Como dizia há uns anos Isabel Vaz, CEO do grupo Luz Saúde, negócio mais rentável do que este só mesmo o das armas. Por isso e não só, nenhum outro sector - nem a educação, nem a segurança social, nem o apoio à terceira idade - é tão vulnerável à captura do Estado pelos grandes interesses. Em nenhum outro sector - nem na energia, nem nas telecomunicações, nem na banca - é tão difícil assegurar uma regulação da concorrência que seja eficaz e independente dos interesses instalados.
No contexto da pandemia, o problema agrava-se. Perante a incapacidade dos serviços públicos (em Portugal e em todo o lado) para responder às necessidades extra-COVID, aparecem os grupos económicos privados a "oferecer" os seus serviços. Para muitos utentes e profissionais de saúde, o recurso aos privados surge como uma resposta pronta para aliviar a pressão sobre o SNS. Mas a bondade da solução é menos óbvia do que parece.
Os grupos económicos do sector da saúde não são associações de beneficência. O acesso aos seus serviços tem um preço e tem condições. O preço será tanto mais alto quanto mais vozes houver a pressionar o Estado no sentido de um acordo rápido. Este reforço da capacidade negocial dos privados - em que parecem apostadas algumas ordens profissionais, os fundamentalistas do mercado e até alguns que costumam ser mais exigentes perante sinais evidentes de rentismo - leva-os a tentar impor um acordo peculiar: para os hospitais privados iriam apenas os doentes não-COVID (o que lhes permitiria diferenciar-se como locais seguros); ao SNS caberia gerir a pandemia e tudo o resto que não estivesse em condições de pagar a terceiros.
Nas condições actuais, seria imoral o Estado não procurar reforçar as capacidades instaladas no SNS, incluindo através do recurso aos privados. Igualmente imoral seria o governo ceder à pressão de quem usa todos os meios à sua disposição para maximizar os seus lucros, tentando convencer a população de que se trata do bem comum.
Nesta disputa joga-se não apenas a saúde de todos no contexto pandémico, mas o futuro de um serviço público fundamental para o modelo de desenvolvimento do país.
Muito bom
ResponderEliminarMas este chamar o nome aos bois vai trazer consequÊncias.
O lobby dos interesses instalados, de Isabel Vaz e companhia, virá "uivar" à volta deste texto
Não é por nada, mas estamos a falar no negócio mais rentável a seguir ao das armas
E os vampiros atacam como vampiros quando ouvem a máquina registadora em acção
As PPPs só fazem sentido se o estado pagar somente os custos variáveis + custos de pessoal + energia (a valores padrão fixados em contrato), dos serviços que contrata. Isso já seria muito bom para a viabilidade económica das unidades que estão a funcionar abaixo da capacidade de produção, e por vezes com prejuízo operacional.
ResponderEliminarOu seja o Estado deve ajudar os empresários da saúde a que suas unidades sejam viáveis, mas não deve contribuir para os custos de capital nem para amortizações.
Os negócios da saúde privada em Portugal são todos insustentáveis, a menos que o Estado os alimente com a teta gorda.
ResponderEliminarDiz-se que os privados já absorvem 40% do orçamento do SNS, mas eles querem mais. Querem 100%.
Mas 100% não será suficiente para sustentar esta anedota chamada SNS (não serviço, mas sistema nacional de saúde).
Viu-se no grande CALOTE do pós-GFC.
25 BILIÕES DE € derretidos em aventuras inconsequentes.
Estão a ver as dezenas de hospitais privados que nasceram por todo o lado, como cogumelos num dia de chuva? Poiiis...
Não foi apenas o comendardorzito e o rei dos pneumáticos de Alverca.
Deixemos para lá os custos variáveis que as deslocações entre a Holanda e Portugal acarretam para os rentistas das PPP.
ResponderEliminarImpossibilitado duma defesa frontal daquilo de que andou por aí e por aqui a defender -as PPP e as negociatas dos empresários da noite, perdão, da saúde - joão pimentel ferreira põe os olhos em alvo e recita aquilo que "manuel galvão" diz. Ou vice-versa.
Mas para este sujeito já demos. Pelo que prescindimos das suas missas a lembrar a hipocrisia dos evangélicos em funções
Mais "subtil" é o comentário de um "anónimo" todo rebolucionário, que no meio do seu rebolucionarismo de opereta, atira assim números para o ar, como se estes dependessem de "calotes" caídos assim dos céus e não traduzissem antes o funcionamento da própria coisa.
ResponderEliminarCuriosamente este sujeito também nos tentou vender as empresas do século XXI, tal como só aquele sujeito multinick é capaz de o fazer.
Interessa sim verificar como estas coisas actuam. Diz o sujeito, que repete um ror de vezes a doutrina daquele repugnante ministro holandês Wopke Hoekstra:
"Mas 100% não será suficiente para sustentar esta anedota chamada SNS (não serviço, mas sistema nacional de saúde)"
Bom. Para lá dessa calinada dos 100%, veja-se como apresenta aqui o SNS. Depois de o qualificar como "anedota", disfarça e afirma que se refere a um tal"sistema nacional de saúde"
Ora bem.
