Como assinalou há dias Carlos Cipriano, no Público, Portugal tem hoje «o mesmo número de quilómetros (2.546) [de ferrovia] que tinha em 1893». De facto, no pós-25 de Abril a tendência foi sobretudo de fecho de linhas (-38Km por ano, em média), apesar da construção de outras (como a que passou a permitir a travessia do Tejo, concluída em 1999). Por períodos históricos, a rede ferroviária existente em 1974 (cerca de 4.242Km), foi essencialmente construída durante a Monarquia Constitucional (76% desse total), a República (14%) e o Estado Novo (11% do total).
É bem certo que a contração da rede ferroviária desde 1974 reflete a opção crescente pela rodovia e, nessa medida, a democratização do acesso ao automóvel, indissociável da própria democracia e da melhoria dos níveis de bem-estar. Mas do ponto de vista da aposta num transporte público mais económico, estruturante para a coesão do território e mais amigo do ambiente (sobretudo com a eletrificação), o desinvestimento na rede ferroviária, ao longo das últimas décadas, não deixa de suscitar uma enorme perplexidade.
É por isso que o recentemente anunciado Plano Ferroviário Nacional (cuja elaboração estará concluída em 2022) constitui uma autêntica revolução, como referiu recentemente o ministro Pedro Nuno Santos. Nas suas concretizações a médio-prazo (até 2030), os projetos já definidos vão permitir ganhos importantes nos tempos de ligação entre vários pontos do território, passando-se por exemplo a dispender menos de uma hora de viagem de Lisboa a Coimbra ou do Porto a Leiria, a par de melhorias no acesso à rede ferroviária nacional em territórios do interior.
Passageiro regular da Linha da Beira Alta (que hoje liga já de novo à da Beira Baixa), pude constatar a degradação progressiva da mesma entre 2011 e 2015. Isto é, no tempo da troika e de uma direita para lá da troika, apostada no «empobrecimento competitivo», na redução dos serviços públicos e nas famosas «reformas estruturais», tidas como inevitáveis para superar os nossos bloqueios e atrasos. Ironicamente, eram de facto atrasos, crescentes, que se verificavam nessa altura na chegada das composições a Lisboa ou à Guarda, gerados pela necessidade de reduzir a velocidade nos troços mais degradados da linha, por falta de obras de manutenção. Precisamos de facto de reformas estruturais, como a que está em curso na ferrovia. De esquerda.
É bem certo que a contração da rede ferroviária desde 1974 reflete a opção crescente pela rodovia e, nessa medida, a democratização do acesso ao automóvel, indissociável da própria democracia e da melhoria dos níveis de bem-estar. Mas do ponto de vista da aposta num transporte público mais económico, estruturante para a coesão do território e mais amigo do ambiente (sobretudo com a eletrificação), o desinvestimento na rede ferroviária, ao longo das últimas décadas, não deixa de suscitar uma enorme perplexidade.
É por isso que o recentemente anunciado Plano Ferroviário Nacional (cuja elaboração estará concluída em 2022) constitui uma autêntica revolução, como referiu recentemente o ministro Pedro Nuno Santos. Nas suas concretizações a médio-prazo (até 2030), os projetos já definidos vão permitir ganhos importantes nos tempos de ligação entre vários pontos do território, passando-se por exemplo a dispender menos de uma hora de viagem de Lisboa a Coimbra ou do Porto a Leiria, a par de melhorias no acesso à rede ferroviária nacional em territórios do interior.
Passageiro regular da Linha da Beira Alta (que hoje liga já de novo à da Beira Baixa), pude constatar a degradação progressiva da mesma entre 2011 e 2015. Isto é, no tempo da troika e de uma direita para lá da troika, apostada no «empobrecimento competitivo», na redução dos serviços públicos e nas famosas «reformas estruturais», tidas como inevitáveis para superar os nossos bloqueios e atrasos. Ironicamente, eram de facto atrasos, crescentes, que se verificavam nessa altura na chegada das composições a Lisboa ou à Guarda, gerados pela necessidade de reduzir a velocidade nos troços mais degradados da linha, por falta de obras de manutenção. Precisamos de facto de reformas estruturais, como a que está em curso na ferrovia. De esquerda.
A arrogância da esquerda, quando tem dinheiro, só compara a sua desresponsabilização perante as consequências de quando o derrete!
ResponderEliminaroh amigo quer dizer... frases soltas também eu quer ver: a direita autoritária levou nos a duas guerras mundiais e ao maior fosso das desigualdades da historia da humanidade. ve? também sei! agora diga la: ferrovia é desperdício de dinheiro é isso? ou é bom sim mas no litoral? na AV para servir lisboa e porto? e o resto do pais regional é para abater?? explique se, contribua, tá a ver?
