De facto, tenho de conceder que a esquerda negociou mal. Começar uma negociação com propostas recuadas, que podem ser aceites por qualquer partido de centro, é excessiva boa fé para quem está do outro lado da mesa.
A negociação deveria ter sido assim:
Esquerda: "Bom, queremos discutir o papel das assimetrias de propriedade não apenas na distribuição primária de rendimento mas também no que respeita os seus efeitos estruturais nas desigualdades de poder em todas as esferas da vida. Temos de discutir o papel do assalariato no contexto das sociedades capitalistas e contribuir para a sua superação. Queremos ainda resgatar para a esfera não mercantil todo o setor da saúde, da educação e do cuidado. Queremos denunciar o euro como um projeto neoliberal, que faz do trabalho a principal variável de ajustamento. Queremos mandar às urtigas a nossa presença em qualquer bloco militar que ciclicamente decide entrar por aí ao tiros em países soberanos. E, importante, estão aqui estes bilhetes para o Brasil para tudo o que é CEO da banca nacional.
Ah, e não menos relevante, o que queríamos mesmo é isto: o António Saraiva servido em bandeja à moda da bairrada, trespassado por um espeto de extremidade a extremidade, com uma maçã na boca e assado até a pele ficar tostadinha".
E respondia o PS: "Ah, isso é que agora não pode ser... Um espeto causa tanto desconforto e, ademais, onde é que vamos encontrar um espeto dessa dimensão a estas horas?".
Ah, e não menos relevante, o que queríamos mesmo é isto: o António Saraiva servido em bandeja à moda da bairrada, trespassado por um espeto de extremidade a extremidade, com uma maçã na boca e assado até a pele ficar tostadinha".
E respondia o PS: "Ah, isso é que agora não pode ser... Um espeto causa tanto desconforto e, ademais, onde é que vamos encontrar um espeto dessa dimensão a estas horas?".
Esquerda: "Bom, então só se forem 30 dias de indemnização por despedimento, como antes do período da troika".
E o PS: "Pronto, tá bem, tá bem".
E o PS: "Pronto, tá bem, tá bem".
Como alguém dizia do Professor Louçã, essa do Saraiva num espeto tem menos graça do que um tijolo (e não deixa de ser reveladora do que lhe vai na alma).
ResponderEliminarMas, sarcasmos sem piada à parte, se é mesmo esta a opinião que têm do vosso antigo parceiro de negociação, porque razão negociaram então 5 ou 6 orçamentos com ele (dependendo do Partido)? E porque razão provocam a dissolução da AR justamente agora quando este OE é bastante mais à Esquerda do que os anteriores?
Sabe o que isso parece? O discurso de uma esposa despeitada que de repente quer que acreditemos que só agora descobriu que o marido com quem vivia é afinal um traste, porque se cansou de esperar pelo anel de brilhantes com que este nunca se comprometeu...
Parece-lhe uma linguagem excessiva? Então olhe bem para o seu texto e pergunte-se se é com isso que vai roubar um voto ao PS que seja.
Acha que vive melhor com a Direita no poder? Então que lhe faça muito bom proveito...
Concordo 100%!
ResponderEliminarA esquerda tem vindo a conceder tanto, esta é a razão porque estamos no pântano.
A maioria da população já só faz é suportar todo o mal que a classe dominante lhe inflige...
Ahahahahahah! Muito bom! Tal e qual!
ResponderEliminarDiogo Martins, piadas (boas) à parte, a esquerda só poderia discutir essas questões no dia em que pedisse aos portuguese um mandato para iniciar e conduzir uma guerra, como o Syriza pediu aos gregos (que disseram não à troika) e depois se assustaram.
ResponderEliminarTudo o que no Ladrões de Bicicletas tem sido escrito, até à data, acerca do OE, pode ser muito verdadeiro, muito exato e fundamentado, mas eu em 2011 já trabalhava e tinha família e até hoje não perdoo o que aquela esquerda nos fez.
ResponderEliminarSe mais fosse necessário, os 4 anos que se seguiram fizeram-nos perceber que o PS é de esquerda. Graças, sobretudo, ao Jerónimo de Sousa, na altura comportando-se como um verdadeiro estadista, e à abertura dada pelo António Costa, o "gran finale" preparado ao milímetro pela inefável dupla PP, não acabou em tragédia.
Voltamos ao mesmo, se possível, pior. Uns e outros devem estar a cogitar estrategicamente no 2026, marimbando-se, claramente, para o seu eleitorado. É ele quem vai, verdadeiramente, sofrer com este disparate. E os eventuais futuros atores principais prometem ainda mais que a antiga dupla.