalismo que lhes subjaz; falou de “cobardias institucionalizadas” e de esperanças políticas libertadoras. Nunca se desiste: “não nos podemos dar ao luxo da desesperança”.
Não me lembro de ter respirado durante uma hora. Voltei a lembrar-me de respirar quando lhe coloquei duas questões, creio. Há muito que não assistia a uma palestra assim. O povo palestiniano não podia ter melhor, mais carismática, aliada nas Nações Unidas. O mundo não colapsou ainda, porque existem rebeldes competentes assim, em muitos lados, idealmente agindo de forma concertada.
Não, a história não começou há um ano; os crimes do colonialismo sionista começaram muito antes.
Grazie mille, Francesca Albanese.
Adenda. Hoje ficámos a saber: “Navio com bandeira portuguesa com explosivos para Israel impedido de entrar em Malta. Decisão surge depois de Francesca Albanese, relatora da ONU, ter pedido acção ao Governo maltês.”
Há vídeo?
ResponderEliminarOuvia-a na sexta-feira, numa entrevista à TSF, quando ia eu a caminho de casa. Tenho de procurar o podcast, pois merece ser partilhado.
ResponderEliminarAinda não.
ResponderEliminarUm jurista, qualquer jurista, que se preze e que faça jus a essa qualidade, não pode, de forma alguma, calar-se e deixar de se pronunciar e revoltar com a vergonhosa situação que se vive na Palestina e já agora no Líbano. Afinal de contas quem é que é terrorista.!?
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