No post anterior mostrei que o sistema de saúde alemão – que a direita portuguesa (AD, IL e Chega) tanto admira – gasta quase o dobro do português em percentagem do PIB, ao mesmo tempo que os resultados globais da saúde da população são piores.
É difícil desmentir aquelas afirmações, porque elas resultam dos dados que a OCDE apresenta há vários anos no relatório Health at a Glance.
Ainda assim, os activistas das redes sociais que não gostaram daquele post não deram o caso por perdido: tentaram descredibilizá-lo, afirmando que eu errara ao escrever que a Alemanha tem mais médicos por habitante do que Portugal. Isto porque tanto o Eurostat como a OCDE colocam Portugal à frente nesse indicador.
O problema dessa malta é que não se dá ao trabalho de ler as notas que estão junto às tabelas e aos gráficos. Mas elas são mesmo importantes. Traduzo aqui, para ajudar:
“Os dados relativos à maioria dos países referem-se aos médicos em exercício, definidos como o número de médicos que prestam cuidados directamente aos doentes. O Chile, a Grécia e Portugal registam o número de médicos habilitados a exercer a profissão e não apenas os que exercem actualmente a profissão, o que resulta numa sobreavaliação do número de médicos em exercício". (OCDE, Health at a Glance 2023, p.176)
No caso português, a OCDE estima que o desvio entre os médicos que praticam e aqueles que surgem nas estatísticas internacionais é de 30% (é só ler a nota da figura 8.4). Façam as contas e vão perceber que a Alemanha tem mesmo mais médicos por mil habitantes do que Portugal.
Por isso, caros activistas, dediquem-se lá a procurar outra falha no que escrevi. Ou então, assumam que a solução que propõem para a saúde em Portugal não o é de facto.
De custos não sei. Mas que o sistema de saúde alemão - Bismarck - é muito melhor que o português, disso não tenho dúvidas. É só olhar para o Eurostat.
ResponderEliminarJá agora, porque há estatísticas, é olhar para os dados sobre as infecções hospitalares. Portugal e a Grécia são os piores.
O argumento dos custos foi um dos principais motivos para nos anos 70 terem optado pelo modelo Beveridge.
Já agora, se o nosso sistema é assim tão bom, fechem os hospitais privados e aumentem a capacidade dos hospitais públicos. Não dá, não é?
Bastaria nacionalizar os hospitais privados. Para quê fechá-los se têm equipamentos e instalações que podem servir a todos?
Eliminar"Já agora, se o nosso sistema é assim tão bom, fechem os hospitais privados e aumentem a capacidade dos hospitais públicos. Não dá, não é?"
ResponderEliminarHmmm.... nao so e perfeitamente possivel, como ja aconteceu. Recentemente por sinal. Foi precisamente o que sucedeu durante a pandemia.
Relembro @ anonim@ que quando a pandemia bateu a porta em Portugal, os primeiros a desaparecer de cena foram precisamente os magnificos, qualificados e eficientes privados...
Ja as devolucoes dos premios de saude privados por falta de servico (requerimento basico da Lei do Consumidor), essas e que curiosamente demorou muuuuuito mais tempo a suceder... a esse nivel, a qualidade e eficiencia dos servicos foram veramente terceiro mundistas.
Isto da qualidade e eficiencia dos servicos de saude privados sao lotarias fascinantes.
A tabuleta pendurada na porta fechada do hospital privado, a anunciar o trespasse e a mudança de ramo de actividade, será o proprietário e concessionário que a colocará, naturalmente, por falta de encomendas.
ResponderEliminarAumentar a capacidade de resposta dos hospitais públicos, a partir do dia 11 de Março, fazendo cada vez mais e gastando em rendas cada vez menos, levará ao aumento de colocação de tabuletas nas portas dos negócios rentistas protegidos e garantidos encostados ao Estado.
Fazei-vos à vida e ide arriscar, mercantilismo amparado medíocre.
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ResponderEliminarPartilhei aqui, agora mesmo, uma info do Eurostat sobre o salário mínimo nacional em vários países da UE. É muito pedagógica. A propósito, lembrei-me das notícias de que o PIB da Ucrânia havia ultrapassado o de Portugal. Notícias do ano passado que a direita explorou até à náusea e com gosto mal disfarçado. Marques Mendes idem, com aquele seu ar compungido, na sua homilia dominical na SIC.
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