quarta-feira, 22 de setembro de 2021
«Bolsas» e «seguros», que não são liberdade nem escolha
Na candidatura a Oeiras, a Iniciativa Liberal tem um outdoor que promete «Bolsas» para frequência de Creche e Jardim de Infância e, na página do facebook, um «Seguro Municipal de Saúde», para assegurar «aos cidadãos os cuidados (...) que necessitam, independentemente de o prestador ser público, cooperativo ou privado». Alegam que com este seguro «a escolha é tua» e que assim se garante, «de forma inequívoca, a universalidade no acesso». Só não explicam quanto custa (pouco não é certamente) nem de onde vem o dinheiro para financiar estas medidas.
Não sendo plausível que a IL aumente ou crie novos impostos (pelo contrário), cabia ao partido dizer em que rubricas do orçamento municipal vai cortar para patrocinar as «bolsas» e o «seguro». Aliás, e mesmo ainda antes disso, seria de esperar que a Iniciativa Liberal assumisse que o que quer mesmo é criar um «cheque-ensino» e um «cheque-saúde», de modo a poder financiar privados com dinheiros públicos. Se estes vouchers são assim tão bons, tão «universais» e com tanta «liberdade de escolha», porque não dizem, sem disfarce nem vergonha, ao que vêm?
A questão é que a IL tem a noção que propor «cheques-ensino» e «cheques-saúde» não é um trunfo eleitoral mobilizador. Porque já perceberam que já se percebeu que estes instrumentos, apenas na aparência bondosos, significam subfinanciar serviços públicos e instituir profundas desigualdades sociais no acesso, ao contrário do que se apregoa. É que, perante a procura, e em contexto de concorrência (que obriga a alardear elevados níveis de supostos «sucessos»), são os privados quem detém, na verdade, a dita «liberdade de escolha», optando pelos melhores alunos (que garantem bons lugares nos rankings), pela manipulação de notas, pelas situações de doença menos problemáticas ou pela inflação de atos médicos. Ao contrário do que sucede com a Escola Pública e o SNS, que são de todos para todos.
Já agora, quem pagou este «outdoor» tão bonito, tão eleitoralista e mentiroso do «IL»?
ResponderEliminarEm Lisboa, o BE também promete dez mil casas com renda acessível. Como?
Onde foi o BE conseguir tanta casa? Aliás, o BE nesse cartaz eleitoralista e mentiroso, promete o que Medina prometeu nas últimas eleições autárquicas e não conseguiu cumprir.
É preciso ter cuidado com o eleitoralismo e as intrujices do costume (e sempre com um falso sorriso à mistura).
Tudo e sempre no papel:
ResponderEliminar- a instituição da igualdade social
- a instituição da liberdade de acesso.
"A questão é que a IL tem a noção que propor «cheques-ensino» e «cheques-saúde» não é um trunfo eleitoral mobilizador."
ResponderEliminarEnquanto se discute se os "cheques-ensino" são ou não "um trunfo eleitoral mobilizador", a realidade avança. A realidade.
https://www.publico.pt/2021/07/14/sociedade/noticia/recurso-explicacoes-ameaca-tornarse-universal-continua-regulamentar-1969901
Quantos seriam recetivos a receber um "cheque-ensino" que permitisse pagar a explicadores? Talvez se fosse formulado desta forma o tema se tornasse um "trunfo eleitoral mobilizador".
Quanto a "cheques-saúde", podemos começar por falar de ADSE.
visto que a maioria das explicações é dada de forma ilegal, não servia de muito ter um cheque escola pa esse fim.
EliminarSobre a liberdade de escolha de prestação de serviços na saúde.
ResponderEliminarTodos (salve o exagero) são contra a "liberdade de escolha".
Segundo a Pordata, a ADSE tinha em 2019 1.199.027 beneficiários (https://www.pordata.pt/Portugal/Benefici%C3%A1rios+da+ADSE-612) e em nove meses "ADSE ganha mais 105.507 novos beneficiários" (https://www.publico.pt/2021/09/14/economia/noticia/adse-ganha-105507-novos-beneficiarios-nove-meses-1977423).
E o que quer a Associação de beneficiários da ADSE? Liberdade de escolha!
(https://www.publico.pt/2021/09/20/economia/noticia/adse-recua-volta-pagar-analises-exames-prescritos-sns-1978148)
Dissonâncias cognitivas que a esquerda aproveita.
Ninguém quer "liberdade de escolha" e "cheques" na saúde e educação mas:
ResponderEliminar- Foi preciso criar regras e fiscalizações para impedir o processo generalizado e bem conhecido dos pais que arranjam moradas falsas para escolher a escolha pública dos filhos (um assunto que foi varrido para debaixo do tapete este ano);
- Nas escolas, pais tentam escolher os professores e os colegas para os seus filhos, escrevendo cartas às direções, mudando-os de turma, ...
- Desde sempre o negócio das explicações floresce, gerando rendimentos extra para ... professores da escola pública. Muitos querem escolher o melhor professor para ;
- Beneficiários da ADSE e subscritores de seguros de saúde valorizam a possibilidade de escolher o médico/clínica/farmácia/... onde querem ir;
...
Realidades e dissonâncias cognitivas que a esquerda ignora para colocar na lapela a defesa da escola pública, do SNS (público), ...
Nem de propósito:
ResponderEliminarO Governo autorizou este mês uma despesa de cerca 4,6 milhões de euros (4 574 079,33) para que a Infraestruturas de Portugal (IP), da qual o Estado é o único acionista, possa voltar a contratar um seguro de saúde para os trabalhadores para os próximos três anos.
https://ionline.sapo.pt/artigo/747140/ip-governo-autoriza-despesa-de-4-6-milhoes-com-seguro-de-sa-de-?seccao=Dinheiro_i
Outra dissonância cognitiva: é um governo de esquerda, socialista, viabilizado por dois partidos de esquerda (um deles comunista). Todos contra a liberdade de escolha, defensores do SNS, contra os "cheques". Na lapela.
Provavelmente, o «IL» anunciou esta piada (que nunca podem vir a concretizar), antes de mais uma excursão turística, num autocarro descapotável, pela zona de Sassoeiros, com promessa no final de tiro com arco a figuras da chamada «geringonça». Resta saber, quem pagará a despesa dos «meninos» do «IL»?
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