quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Coutada protegida


E se António Costa tivesse interferido nas decisões do Banco de Portugal sobre o BPI, como acusa o PSD, qual era o problema?

O primeiro-ministro foi democraticamente eleito, o governador foi escolhido pelo Governo. O PM pode e deve interferir na gestão do sector financeiro nacional, como sector económico fundamental para o bem-estar dos portugueses. O sector financeiro só é uma coutada protegida do poder político por causa de cânones (neo)liberais que - tal como a extrema-direita - considera todos os políticos (democraticamente eleitos) como estando sob suspeita, embora fechando os olhos à permeabilidade/promiscuidade entre o banco central e o sector financeiro.

Aliás, o Banco de Portugal deveria estar sob tutela do Ministério das Finanças do Governo de Portugal e não ser uma surcursal de uma instituição não eleita, governada de forma opaca, com sede algures na Alemanha, e que decide em última instância como deve ser ou não o sistema financeiro nacional.

Talvez seja tempo de romper com estas falsas ideias de independência política e recuperar a verdadeira soberania.

3 comentários:

  1. Muito bem colocado.. Este é aliás um problema que merecia atenção n espaço público. Lamentavelmente, a periferização de Portugal num contexto de nova lógica imperial germânica passou a ser propagandeado como positivo e inevitável.

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  2. Será preciso fazer um desenho sobre os problemas que todos os dias sobem à tona?

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  3. Caro Marques Aaarão,
    Se o seu argumento é, à luz do que é mostrado na comunicação social, mostrar que os políticos são mesmo todos corruptos, direi apenas que a vantagem da democracia é poder arredar do poder quem achemos que não perfaz as condições de governar.

    Mas não há qualquer justificação para afastar do escrutínio democrático áreas do poder de regulação e ainda por cima de um sector que é tido como centro nervoso de um país. É como definir o poder político expurgado de comandar o centro nervoso do corpo do país. Parece-lhe razoável?

    E que garantias tem de que o poder exercido de forma opaca, sem escrutínio público, não está contaminado por decisões enviesadas? Qual é a sua exlicação para a omissão de intervenção no BES e, depois, para a queda abrupta do banco, em benefício dos seus concorrentes internacionais?

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