sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Vá-se Qatar

O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. 

Marcelo Rebelo de Sousa a ser Marcelo Rebelo de Sousa: as questões laborais são sempre para esquecer, no Qatar ou em Portugal. Os milhares que morreram a trabalhar são para esquecer. Em Portugal, morre-se também muito a trabalhar, dos acidentes aos corpos e às mentes letalmente fragilizados a prazo. 

Aliás, o Qatar tem a vantagem de nos mostrar como se faz lá fora, na forma de capitalismo para a qual querem que converjamos, sem quaisquer freios e contrapesos: da força de trabalho descartável, graças a lei laborais que conferem cada vez mais direitos aos patrões, ao parque de diversões para ricos, sobretudo para os que gostam de pagar poucos impostos. 

No meio da falta de vergonha e de sentido de Estado - falta vergonha, porque falta soberania -, o futebol é corroído, o amor à camisola é cada vez mais manipulado. É mesmo o tempo da mercadorização sem fim, da “corrupção geral, da venalidade universal”, de que falava tão bem um velho com barbas.

3 comentários:

  1. Mas será que algo de diferente seria de esperar do “vendedor de jogo branco mor”?

    A. Pais

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  2. A coerência é sempre importante e Marcelo tem mantido a dele. A acção governativa dos últimos 40 anos é a arte de se dizer uma coisa e de se fazer outra.

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  3. Isto. Merece ser destacado:

    "na forma de capitalismo para a qual querem que converjamos, sem quaisquer freios e contrapesos: da força de trabalho descartável, graças a lei laborais que conferem cada vez mais direitos aos patrões"

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