Há mais de trinta anos que está em curso uma recomposição das direitas, na Europa e não só. As forças que inicialmente fizeram avançar o projecto neoliberal, atacando a configuração democrática e social dos Estados para beneficiar os interesses privados e do capital, começaram por ter como parceiros, um pouco incómodos, forças que assumiam com clareza as suas referências nazis, fascistas, xenófobas, racistas. Com o tempo, estas forças da extrema-direita perceberam que, para crescer, precisariam também de invadir o terreno social, aproveitando as insuficiências e falhas da social-democracia, crescentemente social-liberal.
Alimentando-se do descontentamento e da insegurança social dos que são sistematicamente deixados para trás, as extremas-direitas actuais surgem como uma das declinações das direitas neoliberais, altamente financiadas por sectores capitalistas e visibilizadas por um campo mediático que lhe escancarou as portas. O seu projecto? Usar uma retórica «anti-sistema», «anticorrupção» e «anti-elites políticas» para reforçar um sistema desigual e securitário. E para destruir o Estado social, de direito e democrático.
Todos estes temas são há décadas abordados pelo Le Monde diplomatique, nas suas várias geografias, mutações e efeitos sobre as diferentes classes sociais, em particular as classes populares. Seleccionámos um conjunto de artigos dos nossos arquivos que permitem conhecer um pouco destas análises. Estão em acesso livre a todos os leitores.
Há uma parte da direita que vê no chega e no il uma expressão do que são, não são só os enganados que votam nesta espécie de partidos.
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