Diz o juiz:
- Tem um filtro activado. Talvez queira...
- Ahhh.. Estamos a tentar. Está a ouvir-me, senhor juiz? - diz o advogado vítima de um filtro de uma sessão zoom que o faz aparecer com cara de gatinho triste.
- Estou a ouvi-lo. Penso que é um filtro...
- Simm, não sei como removê-lo. Já pedi à minha assistente. Ela está a tentar, mas... Eu estou preparado para continuar. Eu estou aqui, sou real. Não sou um gato!
- Estou a ver isso - responde o juiz, muito levemente convencido.
Não se sabe o que aconteceu. Se foi uma maldade, se foi um engano casual ao tocar-se na tecla errada.
Mas estou a apostar que o resultado constitua o primeiro de outros casos, a suceder em Portugal. Dada a habitual condescendência dos jornalistas portugueses - seguindo modas externas fruto da concorrência entre órgãos de comunicação social - de aceitar prolongadas conferências de imprensa, sem qualquer filtro jornalístico e muitas vezes sem direito a perguntas, como se fossem meros microfones de sala, um dia, talvez alguém invente uma forma de desmontar esse estratagema político para evitar o tratamento jornalístico, transformando o prevaricador, não em gatos, mas em bichos menos bonitos.
Aceitam-se sugestões.
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