O espectro: a diluição “da esquerda moderada e reformista num amálgama de ‘insubmissos’ que tomam por alvo preferencial as instituições democráticas.”
Augusto Santos Silva está obviamente a pensar na França Insubmissa, dominante na esquerda francesa, mas não o diz. Assim se exporia melhor a sua sonsa e perversa tentativa de, apesar do que proclama no início do artigo, fazer equivaler “os extremos” por via do populismo. Populismos há muitos, como sabemos. A insubmissão francesa em curso é a melhor linha de defesa da democracia face à extrema-direita e face ao que a promove: a política de regressão socioeconómica do extremo-centro europeísta de Macron e de outras companhias de Santos Silva.
A omissão: o neoliberalismo realmente existente em Portugal. Nem por um momento, Augusto Santos Silva refere a transferência de rendimentos do trabalho para o capital, superior à registada na troika, que ocorreu em Portugal no ano passado e que se pode repetir este ano. Nem por um momento fala da austeridade real e da correspondente degradação dos serviços públicos, ao mesmo tempo que os grandes grupos apresentam lucros recorde. Nem por um momento fala do esvaziamento democrático causada pela lógica da integração. Nem por um momento fala do pós-democrático BCE e da sua perversa acção. Confirma-se que aqueles que não falam de capitalismo neoliberal, inscrito na UE, não devem falar dos novos rostos do fascismo, até porque não têm como combatê-los.
As banalidades: “economia social de mercado” e mais um conjunto de vazios despovoados, a enésima demonstração da falência intelectual dos herdeiros da Terceira Via dos famigerados anos 1990.
Augusto Santos Silva está-nos a proteger da extrema-direita, o mesmo Augusto Santos Silva que é cúmplice na criação das condições para que a extrema-direita cresça...
ResponderEliminarAinda bem que temos o cavaleiro Augusto Santos Silva para nos proteger das trevas!