[A] classe revolucionária, para realizar a sua tarefa, deve saber dominar todas as formas ou aspectos, sem a mínima excepção, da actividade social (...) [e] deve estar preparada para a mais rápida e inesperada substituição de uma forma por outra. Todos concordarão em que seria insensata e até criminosa a conduta de um exército que não esteja preparado para dominar todos os tipos de armas, todos os meios e processos de luta que o inimigo possui ou possa possuir. Mas isto diz ainda mais respeito à política do que à arte militar. Em política é ainda menos fácil saber antecipadamente que meio de luta será aplicável e vantajoso para nós em tais ou tais condições futuras. Sem dominar todos os meios de luta podemos sofrer uma derrota enorme - por vezes mesmo decisiva -, se mudanças independentes da nossa vontade na situação das outras classes põem na ordem do dia uma forma de acção na qual somos particularmente fracos.
Lénine, 1920.
Não sendo seu apoiante, sei que o Bloco de Esquerda é uma parte da alternativa democrática para este país. Por isso, o que se passa à sua volta interessa, sobretudo quando estão em causa opções relevantes e debates potencialmente frutíferos, em tempos particularmente incertos, quando diferentes linhas podem ser defensáveis e testáveis na prática, onde tudo se há-de ir decidindo e esclarecendo. É o caso do debate que começou a ser travado entre Boaventura de Sousa Santos e José Soeiro, dois sociólogos de combate para lá da social-democracia, com o espectro de Lénine presente.
Se é verdade, como bem argumenta Soeiro, que o contexto de Lénine é radicalmente diferente do nosso, também é verdade que os dois artigos espelham, cada um à sua maneira, um de forma directa e outro indirecta, a multiplicidade de usos, surpreendentes até, que ainda podem ser dados a um dos mais exigentes cultores da filosofia da conjuntura, da análise concreta da situação concreta, do estar sempre atento e pronto.
Realmente, não se pode dizer adeus a Lénine. Reconheço hoje que tal acto de despedida pode ter contribuído para que se deixasse de dominar muito do que é importante em política, como os inimigos que vencem de resto nos ensinam todos os dias. Não se trata de convergir nas conclusões, passou um século e nada seria mais contrário a este espírito, trata-se de aprender com o método, de colocar a mesma exigência na aprendizagem, que só pode ser colectiva, organizada e militante, de todos os lados de uma realidade social em constante mudança. Só assim se pode de ir sabendo quais são os fins socialistas neste mundo do século XXI, a partir da semiperiferia que é a nossa, elo da cadeia tão concreto, definido e eventualmente frágil como outro qualquer.
O socialismo não se consegue impor como hegemonia.
ResponderEliminarNão consegue principalmente devido às contradições, aos dogmas "religiosos" e às brutais repressões ocorridas nos países onde foi experimentado.
Ainda há poucos dias, vi um documentário televisivo onde um sobrevivente do gulag soviético dizia ter sido condenado a 5 anos de gulag por ter derrubado um busto de estaline por acidente.
Dir-me-ão (alguns...) que estalinismo não é socialismo (...pois a grande maioria dos ditos socialistas prefere nem pensar nisso).
Concordo - mas a facilidade com que um ogre como estaline tomou conta da união soviética é a maior marca da fraqueza do socialismo.
Para os que não querem perceber, direi o seguinte: a maioria das pessoas preferem viver no sistema capitalista (onde se pode sofrer muito) do que perder a vida numa aberração como o estalinismo.
O Stalin entrou no poder porque expulsou o seu adversário Trotsky.
EliminarO unknow é a versão n 1056 do tal holandês disfarçado ou ao contrário. Fora de jogo. Quer tretas
EliminarHá, para além de outras, duas grandes qualidades em João Rodrigues.
ResponderEliminarUma é a sua honestidade intelectual, a outra a sua coragem. Que uma leve à outra, não admira.
Sabe-se que, como é habitual entre os fundamentalistas neoliberais, estes ficam com tal prurido quando se ouve falar em socialismo que não se vedam. A sombra da histeria torna-se por vezes definitivamente histérica. Às claras ou às escondidos, como aquele acoitado naquela miríade de nicks, que traduzem a sua má fé, a sua desonestidade e a boçalidade típica da ideologia e típica do personagem
Serenamente JR concita-nos à leitura reflexiva de dois textos duma das áreas das esquerdas. Que curiosamente têm, na imagem feliz de JR, o espectro de Lenin presente.
