A escalada da inflação ao longo do último ano, sem que os salários acompanhassem a subida dos preços, tornou a generalidade dos produtos mais caros para a maioria das pessoas. Ultimamente, há quem defenda que se deve reduzir a taxa de IVA aplicada a alguns bens, em especial aqueles que são considerados essenciais e onde a inflação se tem concentrado, como a energia ou os bens alimentares. A ideia é que, reduzindo o IVA, o Estado poderia ajudar a diminuir o custo destes produtos.
O caso dos cabeleireiros na Finlândia é ilustrativo: embora os preços tenham diminuído um pouco após a descida do IVA por parte do governo, aumentaram quase o dobro quando a taxa voltou ao normal. Os preços acabaram por ficar acima dos registados antes do corte temporário do IVA. O estudo mostra também que os lucros dos cabeleireiros tiveram tendência a aumentar em resultado da redução do IVA. Por outras palavras, as empresas apropriaram-se de uma parte da descida do imposto em vez de a repercutirem nos preços que cobram.
A capacidade das empresas se apropriarem de parte da descida do IVA depende, entre outros fatores, da sua dimensão e do grau de concentração do mercado em que operam. Não é difícil adivinhar o que aconteceria em Portugal em setores como o da distribuição, onde os grandes supermercados têm sido frequentemente multados pelo envolvimento em esquemas de conluio e concertação de preços. De resto, já temos o exemplo das bicicletas, onde o IVA desceu de 23% para 6% no início do ano mas os preços não o acompanharam em todas as lojas.
O que determina o preço é a procura. Um produto vale o que as pessoas estão dispostas a pagar por ele. Diminuir um custo não altera o valor.
ResponderEliminarAo anónimo, quando podem escolher. Nem sempre é o caso. Basta olhar para uma prateleira de um supermercado. Os produtos de marca branca estão sempre à frente e por vezes nem há outros.
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