sexta-feira, 6 de outubro de 2023
Até quando a especulação quiser?
«Como sustentar a tese, simplista, de que a questão se resume a um problema de "falta de casas", quando a relação entre famílias e alojamentos se manteve praticamente inalterada nos últimos dez anos? Porque se considera que deveria ter-se construído mais neste período, quando o acréscimo no número de famílias foi, em traços gerais, acompanhado pelo aumento do número de fogos?
A resposta a estas questões reside naquilo que muitos insistem em não querer reconhecer (por razões ideológicas expectáveis): existem hoje novas procuras de habitação, de natureza eminentemente especulativa, que a encaram como um ativo financeiro, um objeto de investimento, e não pela sua função residencial (e, já agora, social).
(...) As políticas de habitação com capacidade para responder a uma crise habitacional como a que estamos a atravessar, tanto à escala nacional como europeia, deverão ir além do reforço do parque habitacional público, que é fundamental, e de instrumentos que mitiguem, no imediato, o impacto da crise.
Isto é, adotando medidas robustas de regulação do mercado, capazes de diferenciar os investimentos orientados para a oferta de habitação a preços compatíveis com os rendimentos das famílias, dos investimentos de natureza rentista e especulativa. Sem esta linha de resposta, apenas resta a esperança de que, por uma qualquer razão, estes investimentos, potencialmente inesgotáveis, deixem o imobiliário e se desloquem para outros domínios.».
O resto da crónica pode ser lido no Setenta e Quatro.
As estatísticas são de facto uma arte criativa. Ano de referência 2011, troika, pessoal apertado, preços a descer. Li algures na net que entre 2007 e 2014 houve uma queda de 20% no preço das casas.
ResponderEliminarJá agora, isso de família tem muito que se lhe diga. Palpita-me que as famílias tradicionais, do hetero patriarcado e sem divórcios terão mais facilidade em aguentar o barco que as famílias monoparentais ou os rapazes do Grindr.
Uma das razões que contribuiu para agravar a crise da habitação foram os resgates da classe dos “investidores” depois de 2008, esta classe nunca foi punida, ganha sempre.
ResponderEliminarOs Estados andam a pôr dinheiro nos bolsos dos ricos, os ricos depois vão gastar dinheiro no quê? Imobiliário é um investimento clássico.
Os Estados estão a financiar, com os resgates e outros esquemas, aqueles que estão a produzir crises.
Para acabar de vez com o paradigma neoliberal nós temos que reconhecer que nunca recuperamos da crise de 2008, se não o fizermos só vamos ter mais sacrifícios para maioria e o Estado a empoderar uma minoria que dado o seu poder aquisitivo destrói as vidas de milhões.
A crise da habitação é ainda pior do que tu pensas
ResponderEliminarhttps://youtu.be/1wkfe402j9k?si=PqFo2gfGlHtwEsBq
Uma discussão sobre o problema da habitação na Inglaterra.