Apesar da natureza específica e contextual das eleições autárquicas, em que por exemplo o perfil e características pessoais dos candidatos à presidência dos municípios podem baralhar as leituras partidárias mais intuitivas (ou evidenciar sentidos de voto distintos face a outros escrutínios), é possível constatar algumas tendências de resultado nas eleições para as autarquias entre 2001 e 2017.
Uma dessas tendências tem que ver com o recúo gradual de voto à direita (cerca de -10 pontos percentuais), que reflete o aumento das votações à esquerda (cerca de +5 pontos percentuais) e em partidos com perfil ideológico menos definido (de 2,5% para 8,4% no período considerado). Outra tendência é a da relativa perda de terreno dos atuais partidos com representação parlamentar, quando avançam sozinhos (de cerca de 81% para 74%) e do aumento do peso relativo das coligações e candidaturas de independentes (Grupo de Cidadãos), mantendo-se inalterada a percentagem de votos noutros partidos que concorrem isoladamente (a rondar 1% do total).
Os resultados de amanhã permitirão verificar se estas tendências se mantêm, nomeadamente quanto ao aumento da votação à esquerda - que não deixa de trazer à memória os resultados que criaram as condições para a solução política encontrada na sequência das legislativas de 2015 (e que se repetiu, em termos de votos, nas de 2019) - e aumento da percentagem obtida por candidaturas independentes.
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