Ora bem. Independentemente do seu conteúdo ideológico, Lenin foi um notabílissimo estratega, "um dos mais exigentes cultores da filosofia da conjuntura, da análise concreta da situação concreta, do estar sempre atento e pronto".
E isso devia constituir, como aliás reconhece o autor do texto, uma fonte de conhecimento para um modo de acção que passa necessariamente pelo "dominar de muito do que é importante em política"
Aprender,aprender,aprender, sempre
Como o fazem de resto aqueles que vencem. Não era por acaso que a sinistra Margaret Thatcher dizia: "a economia é o método; o objecto é a mudança da alma"
Não é por acaso que este blog tem desde quase a primeira hora um "podengo neoliberal" sob multiplos disfarces, que evoluem desde o trauliteiro da moca de Rio Maior, até ao rebolucionário que se faz passar por esquerdista mais esquerdista sem ser de facto nenhum esquerdista
ResponderEliminarTudo para servir os mesmos objectivos,avançando as peças do jogo de acordo com o jogo a jogar
Os exemplos são quase tantos como os dos posts publicados. Darei apenas um exemplo,porque isso me interessa e porque pode revelar até onde vai a má fé, a falta de escrúpulos e a perversidade de quem andou a comer na mesa dos troikistas e de quem elogia a "obra social de Hitler"
https://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2020/11/isto-nao-e-normal.html
E repare-se no"anónimo" que começa por surgir às 11 e 05
Para usar as suas próprias palavras, uma verdadeira "aberração"
Porque vem tudo isto agora?
ResponderEliminarPorque volta joão pimentel ferreira com este paleio inenarrável aí em cima esplanado
Começa bem, à demagogo barato, a fazer-nos passar por idiotas:"O socialismo não se consegue impor como hegemonia."
Bom, a forma como se começa a colocar um problema diz, nesta categoria de coisas, geralmente mais de quem expõe o problema do que o próprio problema em si
Não se consegue impor. O socialismo. O assunto arrumado. Tudo uma questão de imposição,assim à matraca como a do próprio jpf.
Ora bem. Parece que o Capitalismo, para ser hegemónico, demorou mais de 500 anos.
Façam também as contas ao tempo que o Cristianismo demorou para se converter naquilo em que se converteu
A pressa que estes tipos têm de enterrar,com missa rezada e papel assinado por cangalheiro corrupto, é reveladora...
JPF continua (sob anonimato):
"Não consegue principalmente devido às contradições, aos dogmas "religiosos" e às brutais repressões ocorridas nos países onde foi experimentado"
Bom.Contradições não é em si um mal.É até bom que elas se apresentem e que surjam . Por exemplo o PPD, que se reclamava em 1974 como pugnando por uma sociedade socialista, encerrava logo aí todo um manancial de contradições, que o tempo se foi encarregando de esclarecer
Por outro lado, os dogmas ditos religiosos são mais da área da tralha neoliberal. O dogma do lucro acima de todas as coisas, o dogma da mão invisível do mercados. Os dogmas dos evangélcios que pregam as virtudes de Bolsonaro. Ou os dogmas dos holandeses travestidos
Repressões nos países ditos não socialistas é também o pão nosso de cada dia. Nem vale a pena recuar muito. A memória tem destas coisas.Se for necessário iremos desenterrar o que um tal "pedro" ( um dos muitos nicknames de joão pimentel ferreira) disse acerca de hitler e da sua luta contra o "inimigo vermelho"
Mas jpf vai mais longe, Quer deixar a sua imagem de marca.Vai buscar um busto de Estaline e conta-nos a sua versão que é a versão da versão de um comentário de televisão
Ora bem. Comentários de televisão há muitos e quando quem os cita é um tipo desqualificado, está tudo dito. Mas aqui nem se quer se está.a discutir Estaline. Está-se num outro plano. Estamos a falar de um debate nas esquerdas e em Lenin. Percebe-se a fuga para o boneco, para o colorido, para a idiotia de dar como prova um documentário que um sujeito desonesto dá. Foge-se por insegurança e porque não se consegue debater com nível. Foge-se porque se vomitam boçalidades como caricaturas daquilo que voa bem mais alto
Eu também li, num bem documentado texto, que o número de condenados à morte nos EUA, por serem negros, por testemunhos falsos, por provas forjadas ou por "razões de estado" é francamente pornográfico.
