No país em que a riqueza dos bilionários cresceu um terço, entre Março e Novembro do ano passado (cerca de 1 bilião de dólares, ou seja, um milhão de milhões), a secção EUA da The Economist da primeira semana deste ano tem duas notícias seguidas e complementares que começam assim:
“Um em cada oito norte-americanos passou fome na semana passada” e “80 000 norte-americanos morreram por overdose entre Junho de 2019 e Maio de 2020, mais do que em qualquer ano de que há registo”, parte das chamadas mortes por desespero, responsáveis pela queda da esperança de vida.
Estes são alguns dos resultados do modelo capitalista norte-americano de Reagan em diante, da chamada era de Friedman ou de Hayek (a designação do próprio Friedman...), do modelo favorito da liberal The Economist, da esmagadora maioria dos economistas nacionais, que o papaguearam até à náusea, e da UE, desenhada nos anos noventa para o institucionalizar, para forçar a aproximação dos países deste lado ao lado de lá.
Era o fim da história. Uma história monstruosa e que produz monstros, na realidade.
Convém precisar, em abono da verdade, que esses terríveis dados se referem a Estados, dos EUA, com administração do Partido Democrata (por ex- Califórnia) que, tal como cá, acha que a boa administração estadual é a que "tende para o socialismo" e tem por repetida consequência esses resultados que menciona.
ResponderEliminarA vantagens dos cidadãos dos EUA é que podem votar com os pés. Despovoa-se a Califórnia rumo ao Texas e outras paragens não socialistas. Despovoa-se, desertifica-se Nova York em população e economia, crescem as pequenas cidades dos suburbios.
E não só cidadãos a migrar. Essa migração interna já envolve um número significativo de gigantescas empresas -como a Tesla e outras- que levam consigo empregos e deixam de pagar IRS e IRC nesses Estados de adm socialista, impostos aliás muito pouco socialisticamente redestribuídos.
Yanis Varoufakis escrevia há poucos dias atrás que a crise pandémica revelou 7 segredos. O último segredo revelado pela resposta dos governos da geringonça europeia é que se tornou perfeitamente claro que tudo poderia ser diferente.
ResponderEliminarDe facto, o "não há alternativa" dos ALÉM-DA-TROIKA foi para o caixote do lixo; afinal, não faltam alternativas.
Diz ele que não resta nenhuma razão para aceitar o status-quo.
Cita ainda B. Brecht: "Porque as coisas estão como estão, as coisas não permanecerão tal como estão."
Do lado de lá do Atlântico, os 931 biliões de $ que os 614 bilionários americanos amealharam a mais, desde março de 2020 não resultaram de qualquer esforço de produzir o que quer que seja.
Eles enriqueceram durante o sono, à medida que os bancos centrais inundavam o sistema financeiro com dinheiro fresquinho, saído da impressora, o que fez disparar o valor dos ativos financeiros e, portanto, o valor estimado das respectivas fortunas.
Rico é quem não consome o seu rendimento, o que implica que salvo desastre, doacção, imposto saqueador ou má administração só pode acrescer em riqueza.
ResponderEliminarQuem não digere tal lógica ou é socialista ou burro.
Os impostos vão crescer com o Biden, mas os USA permanecerão capitalistas.
Rico é quem não consome rendimento, diz o mestre, fazendo de conta que era possível algum deles consumir tantos recursos como ganham numa hora, e como se não soubesse que isso é uma fuga do circuito da economia real. De que serve a riqueza se não sai do computador, armazenada até descendentes distantes a esbanjarem em porno-riquismo?
ResponderEliminarSe é socialismo fazer contas, de facto, há poucos.
Topem como não tarda que da inutilidade da riqueza no computador se proclamarão os danos da financerização (nem sei bem como se diz) da economia, quando nada há como o consumo para salvar a economia real e o planeta.
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