EliminarArrogância da esquerda quando tem dinheiro? Não é a esquerda que quer andar a mandar milhões ao novo banco sem o nacionalizar, nem é a esquerda que quer apoiar os hospitais privados em vez de investir no SNS. Portanto, gastar dinheiro para sustentar bancos e empresas com gestores merdosos é aceitável, mas gastar dinheiro para melhorar a qualidade de vida dos Portugueses comuns não? O investimento na ferrovia vai impulsionar a economia 100 vezes mais que qualquer resgate
ResponderEliminarSeria interessante que os economistas interessados no desenvolvimento e melhoria das condições de vida da generalidade da população se focassem não tanto no dinheiro (que como é fácil de constatar, é criado do nada) mas sim nos recursos reais que, por exemplo, este investimento na ferrovia vai necessitar.
ResponderEliminarA mão de obra existe para construir/ melhorar a ferrovia?
Os materiais para a construção existem para construir/ melhorar a ferrovia?
Os comboios são construídos onde? Em Portugal, na Alemanha?
O que é necessário importar para a construção destas infraestruturas?
Um Estado com moeda própria tem a facilidade de ter os recursos monetários para comprar os recursos disponíveis no país para a construção de infraestruturas, um país da zona Euro, especialmente um país periférico precisa da permissão da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e da Merkel. A miserável regressiva realidade "europeísta" em que nós vivemos...
O Partido "Socialista" é, tal como a restante direita, um partido que tem andado a conspirar contra o interesse superior da generalidade da portuguesa portuguesa.
"O investimento na ferrovia vai impulsionar a economia 100 vezes mais que qualquer resgate" - Troikamano
ResponderEliminarOs resgates da Banca falida impulsionaram zero a economia, meter biliões na Banca só para ela não colapassar, coisa que tem sido feita desde 2008, não cria investimento produtivo.
O que está acontecer como o "Novo Banco" não é sustentável e vai ter que parar, e vai ter que parar com um governo com a coragem para acabar com o regabofe parasitário rentista. Esse governo não será um governo com o apoio do Partido "Socialista", claramente o Partido "Socialista" escolheu os interesses rentistas há décadas!
CHOVE HIPOCRISIA : " Presidente do Conselho Europeu: “A bússola europeia não pode ser o PIB, tem de ser o bem-estar dos cidadãos” https://www.publico.pt/2021/05/06/mundo/noticia/bussola-europeia-nao-pib-bemestar-cidadaos-1961363
ResponderEliminarMAS..
PRR recupera medidas da troika para os hospitais (e um aperto no Orçamento) reforma que os administradores hospitalares acusam de ser “uma reedição da troika”. E mostram que Costa prometeu a Bruxelas comprimir a despesa e reforçar a fiscalização
https://expresso.pt/politica/2021-05-06-PRR-recupera-medidas-da-troika-para-os-hospitais--e-um-aperto-no-Orcamento--5cbb6041?fbclid=IwAR0jMpHR8ovxIiGphVZMZ7SxIBuohLmYdciHtdzUyzeMpogiqgS1eLgaTrg
A falsa modernidade deixou morrer a estrutura ferroviária nacional, em particular no interior do País. Só pode estar contra a sua reabilitação quem não entende as necessidades das populações em matéria de transporte de passageiros e mercadorias.
ResponderEliminarAcho absolutamente ridículo que simplesmente se compare os kms da ferrovia actual com os de 1893, num tempo em que não havia carros e autocarros e a população estava distribuída de maneira completamente diferente. Há linhas que foram desactivadas que não fazem falta alguma e que não há maneira de as rentabilizar outra vez, porque para concorrerem com os outros transportes tínhamos que gastar tanto dinheiro a refazer tudo de raiz e mesmo assim... É evidente que há outras linhas que já deviam funcionar muito melhor há anos. Uma linha de alfas a andar a 249km/h de Viana/Braga a Lisboa e Faro é essencial. Não chega de gastar dinheiro em autoestradas em que ninguém passa ou estádios de futebol que ninguém usa?
ResponderEliminarLuís
«A arrogância da esquerda, quando tem dinheiro, só compara a sua desresponsabilização perante as consequências de quando o derrete!»
ResponderEliminarE o que dizer da direita? Quando tem a responsabilidade de governar, não investe e divide os lugares pelos seus amigos e conhecidos. Pedro Mota Soares (do governo de Passos Coelho) continua livre da justiça, depois de distribuir lugares na segurança social aos seus amigos e colegas de partido que usaram os mesmos lugares para benefício privado.
E o que dizer do governo de Cavaco Silva?
E que tal o governo do antigo regime que «Jose» tanto gosta? Para que serviu economizar, se grande parte foi gasto numa guerra estúpida.
e é pra transportar o quê? vai tudo por estrada
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