sábado, 16 de outubro de 2021

Que força é essa, amigo?


Durante uma das fases mais agudas da pandemia, Maria de Belém, antiga avençada do BES-Saúde, destacou-se por acusar a actual Ministra da Saúde, Marta Temido, e isto não se inventa, de falha ética, só porque colocou os profissionais do SNS, na vanguarda do combate à pandemia, à frente dos outros, aquando das primeiras vacinas. É preciso não esquecer estes momentos.

Na semana passada, e isto então não se inventa mesmo, Maria de Belém foi colocada a liderar a lista única para a Comissão Política do PS, uma posição superior e bem menos publicitada do que a entrega do cartão de militante à actual Ministra no congresso do PS. Os chamados equilibrismos de António Costa são assimétricos.

E a este nível, não há coincidências: decisões destas têm, para começar, uma dimensão expressiva. Estou certo que, se depender de figuras como Maria de Belém, o S de serviço, no SNS, passa a S de sistema, favorecendo-se ainda mais os grupos económicos da doença, os que andam a realizar investimentos avultados no aumento da capacidade, incluindo da capacidade político-ideológica. A crise é sempre uma oportunidade e, já agora, esta política orçamental também.

Adenda. Título roubado a uma bela música.

2 comentários:

  1. Pois, olhe, eu estou certo que se o BE e o PCP-PEV votarem contra o OE 2022, MRS marcar eleições e a Direita regressar ao Poder, nada do que diz vai interessar um pintassilgo que seja, na (in)feliz expressão de Eduardo Catroga, porque a Direita vai ter uma Estrada Real para implementar tudo o que deseja, incluindo a privatização do SNS de que fala, a provável venda ou liquidação da TAP, a continuação do ataque aos sindicatos da CGTP dos tempos da troika, e o mais que se possa imaginar.

    Não comece já é a arranjar desculpas para culpar o PS. Se a Esquerda da Esquerda acha que protege os seus interesses e os do seu eleitorado derrubando o Governo de António Costa e assumindo futuramente uma oposição pura e dura (leia-se impotente, quer dizer, sem força real) ao Governo da Direita, está no seu pleno direito. Fica-lhe mal é enjeitar as suas responsabilidades e despachá-las para ombros alheios.

    Convém ainda notar que Marta Temido (ou Pedro Nuno Santos, já agora) é uma escolha do actual PM e que ela deixará de ser Ministra da Saúde e será substituída por um qualquer tecnocrata e/ou ideólogo da Direita num Governo chefiado pelo agradável Paulo Rangel...

    E não, não é chantagem afirmar-se o óbvio. Chantagem é pensar-se que se chega a uma negociação e se obtém dela tudo o que se quer. Isso não é uma negociação, e sim uma capitulação.

    Espero que AC não alinhe nisso, até porque o eleitorado do PS votou no programa do PS e não no do BE ou do PCP-PEV. Se acreditasse nalgum destes programas, teria naturalmente votado num desses Partidos e eles seriam agora Governo.

    Só que não são. E não sendo, parece-me óbvio que é melhor obter-se 70%, ou 50%, ou, vá lá, 30% do que se deseja do que 100% do que se rejeita. Mas se calhar isso sou só eu que penso, que não percebo nada de política.

    Tudo o resto, gritaria à parte, são escolhas, e escolhas legítimas.

    E dessas escolhas resultam consequências. É tão simples quanto isso.

    P. S. E, já agora, convinha mesmo que gritassem todos um bocadinho menos. Há crises, incluindo crises políticas, que acontecem por acidente...

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  2. É caso para dizer que se depender de figuras como Maria de Belém, o S de socialista, no PS, passa a S de sistema.

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