Há dez anos, um outro Governo - com Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro, Paulo Portas como ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Vítor Gaspar como ministro de Estado e das Finanças e Carlos Moedas como secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, - apresentou a sua proposta de Orçamento de Estado para 2012.
A sua terapia está patente na imagem acima. Era - dizia-se - uma necessidade desejada, porque na austeridade se salvaria a economia (vulgo empresas) e, com ela, as pessoas. A única economia que se salvou foi o saldo externo e isso porque as pessoas perderam rendimento e empregos, viveram pior e emigraram, consumiu-se menos e investiu-se muito menos, o Estado cortou nas suas funções, cortou apoios sociais, cortou na Saúde e na Educação, no investimento, tudo para dar melhor vida às empresas. Mas, no final, claro está, o mesmo aconteceu às empresas e à economia. E, ao contrário do plano, as contas públicas afundaram no abismo.
Carlos Moedas, que concordou e defendeu também este disparate criminoso, dez anos depois está a tomar posse como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, à frente de um executivo camarário onde está - repita-se! - em minoria.
A lei parece ser clara: quem manda não é o presidente da Câmara, mas o executivo. Moedas vai querer aplicar o seu programa, mas vai ter resistência nos pontos em que a esquerda não gostar. E, tal como Cavaco Silva em 1985/87 em minoria no Parlamento, vai obviamente provocar rupturas (apesar de dizer que quer fazer pontes), vai esbracejar e gritar aos orgãos de comunicação social: "Deixem-nos trabalhar!". E quando achar que é o momento - e esse momento pode entroncar com o momento nacional do PSD - vai demitir-se e provocar eleições antecipadas, vitimizando-se perante o povo, pretendendo conseguir a sua simpatia contra quem o impede de cumprir o seu mandato popular. Como Cavaco Silva em 1987, vai querer uma maioria absoluta e, quem sabe? alinhar com a estratégia do PSD e, quem sabe?, guindar-se mais tarde ao seu topo.
Para abortar este plano já traçado, restará à esquerda perceber que a única solução será fazer - mais uma vez, tal como aconteceu com Jorge Sampaio - uma lista conjunta em Lisboa que cilindre a coligação que apoiará Moedas, desta vez já unido ao IL e Chega.
Será que Moedas vai então repetir as palavras cáusticas e azedas de Passos Coelho em Novembro de 2015 de que nunca recuperou?
E ainda hoje, com tudo que se sabe, ainda impera o discurso de ele (passos coelho) é que salvou o país ...
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