Só mesmo os nossos bem conhecidos empresários da noite,perdão,da saúde e os seus acólitos usam tal designação para cavalgar o SNS. Este "anónimo" deu em fazer publicidade ao "sistema". (Algo que ele faz, de resto, de forma quotidiana)
Ora SNS há mesmo só um- o Serviço Nacional de Saúde e mais nenhum
O sacrilégio de 'ter lucro com a doença' dos outros!
ResponderEliminarJá não bastavam os merceeiros a ter lucro com a fome dos outros!
O Serviço Nacional de Saúde é a grande almofada do setor privado, por isso todos lhe tecem loas. Os grupos económicos não querem acabar com quem lhes amortece a queda, querem sim retirar-lhe as competências que sejam rentáveis. Daí que os doentes Covid sejam pouco ou nada interessantes e os não Covid tão apelativos.
ResponderEliminar(...)"No quadro da política de gestão actualmente em vigor, um modelo de gestão privado, assente na “filosofia” económica burguesa liberal de um just in time – cuja aplicação real é sempre um "tudo em falta" ou, na melhor das hipóteses, um "tudo em atraso", desde a mais corriqueira agulha até ao pessoal – e de uma redução generalizada de "custos fixos" – com o significado real de recurso sistemático ao outsourcing que resulta sempre em aumentos gerais dos custos da saúde –, só se podem esperar anúncios de autênticos genocídios, quer em lares para idosos, quer em estabelecimentos prisionais, quer entre doentes que padecem de patologias muito mais mortais do que o Covid-19 e que, devido a este clima de histeria e medo imposto â força, se tem vindo a agravar"!
ResponderEliminarSó para aqueles que ainda acreditam no pais natal....
Bom, deixe-se de lado o copy paste ao luta popular que o habitué neerlandês tem por hábito
ResponderEliminarA coisa é demasiado séria para irmos nas fitas de pai natal dos neoliberais cá do burgo.
Ainda não se decretou o genocídio da inteligência
«Os grupos económicos do sector da saúde não são associações de beneficência»
ResponderEliminarBrilhante análise!
«Nesta disputa joga-se não apenas a saúde de todos no contexto pandémico, mas o futuro de um serviço público fundamental para o modelo de desenvolvimento do país»
ResponderEliminarVai-se a ver os privados vão apropriar-se das borlas do SNS!
Mais uma vez o bafio do antigamente se junta à daquele tipo que por aí pulula:
ResponderEliminar"Já não bastavam os merceeiros a ter lucro com a fome dos outros!"
Percebe-se que o lucro e nada mais do que o lucro seja o fio condutor que une um jose, adepto do anquilisado e putrefacto antigo regime, a um jose todo catita a recitar as máximas neoliberais
Mas francamente, comparar os enchidos e os sopas de cavalo cansado com a promoção e defesa da saúde, só mesmo de quem se limita a contas de merceeiro.
Acho que jose se pode substituir à Isabel Vaz e quiçá com voz de falsete, proclamar:
"negócio mais rentável do que a das mercearias só mesmo o das armas"
Pobre jose. Tem que expelir estas sandices.
Ficará com inveja com outras análises, estas sim que o fazem crispar de indignação?
«Os grupos económicos do sector da saúde não são associações de beneficência».
Ah, o seu "brilhante" com que adorna a frase confirma quão deliciosa esta sua manifestação em prol dos mercados e das suas mãos-livres
A falta que faz um Serviço Público forte protegido do assédio dos interesses dos chacais.
Para quem há o lucro e nada mais do que o lucro. Ou dito na sua linguagem:
O lucro Über Alles
(Nem vale a pena falar no "rosnar" desta frase:
ResponderEliminarVai-se a ver os privados vão apropriar-se das borlas do SNS!...
Borlas?
Os privados com borlas?
Os que exigem que se compre uma máscara quando se dirigem a uma clínica ou a um hospital privado para exames, tratamentos ou consultas, mesmo quando se apresentam protegidos com a sua própria máscara? Caso contrário, não entram nas instalações?
Com os preços inflacionados como o fizeram?)
"Graças ao SNS é apenas imaginável como teria sido assegurar a saúde da população durante a primeira vaga epidémica, quando as entidades privadas recusaram assistência a pessoas vírus-positivas (exemplo das parturientes) e os seguros de saúde se furtaram pagar tratamentos associados à COVID19
Perante a clamorosa diferença de comportamento entre o SNS e os privados (em princípios: solidariedade vs. individualismo; em objetivos: cuidar vs. faturar; em ética: atender vs. escolher) os cartéis do negócio da doença estão a promover uma nova ofensiva política com o objetivo de alavancar o liberalismo económico e, simultaneamente, esquartejar a estrutura pública que protege a saúde nacional"