Os vende-pátrias da extremada direita lusa, os tais economistas do cortejo fúnebre da economia portuguesa, agora com a fugaz aparição pública de Álvaro Santos Pereira - talvez o mais incapaz e lesivo ministro da economia do pós 25 de Abril - tentam recuperar a enganosa tese de Wolfgang Schäuble, uma tese falida e usada contra o interesse nacional, segundo a qual a intervenção externa que o país sofreu, em 2011, foi o resultado da incapacidade de o Estado se financiar - a mentira da bancarrota - em consequência de taxas de juro incomportáveis então exigidas pelos mercados, taxas essas que pretensamente seriam função do alto nível de endividamento público do país.
A dívida pública, no fim de 2011, rondava os 114% do PIB; em janeiro de 2012, os juros das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos atingiram os 16,4%. Foi no que deu a golpista inação do BCE.
A dívida pública, no fim de 2020, cifrou-se em 135,1% do PIB; em janeiro de 2021 ano o Jornal de Negócios noticiava que “Portugal coloca dívida a 10 anos com juros negativos pela primeira vez”.
Lição inequívoca: o banco central controla sempre as taxas de juro da dívida denominada na moeda por si emitida.
Desculpem se nos repetimos, mas o mantra enganoso e sedicioso da bancarrota não pode ser reabilitado. A economia das idade das trevas tem de ser combatida, que o país não a comporta. É o nosso futuro coletivo que está em causa.
Claro que é o banco central europeu que decide das suas taxas de juro - para a zona euro. Não país a país.
ResponderEliminarSó que a questão era outra, a capacidade de financiamento nos mercados e o facto de a dívida pública estar maioritariamente nas mãos de credores externos.
É óbvio que a vinda da troika teve um custo pesadíssimo e melhor fora não ter vindo. Mas com as políticas do engenheiro Sócrates se não era com o PEC IV era com o PEC V ou o PEC VI.
E também não vale a pena falar no escudo. Se tivesse continuado a ser a nossa moeda não nos tínhamos endividado tanto.
O ponto, o pontinho mesmo para que ninguém tem resposta é simples: como é que um pequeno país, pobre, periférico, de má vida, cresce na zona euro? Escusam de me dizer que no ano X crescemos mais 0,2% que os outros. Falo de crescimento sustentado. Como é que deixamos de ser a cauda da Europa como prometiam depois do 25 de abril? Diria que de maneira nenhuma. Sem indústria, com más universidades, viciados na economia de rendas e no nepotismo, na ponta da Europa, sem império, seremos o que sempre fomos, uma espécie de Espanha mais pequena e para pior.
Olhe, um café pingado e um pastel de nata. O robot que não demore.
"Só que a questão era outra, a capacidade de financiamento nos mercados e o facto de a dívida pública estar maioritariamente nas mãos de credores externos."
ResponderEliminar1 - E a divida publica que financia os credores e nao os credores que financiam a divida publica.
"E também não vale a pena falar no escudo. Se tivesse continuado a ser a nossa moeda não nos tínhamos endividado tanto."
2 - Com uma moeda propria portuguesa, emitida por um Banco Central portugues - chamemos-lhe Escudo - os limites para o endividamento publico nunca sao financeiros.
3 - Com uma moeda propria portuguesa, emitida por um Banco Central Portugues - chamemos-lhe Escudo - os unicos limites ao endividamento publico de um espaco economico que emita sua propria moeda consistem na capacidade produtiva realmente existente nessa economia para absorver a procura. Esse limite traduzir-se-ia numa aceleracao da taxa de inflacao.
4 - Ou, como John Maynard Keynes colocou de forma bem mais elegante:
"Tudo aquilo que se pode fazer, pode ser pago."
"O ponto, o pontinho mesmo para que ninguém tem resposta é simples: como é que um pequeno país, pobre, periférico, de má vida, cresce na zona euro?"
ResponderEliminarO anonimo precisa de alargar um pouco as suas leituras...
Tem sido repetido inumeras vezes neste blogue em que comenta - sem saber do que fala - precisamente "o ponto, o pontinho" que dentro da Zona Monetaria Euro, especialmente com a sua actual arquitectura institucional, Portugal nao pode adquirir caracteristicas de uma economia mais avancada.