sábado, 10 de julho de 2021

Fracisco Assis, novo cargo, velhos truques


 João Oliveira, presidente do grupo parlamentar do PCP, fez declarações aos órgãos de comunicação social onde criticava a tentativa de Francisco Assis, novo Presidente do Conselho Económico e Social (CES), se tentar imiscuir nas negociações que o PCP está a realizar com o Partido Socialista acerca da lei laboral. Relembrando que o parlamento tem a legitimidade do voto popular, João Oliveira disse que Assis se deveria pôr no seu lugar. (aqui). 

Francisco Assis, numa atitude sem paralelo em presidentes anteriores do CES, faz um comunicado oficial (aqui) enquanto presidente daquele órgão a fazer um ataque totalmente desajustado a João Oliveira e ao PCP. 
 
Todo o comunicado é um tratado do que é a costumeira vitimização de Assis e do que nunca ninguém com o mínimo sentido do lugar institucional que ocupa deveria escrever.
 
Mas destaco o ponto 5, que é quase divertido de tão absurdo. Nele pode ler-se que “Não preciso que ninguém me ponha no meu lugar, tal como eu não pretendo determinar o lugar dos outros. Esta linguagem é imprópria de uma democracia. Adequa-se melhor a regimes em que o lugar dos democratas é nas prisões”. 
 
O ponto 5 deste comunicado é um clássico de Francisco Assis. Sempre que alguém discorda dele pela esquerda, não resiste a sugerir que o seu opositor tem simpatias pelo totalitarismo para ganhar a discussão pela pretensa moral e não pelo argumento. 
 
Não houve aqui ponta de ameaça nem desajuste no tom. Foi apenas um deputado eleito por sufrágio universal a relembrar a um presidente eleito indiretamente pelos deputados que não preside nem a uma câmara alta, nem a um senado nem a uma câmara corporativa: preside a um mero órgão consultivo. 
 
Bem sabemos que o lugar lhe foi legado para fazer de força de bloqueio a arranjos progressistas no parlamento. Está a fazer bem o seu papel. Mas os deputados têm o direito de lhe relembrar a sua legitimidade relativa face ao parlamento. E isso é explicar a democracia. Livre, plena e renovada a cada novo mandato. Ao contrário da constituição do órgão a que preside, onde os mesmos burocratas do patronato retalham o país há várias décadas.

8 comentários:

  1. Este Francisco Assis é mais um daqueles tipos que se diz socialista mas não faz ideia o que isso significa.

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  2. Continuo a ficar espantado com a facilidade com que pessoas ditas socialistas tomam posições que coincidem com as práticas do PSD e/ou CDS.
    Dou como - mais um - exemplo as declarações de Mário Centeno (que eu apelido de "cherne do PS" porque, tal como Durão Barroso, abandonou o governo para ocupar um "tacho" mais rentável) contra a alteração das leis laborais.
    Para estes Srs., o Trabalhador continua - na melhor prática do capitalismo - a ser a parte fraca da equação Trabalho/Capital.

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  3. É uma ignomínia o que João Oliveira disse à diva suprema “socialista” Francisco Assis!
    Mas alguém duvida das boas intenções de Francisco Assis?
    O Xico é um valente guerreiro pelas causas do trabalhador!

    Francisco Assis é daqueles “socialistas” que os pafistas adoram, eles sabem muito bem que tipos como Assis são aliados dos Donos Disto Tudo.
    Nem sequer digo que Assis é oposição controlada pois é transparente que interesses o Xico serve…

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  4. Assis? Continua com a azia do leitão da Bairrada. Ele não é só anticomunista, é um tipo que, como sempre, pensa ter um poder que não tem. Queria ser secretário-geral do PS para eventualmente ser primeiro-ministro, mas falhou. Possivelmente ainda não desistiu desse sua desmesurada ambição. Todavia o cargo que ocupa, mais não foi do que o resultado de uma provocação do PS ao movimento sindical, ou melhor dizendo, à CGTP.

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  5. O Francisco Assis ainda não foi "transferido" para o PSD ou para o CDS?

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  6. O sr Assis tem o direito de exprimir a sua opinião ,pelos canais próprios e publicamente ponto.
    Pôr-se no lugar é uma expressão de manda chuva em dias de chuva lá na empresa pelo patrão impropria.

    Há muitos problemas em Portugal pobreza, corrupção etc etc COMBATER NOS COMBATES DECIIVOS

    andrade da silva

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  7. O Francisco Assis só existe para nos lembrar que o PS não é nem nunca foi um partido de esquerda.

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  8. O Francisco Assis é uma nódoa política, como todos pro certo concordaremos. Corporizando a direita trauliteira e o anti-comunismo mais primário (talvez emparelhado com o Silva que agora e para nossa desgraça colectiva, pontifica como ministro de negócios estrangeiros), o sr. Assis beneficia da atenção do pasquim Observador e desse pináculo de elevação intelectual chamado srª. dª. Avilez. De Passos Coelho de má memória, viria a dizer em 2020 que o país tem para com ele uma dívida. Por todas estas razões, poderia até perguntar-se porque razão o PS não se insurge contra Assis ou, em sentido oposto, Assis não leva as suas tão fundas divergência com as guinadas (no seu entender) do PS "à esquerda" e não busca outro caminho com que melhor se reveja. A razão encontra explicação simples se, como acredito ser correcto, entendermos que Assis é o PS e o PS é todo Assis. De facto, a estratégia de jogar em vários tabuleiros (ainda que com muito tirinhos e facadas internas, superiormente ilustrados nesse momento deprimente que foi o debate Costa / Seguro para o acesso ao poleiro, perdão, cargo de S. Geral), é o âmago dos partidos ditos da social-democracia. Num permanente exercício bicéfalo e esquizofrénico, é preciso conceder nada agora e prometer muito para depois, convictos de que no fim, é do poder e da condescendência dos de cima - que tomam por eternos na sua posição - que hão-de vir as migalhas que nos sustentam. Portanto, Assis faz todo o sentido e por mais abstruso que isso possa parecer, ter o comportamento que tem ao mesmo tempo que navega nas águas de um partido que insiste em se auto-denominar socialista, está longe, muito longe até, de fazer dele uma espécie de bizarria ou homem só.

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