Público, 21/12/2012 |
É possível que alguém que chega a primeiro-ministro não veja que há uma clara contradição entre elas? Era possível defender uma política de cortes sucessivos e cada vez mais pronunciados nos salários, no funcionalismo público e nas pensões; provocar - com esse fim - uma recessão de tal forma que o desemprego explodiu para níveis históricos, ao mesmo tempo que se reduzia a duração e montante do subsídio de desemprego; e ainda assim agravar - com o seu "enorme aumento de impostos" para 2013 - a tributação sobre salários, vencimentos e pensões; e depois vir afirmar estar preocupado com a injustiça na distribuição do rendimento?
Passos Coelho chegou a afirmar:
"Isto está invertido, não é o ideal de justiça para ninguém". "Não podemos manter esta situação. É possível alterá-la sem afectar a qualidade das políticas públicas". Ao conselho nacional do PSD, o primeiro-ministro fez questão de dizer que os cortes orçamentais não implicavam menor qualidade do serviço prestado. Como "bom exemplo" foi dado o do ministro da Saúde que - diz a notícia - "reduziu a despesa sem pôr em causa os serviços prestados"...
É possível haver uma ideologia tão inviamente camuflada - em prol do desequilíbrio de rendimentos - que os seus pobres e fanáticos apologistas não vêem a realidade diante dos olhos?
E contudo, trata-se de um exercício que ainda ecoa pela eternidade do nosso presente.
As lágrimas de crocodilo dos neoliberais já não deviam convencer ninguém logo em 2007...
ResponderEliminarSó um idiota ainda acredita que a seita neoliberal está interessada em melhorar as condições de vida da generalidade da população.