sexta-feira, 9 de setembro de 2022

A questão do arrendamento


«A expressão do arrendamento em Portugal está intrinsecamente associada à evolução do crédito à habitação e do regime de casa própria, não refletindo assim os alegados "efeitos perversos" de uma regulação que é claramente favorável aos proprietários. (...) O que significa, por conseguinte, que a proclamada "crise de confiança" do setor apenas serve um discurso que se habituou, sem fundamento, a encarar com hostilidade um certo estilo de intervenção do Estado num domínio essencial dos direitos sociais constitucionalmente consagrados, como é o da habitação».

O resto da crónica pode ser lido no Setenta e Quatro.

5 comentários:

  1. Ficou também mais concreto que o grande impulso pelo regime de "casa própria" não resolveu o problema nacional de habitação. Por um lado, não se pode dizer que o aumento de construção de "casa própria" tenha substituído as necessidades de habitação em geral, porque uma grande parcela da população não tem sequer acesso a crédito. E, por outro lado, esse mesmo aumento de construção de habitações também não se refletiu em aumento de arrendamentos.

    E como se pode ver - falando de mitos - é a própria expressão "casa própria" que comporta um mito ideológico, verdadeiramente escabroso face à dimensão do problema.

    ResponderEliminar
  2. «uma regulação que é claramente favorável aos proprietários» - é preciso ter lata!

    ResponderEliminar
  3. Parte do problema vem do desinteresse da banca.
    Se se comparar os juros e prazos de pagamento exigidos a um particular que compre casa e a alguém que pretenda construir casas para arrendar chega à conclusão que é muito mais racional um investidor vender as habitações, recuperando o dinheiro no curto prazo, e deixar os compradores com o crédito de longo prazo. Isto porque os juros e prazos exigidos a um construtor só permitem o arrendamento se cobrar rendas mais altas do que as prestações dos empréstimos.
    Para construir para arrendar será preciso ter capital próprio para investir para 30 ou 40 anos de retorno e ter confiança na estabilidade do sistema nesse tempo.

    ResponderEliminar
  4. anónimo 23:11,

    não se trata de um problema de "confiança", mas um problema de iniciativa privada; ou melhor, de falta de iniciativa pública. essa é a questão do arrendamento.

    (nota: a banca não é desinteressada nisto. muito pelo contrário).
    (outra nota: não existe "compradores com crédito de longo prazo" mas "compradores a crédito de longo prazo"; só existe "compradores com crédito" no final do pagamento, até lá a casa nem sequer é "própria" do comprador a crédito, sendo esta uma das razões principais para que os "investidores" se aprontem para vender imediatamente).

    ResponderEliminar
  5. Ah, e já agora... para que a banca tenha interesse em problema sociais, pelo menos uma boa parte da banca precisa de estar sob o controlo político (isto é, precisa de ser nacionalizada). pense nisso, anónimo 23:11...

    ResponderEliminar