Condenados que nem por acidente o foram
Diz jpf:
ResponderEliminar"Dir-me-ão (alguns...) que estalinismo não é socialismo"
Diz logo a seguir jpf:
"Concordo"
Mas diz logo a seguir jpf:
"Para os que não querem perceber, direi o seguinte: blablabla... que perder a vida numa aberração como o estalinismo."
Ora bem. jpf é o primeiro a dizer que "estalinismo não é socialismo". Repare-se que estamos a falar em socialismo, não estamos em estalinismo. Esta foi a bucha ideológica de jpf.
Mas jpf abandona o socialismo de que se falava, com o qual concordava que não era igual ao estalinismo, para "afocinhar" de novo no estalinismo, abandonando o socialismo ( que até não era o estalinismo), embora a maior marca de fraqueza do socialismo fosse o estalinismo, que,de acordo com o acordo de jpf, não é socialismo
Ah.e para não restarem dúvidas a maioria das pessoas prefere viver no sistema capitalista (onde até,repare-se bem, e de acordo com o evangelico jpf, se pode sofrer muito)
Só há mesmo um tipo que pode desbobinar este chorrilho de asneiras como se de um iluminado se tratasse.
Esse mesmo
"O socialismo é o nome do processo de democratização das economias, que permite a sua subordinação às prioridades dos Estados – comunidades políticas que devem ter condições materiais para garantir a todos os seus membros uma efetiva igualdade no desenvolvimento das suas capacidades, incluindo as de participação na definição dos amplos assuntos que a todos dizem respeito. O socialismo baseia-se numa hipótese simultaneamente realista e esperançosa: a de que as pessoas fazem o melhor de que são capazes nas circunstâncias que são as suas, sendo necessário desenvolver as capacidades de forma igualitária e humanizar as circunstâncias.
ResponderEliminarPassível de múltiplas declinações institucionais, esta hipótese geral pressupõe, no mínimo, o controlo soberano dos elementos centrais de uma economia, incluindo da moeda, relação decisiva para que uma economia monetária de produção seja capaz de garantir pleno emprego. Sendo necessária, a propriedade pública dos setores estratégicos não basta. É preciso estimular o controlo, por parte dos trabalhadores, das empresas, bem como manter alguns mecanismos de mercado, criando incentivos e assinalando preferências, sem que tal signifique desigualdades ou compulsões"
(João Rodrigues)
Socialismo. Algo qualitativa e substancialmente diferente do que esta trampa a que assistimos ( "onde se pode sofrer muito" ,segundo a própria definição do beato de serviço)
Querem lá ver que a UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS afinal não era SOCIALISTA?
EliminarO negacionismo é outra marca da fraqueza da ideologia e uma forma de mentira.
Ora, uma ideologia que pretende impor-se como BOA IDEOLOGIA, contra a MÁ IDEOLOGIA do capitalismo selvagem, não se pode dar ao luxo de cometer as mesmas violações do senso comum que esta comete continuamente.
Ou melhor, a mentira não vai convencer ninguém, oh pázinho.
Comichão forte a deste. E por isso passa aqui a vida. Para convencer a não sermos convencidos
EliminarPensa que está no observador
A realidade marxista avança de forma inexorável e nem esses idealistas armados em sabichões compreendem a realidade que passa por cima deles e vai-lhes acontecer o mesmo que aconteceu ao Louçã que se apresentou na China pela mão do Banco Mundial e que foi desconvidado pelo governo de Pequim.
ResponderEliminarlolol
ResponderEliminarA ignorância é um espanto e a forma de manipular risível
Mas quem falou em URSS? E quem disse que a URSS não era socialista?
Este pobre coitado, vítima de uma impotência súbita, quer trela. E fala em negacionismo sobre algo que ninguém negou
(Será a isto que se chama um negacionista intelectual?)
Mais outra marca da sua fraqueza ideológica e uma mentira. Cabotina, mas mentira.
E mais uma violação do senso comum que este comete continuamente
Depois do anonimato, joão pimentel ferreira surge como unknown. O habitual
ResponderEliminarSorry mas para estas cenas já se deu. Stalin ou Trotsky desta vez? Porque não a Nadia e os pelos do gato ou as birras do miúdo lá em casa?
Tanto medo metem estes posts de JR...