“Este país não é para mães. Feliz dia a todas as que lutam contra isso”: concordo inteiramente com este diagnóstico de Daniela no mínimo por meia dúzia de razões.
Em primeiro lugar, tudo começa no trabalho, ou seja, nos salários baixos de tantas mães da classe trabalhadora, nos horários longos e cada vez mais baralhados, no excesso de direitos patronais e no défice de direitos laborais.
Em segundo lugar, fora do setor público, onde vigora a igualdade salarial, as mães da classe trabalhadora ainda são punidas, por exemplo em termos salariais, por serem mulheres e quererem ser mães.
Em terceiro lugar, tudo continua nas infraestruturas da vida quotidiana: dos transportes públicos às creches insuficientes, passando pelos reduzidos apoios sociais, como o abono de família, ou pela questão, por resolver, da habitação.
Em quarto e relacionado lugar, a rede de creches e de lares cresceu muito à boleia de parcerias público-privadas, envolvendo um ungido terceiro setor que usa e abusa de uma força de trabalho feminizada, autêntica variável de ajustamento salarial.
Em quinto lugar, o “duplo fardo” continua a vigorar, apesar do caminho já feito, com as mulheres da classe trabalhadora ainda a serem alvo do “altruísmo imposto” na esfera da reprodução social, a que começa em casa depois do trabalho assalariado.
Em sexto lugar, a esfera pública é dominada por um feminismo (neo)liberal, concentrado nas carreiras abertas aos talentos, que desconsidera o mais abrangente e consequente feminismo socialista, precisamente o de “todas as que lutam contra isso”.
Caros Ladroes,
ResponderEliminarAs minhas desculpas pelo comentario fora de topico.
Uma pergunta geral:
Imaginando uma realidade alternativa onde pouco antes do desencadear da crise financeira internacional nos EUA um governo progressista com a pecepcao da real dimensao e risco sistemico que o Mercado de hipotecas sub-prime representavam toma conta do poder.
1 -existe alguma literatura economica sobre como deflacionar bolhas especulativas de forma controlada?
2- como se poderia get procedido so deflacionar daquela bolha de uma forma progressista?
3 - qual teria sido em vossa opiniao o “point of no return” isto e, o ponto temporal onde este hipotetico governo ainda teria conseguido evitar a crise de 2008?