quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Coisas que não ajudam mesmo nada


Cerca das 21h00 de ontem (terça-feira), pelo menos a TVI, SIC e Expresso difundiram a informação de que o Hospital Amadora-Sintra já não dispunha de oxigénio para os doentes («esgotara a capacidade de oxigénio»), sem a devida confirmação junto da unidade hospitalar. Na TVI, surge passados poucos minutos a Bastonária Ana Rita Cavaco, qual abutre, a comentar. A versão inicial da notícia do Expresso era perentória: «o oxigénio para tratamento de doentes acabou ao final da tarde desta terça-feira. Vários doentes transferidos para unidades mais próximas».

Em comunicado, o Hospital informou que não estava «em causa a disponibilidade de oxigénio» nem o «colapso da rede» (a nova formulação adotada pela TVI e Expresso/SIC para tentar corrigir o precipitado tiro de partida), mas sim a necessidade de assegurar a administração de «oxigénio em alto débito» (pressão), procedendo-se para esse efeito à transferência de 48 doentes ventilados (não invasivos) para outras unidades. Diana Ralha, assessora do Hospital, acrescentaria ainda que os dois tanques do Amadora-Sintra tinham «imenso oxigénio», estando a unidade igualmente «muito bem fornecida» relativamente a botijas e cilindros de oxigénio.

É de facto muito difícil compreender como é que num momento como o que o país está a atravessar se difundem «notícias» destas, cujo potencial de alarme é desmesurado, sem a devida confirmação. E que, constatado o erro e a precipitação, não se removam de imediato os títulos anteriormente publicados nas redes sociais, deixando apenas a notícia entretanto corrigida. É que existe hoje, dada a facilidade com que os boatos alastram, potenciando o pânico e podendo afastar pessoas dos hospitais, uma redobrada exigência de rigor informativo.

Adenda: À hora a que escrevo (01h49 de quarta-feira) ainda encontro ativas, na página do facebook do Expresso, as ligações para a notícia «Covid-19. Hospital Amadora-Sintra esgotou capacidade de oxigénio» (com 812 partilhas) e para a notícia «Hospitais pressionados ajudam Amadora-Sintra depois de colapso da rede de oxigénio», para lá da notícia, já mais recente e mais consentânea com a realidade, «Sobrecarga na rede de oxigénio. Amadora-Sintra e Hospital da Luz abrem enfermaria conjunta».

9 comentários:

  1. Abutres ê a palavra certa
    Um dos que andou a multiplicar por dez essa informação foi aquele tipo que vive na Holanda e que sob os mais variados nicks não parou de espalhar a notícias do Expresso apresentando-a como a falência do SNS

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  2. Depois da mentira sistemática da versão PAF, eis que a direita mais asquerosa da Europa se lança despudoradamente no aproveitamento eleitoral das tragédias.
    Já tinha acontecido em 2017, com os incêndios incontroláveis, mas agora volta a acontecer, num climax de nojo, com a pandemia.
    Tudo para atingir o poder e assim sustentar melhor os negócios insustentáveis dos oligarcas, a maior parte deles descendentes dos antigos traficantes de escravos.

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  3. Ao que ouvi a notícia é falsa:
    Não falta o oxigénio, a rede é que é inadequada para a expansão improvisada.

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    1. Não se percebe José
      Tão lesto a dizer que respeita a coisa e agora aldraba na coisa com este despudor
      Ê como convém às coisas

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  4. Há mais disso :

    https://expresso.pt/coronavirus/2021-01-26-Nunca-em-40-anos-tinha-havido-mais-de-700-mortes-num-so-dia-em-Portugal-esse-maximo-ja-foi-superado-cinco-vezes-este-mes

    Considerando que a taxa de mortalidade anda à volta dos 10%, isso quer dizer que em média morrem por dia cerca de 3000 portugueses. Assim sendo, onde foi o expesso desencantar aquele "achado" e com que finalidade o publicita ?

    MR

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  5. A diferença entre capacidade da rede e falta de material; para os ignorantes informa-se:
    - o primeiro caso diz respeito a infraestruturas, logo investimento.
    - o segundo é abastecimento, logo operações correntes.

    E esse hospital está sob administração pública...



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  6. O que aconteceu é pior do que ter faltado o oxigénio, no meio da catástrofe e da falta de planeamento do governo que a exponenciou os fornecedores terem deixado de poder fornecer até se percebe, o que não se percebe é o que governo em 10 meses não ter investido em manutenção e não ter adequado a rede a um eventual pico de utilização. Culpar os media por causa deste estrondoso falhanço ignorando que estamos no topo de mortes e casos covid por milhão é só mais do mesmo

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  7. Duas correcções que se têm como importantes:

    . Nós não temos a "direita mais asquerosa da Europa". Direitas asquerosas há muitas. Esse tipo de campeonatos fica bem noutros sítios, onde a reflexão sobre a realidade se faz sistematicamente de forma superficial e primária.

    . É preciso saber o que é isso de taxa de mortalidade
    Taxa bruta de mortalidade - total de mortes ao ano por 1000 pessoas.
    E depois fazer contas. (Mas não peçam ao JPF nada disto. Não só geralmente fala do que não sabe, como se encontra ainda a braços com a segunda derivada)

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  8. "Culpar os media" blablabla

    Há sempre alguém que tenta defender os bravos bons rapazes que fazem bem o "seu" trabalho nos media.

    Protecção da espécie ou do dono?

    (E então...quanto aos fornecedores até se percebe...)

    O que é espantoso é que isto sai dos mesmos lugares de onde emergem comentários negacionistas. Pintalgados com o habitual toque rebolucionário para ver se passam

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