Antes de abandonar o auditório da nossa faculdade, em reação ao fascista de serviço, a minha colega Ana Abrunhosa (PS) ainda teve tempo de rebater as falsidades das direitas sobre emigração, usando dados. Sim, a austeridade das direitas ajudou a emigração, como não se via desde o fascismo, ao qual Pinto Pereira quer regressar.
Pela minha parte, graças ao aturado trabalho empírico do meu amigo e camarada Paulo Coimbra, também fui para o debate na FEUC, em representação da CDU, municiado de dados, mas sobre a regressiva distribuição de rendimentos do trabalho para o capital.
Graças sobretudo à diminuição de direitos laborais e de correspondente aumento de direitos patronais, os salários reais têm crescido abaixo do crescimento da produtividade nas últimas duas décadas, o que significa automaticamente perda de peso dos rendimentos do trabalho em detrimento dos do capital. É preciso reverter esta situação também com mudanças na lei, desmantelando a herança da troika, o que o PS não fará sem força à sua esquerda e por baixo, no movimento sindical unitário, na rua.
Uma economia de baixa pressão salarial é um círculo vicioso do lado da oferta e do lado da procura, argumentei: menos mercado interno, menos incentivos para o investimento gerador de inovação. Os empresários mentem muitas vezes, mas não nos inquéritos ao INE: as expectativas de vendas são a principal determinante do investimento, dizem eles aí.
Pedro Brinca dos liberais até dizer chega foi, como seria de esperar, o defensor do patronato medíocre, respondendo que “o peso dos rendimentos do trabalho está alinhado com a média europeia, não é um problema”. Respondi com os últimos dados: em Portugal são menos três pontos percentuais do que na média da zona euro (53% versus 56%, no início do milénio era de 60% em Portugal). Perguntei-lhe se considerava vários milhares de milhões de euros um não-problema. Não respondeu, o que considero revelador.
As direitas precisam de milionários a financiar os partidos com centenas de milhares de euros, mesmo que seja indiretamente, através de stink-thanks que difundem aldrabices ideológicas, em flagrante violação do espírito da lei de financiamento. Precisam de horas de propaganda nas televisões. Sabem porquê? Porque a realidade tem um enviesamento antiliberal. Há muito que estou convencido que não se aguentam num debate em igualdade de circunstâncias.
Ontem, depois de um momento deprimente de direita-extrema e de fascismo fedorento, o regozijo dos comentadeiros de serviço na RTP, os tais do cortejo fúnebre de que fala João Rodrigues, sempre os mesmos, com a prestação da candidata do VOLT:
ResponderEliminar- Aquilo é que é ter um discurso novo, para os jovens, que pode captar, que os jovens nunca estão muito tempo no mesmo sítio, e isto e mais aquilo, bla, bla, bla.
Sai uma proposta da candidata voltista, que os jovens vão adorar: flexibilizar mais o mercado de trabalho, facilitar os despedimentos, a malta gosta de circular e de saltar de carreira em carreira mais facilmente. O moderador ainda lhe disse que isso iria aumentar as despesas com o fundo de desemprego. Não faz mal, disse a voltista, porque há uns que têm muita proteção e outros não têm nenhuma. E então acaba-se a proteção para todos. Que fabuloso, o jovem acabou de arranjar emprego, pago com o ordenado mínimo, e seis meses depois é despedido e vai todo contente para o fundo de desemprego.
Pode sempre ligar alô pai ou olá mãe:
- Arranja aí uns trocos, para aí 2 ou 3 mil que estou um bocado à rasca. E a vida continua, sempre dinâmica.
E o cortejo fúnebre achou fantástico este número de promoção neoliberal da precaridade.