Segundo a última edição do Expresso, a desigualdade salarial nas grandes empresas quase duplicou nos últimos dez anos, com a remuneração dos gestores a aumentar cerca de 47,0% e a dos trabalhadores a recuar 0,7%. Em média, os CEO das empresas analisadas pelo semanário ganham 36 vezes mais que os trabalhadores, com a Jerónimo Martins (186 vezes mais) e Sonae (82) a liderar a disparidade entre os vencimentos médios e a remuneração do líder.
Aliás, se nos detivermos no universo comparável destas empresas, face a 2017, verificamos que em cinco anos esta disparidade passou de 160 para 186 no caso da Jerónimo Martins, e de 39 vezes mais para 82 vezes mais na Sonae, sendo raros os casos de empresas em que o fosso salarial diminuiu, neste período. E tudo isto com uma pandemia pelo meio e uma crise inflacionária que subsiste.
Fica assim claro, uma vez mais, à escala das grandes empresas, que a «economia do pingo» não funciona. E por isso desconfiem, quando ouvirem os partidos à direita defender que «primeiro é preciso criar riqueza para depois a distribuir», e que para isso é preciso reduzir os impostos e a sua progressividade, priorizar as empresas na atribuição de apoios públicos, ou conter salários e flexibilizar o mercado de trabalho. Desconfiem e lembrem-se do PSI 20.
Essa do...
ResponderEliminar«primeiro é preciso criar riqueza para depois a distribuir»,
...é muito boa!
Pelos vistos há muitos e bons protagonistas que não têm necessidade dessa condição.
-São pagos à cabeça! (Deve ser)
Concordo com a desigualdade salarial gritante mas a Economia real não se compadece com generalizações pois é feita de micro, pequenas e médias empresas. Quanto ao adágio faço o seguinte exercício mental: Se, como na década de 90(com PSD e PS), com uma dívida de 70% e investimentos decorrentes de fundos comunitários conseguimos crescer 4%(média) então se, actualmente, tivéssemos essa dívida(270 mil milhõesx0,7=189 mil milhões) a uma taxa de juro de, vá 2,5%,portanto, 4,75 mil milhoes(porque seriamos um bom investimento) em vez de pagar 3,5% de 270 mil milhõesx3,5%, ou seja, 9,45 mil milhoes então teríamos uma poupança de quase 5 mil milhões que se poderiam investir na economia com efeito multiplicador, no SNS, na Educação, infraestruturas... A questão é que demora tempo e melhorar a vida das pessoas é premente. Pois bem, acabe-se com a politica do dar tudo a todos todo o tempo: o exemplo do iva zero ou das migalhas para ajudar a inflação são paradigmáticos. Em vez disso, ajude-se quem realmente precisa com os cerca de 1500 milhões dessas medidas. O problema é que isso não dá votos e assim andamos. Por outro lado, chegámos aqui às custas do endividamento e também por culpa de uma Ordem Mundial desequilibrada ancorada em blocos econômicos que trouxe desenvolvimento mas muitas debilidades típicas de um País pobre. De 2015 até 2019 houve melhorias relevantes em todos os indicadores de vida das pessoas mas como se estávamos em recuperação, PIB estagnado, Dívida de 130% logo juros potencialmente brutais e desemprego altíssimo? Resposta: BCE comprou dívida portuguesa a uma taxa de 2,5% quando, numa situação normal, a taxa seria o dobro ou mais. Pois bem, esta diferença, ancorada em juros da dívida poupados( vários milhares de milhões) permitiu este milagre, ainda assim foram feitas coisas muito positivas não dependentes deste arrazoado como a subida do salário mínimo nacional. Acontece que agora essa borla acabou e, na minha opinião, com base em experiências passadas, deveríamos ser prudentes. Infelizmente, navega-se à vista...
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