Na passada quarta-feira o Serviço Nacional de Saúde cumpriu 42 anos de vida. Por feliz coincidência, foram nesse dia divulgados dados sobre a taxa de vacinação completa contra a Covid-19 à escala mundial, com Portugal a posicionar-se no topo da tabela, com 82% da população a ter já recebido as duas doses da vacina. Trata-se, claro, de uma posição circunstancial, que se pode alterar. O que importa é mesmo o facto de estarmos no conjunto de 16 países do mundo que têm mais de 5 milhões de habitantes e pelo menos 60% da população com vacinação completa.
Como em tudo na crise pandémica, são múltiplos e entrecruzam-se os fatores que contribuem, em cada país, para o maior ou menor êxito, ou fracasso, do processo de vacinação. No nosso caso, e entre outros fatores, é de destacar o facto de os portugueses serem «os europeus que mais consideram que os benefícios da vacina contra a covid-19 superam os riscos (87%) e que mais defendem o “dever cívico” da vacinação (86%)». O que, conjugado com a extraordinária capacidade de organização e resposta do SNS neste âmbito, contribui, e muito, para explicar o sucesso da vacinação, que as comparações internacionais registam.
Agora imaginem que não dispúnhamos hoje de um serviço público de saúde - o SNS - com a sua rede de unidades e recursos fundada numa lógica de cobertura territorial e que assume os princípios da universalidade, gratuitidade e equidade no acesso, intrinsecamente comprometido com o direito constitucional à saúde e organizado de modo a assegurar a necessária coordenação, coesão e coerência na implementação de orientações e decisões. E que tínhamos, ao contrário - como a direita pretende - um «sistema» de saúde assente na indiferenciação entre público e privado (com o Estado a financiar este último), numa amálgama de perfis institucionais, «filosofias de vida» e objetivos distintos (desde logo na questão do lucro). Se assim fosse, estaríamos como hoje estamos no processo de vacinação? Certamente que não.
O SNS mais não faz que dar seguimento a uma longa tradição de Misericórdias e hospitais e serviços de saúde públicos.
ResponderEliminarIsto dito, é algo irritante este arvorar em grande bandeira o que nunca sofreu nem sofre outra contestação que não a que abrange a administração pública em geral, ainda que aqui moderada pelo reconhecimento de valores éticos e de solidariedade tão ausentes em outras áreas.
Mais irritante se torna a ânsia febril de mais e mais SNS, quando isso pressupõe ignorar-se a situação financeira do país e traduzir a pura ânsia de inviabilizar a área de saúde privada, numa guerra ideológica tão ridícula como demonizar o «lucro sobre a doença» como se todo o lucro não fosse sempre e só sobre o capital investido.
O que tu queres, sei eu...
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Os democratas apenas podem defender mais SNS e mais educação. Essas são as verdadeiras ferramentas democráticas, de fraternidade, igualdade e de progresso social!
EliminarE com habitação garantida como a saúde, como estaríamos hoje?
ResponderEliminarEstaríamos sem a crise de habitação grave...
Quem usufrui dos serviços do SNS não o faz pensando que está a receber caridade, o faz sabendo que tem direito a ter cuidados de saúde de qualidade.
Tanto o SNS como a ideia que todos temos direito à saúde são conquistas civilizacionais com efeitos concretos nas vidas das pessoas, falta conquistar mais, como por exemplo a habitação.
O SNS não é um custo, é riqueza, uma riqueza que permite a todos fazer melhor.
Sem o básico garantido não se pode fazer melhor.
Nada de timidez, pá:
ResponderEliminarPaz, pão, habitação, saúde, educação....
Paz, quem é que quer guerra? Quem lucra com ela e que sabe que são os outros que vão morrer nela;
ResponderEliminarPão com farinha integral e sementes de linhaça, abóbora, sésamo, etc. para alimentar melhor;
Habitação de qualidade, com isolamento térmico para ser mais confortável e para não se usar tanto o aquecedor;
Investir mais no SNS para o tornar ainda melhor, e para que o número de portugueses anti-SNS seja reduzido ainda mais;
Educação feita em edifícios de qualidade e apetrechados com os mais variados equipamentos, com boas condições de trabalho para que os profissionais, desde o professor ao contínuo, possam desempenhar as suas funções bem;
Mais transportes colectivos confortáveis e eficientes, pelo ambiente, pela mobilidade e porque ficar preso no trânsito é um desperdício de vida;
Substituir a legislação laboral que favorece aqueles que lucram com a precariedade por legislação que protege quem trabalha.
"Jose", nós já não estamos em 1974, agora a plebe é mais exigente!
O provocador «Jose» aqui deixa ficar o seu fel, enquanto no blog «O Adamastor» é só elogios ao seu amigo e confrade, o Tenente-Coronel João José Brandão Ferreira.
ResponderEliminarEsse teu ódio e fascismo não vão muito longe, «Jose».
Convinha igualmente lembrar que não estaríamos onde estamos sem um terceiro factor, a capacidade negocial da UE para adquirir vacinas, que muitos se apressaram a ridicularizar quando houve atrasos logo no início do processo de vacinação.
ResponderEliminarPois, mas há um bom número de países da UE com dimensão semelhante ao RU que já conseguiram vacinar uma percentagem maior da sua população do que os britânicos.
Vence a corrida quem no fim chega primeiro, não quem parte com vantagem.
Já sei que me irão falar na vacina russa e essa tem elevada eficácia, mas os russos estão longe de ter a capacidade produtiva das multinacionais farmacêuticas (e ainda só conseguiram vacinar cerca de 30% da sua própria população) ou da vacina chinesa, só que a eficácia desta anda longe da da Pfizer...
Só que dar o braço a torcer é coisa que algumas pessoas nunca farão. Pouco importa, perderam a parada, como é aliás habitual...