«Este número da Manifesto foi inicialmente concebido para se dedicar à crise ambiental. Já então com uma ideia muito clara: a de que as alterações climáticas, e a urgência de respostas, constituíam um sinal inequívoco da necessidade de repensar o nosso modo de vida e como nos organizamos, questionando as formas e as lógicas de um capitalismo globalizado e neoliberal, que se tornou hegemónico com a crescente erosão de freios e contrapesos democráticos na escala nacional.
E surgiu, entretanto, a crise pandémica associada à Covid-19, que perturbou de forma brutal o quotidiano, no plano social, económico e até político e cultural, obrigando à adoção de medidas, até aqui impensáveis, para a enfrentar. No fundo, temos todos a obrigação de saber que a robustez das soluções democráticas – do Serviço Nacional de Saúde à confiança social alimentada pela igualdade cidadã, passando pelas instituições públicas de produção de ciência – são outros tantos mecanismos que fazem a diferença no combate à pandemia. Esta obrigou-nos a distinguir o essencial do acessório, incluindo na produção e no trabalho, superando o relativismo neoliberal, que tinha feito da finança o alfa e ómega da existência. E obrigou também as instituições europeias a suspender regras “estúpidas” no plano orçamental ou do mercado interno sem, no entanto, colocar em causa o primado da finança.»
Do editorial do nº 5 da revista Manifesto, disponível a partir da próxima segunda-feira, 21 de dezembro, em livrarias e quiosques, podendo ainda ser adquirida através da página da Fórum Manifesto. Boas leituras!
Lista de Artigos:
ANA BENAVENTE, O meu apoio? Marisa Matias. Porquê? Múltiplas razões..■..ANA MARGARIDA ESTEVES, Desenvolvimento Regenerativo: Comunidade, resiliência ecológica e economia solidária..■..ANDRÉ CARMO, A Visão Estratégica de Costa Silva ou, mais uma vez, a crise como oportunidade..■..CLIVE L. SPASH, A passiva revolução ambiental capitalista..■..DANIEL OLIVEIRA, Ana Gomes. Nas margens do Rubicão..■..FRANCISCO FERREIRA (entrevista por Filipa Vala)..■..FREDERICO FRANCISCO, Os limites físicos do planeta, a tecnologia que nos vai salvar e a injustiça climática..■..HELOÍSA APOLÓNIA, Desvalorização do Ambiente – Um erro político de custo elevado..■..HENRIQUE SOUSA, «Poderes sindicais em debate»..■..ISABEL DO CARMO e JOÃO N. RODRIGUES, O Serviço Nacional de Saúde e a Covid-19..■..ISABEL MENDES LOPES, JORGE PINTO e CARLOS M. TEIXEIRA, Pós-Covid-19: Um novo paradigma para a mobilidade?..■..JOANA MANUEL, O João Ferreira tem o meu voto..■..JOANA VILLAVERDE, «Animals nightmare»..■..JOÃO RODRIGUES e NUNO TELES, E já só há o Estado a que isto chegou..■..JOÃO RODRIGUES, Antes e depois do suspiro de alívio..■..JOÃO SANTOS PEREIRA, Florestas e ambiente..■..JORGE COSTA, Energia, transição climática e propriedade pública..■..JOSÉ CASTRO CALDAS, O súbito industrialismo de todos os partidos e as possibilidades de reindustrialização em Portugal..■..JOSÉ GUSMÃO, Acordo no Conselho Europeu: pensar em grande e omitir detalhes..■..JOSÉ GUSMÃO, MARISA MATIAS e VICENTE FERREIRA, Verdes Planos..■..JOSÉ REIS, «Precisamos de um programa de insubmissão» (entrevista por José Vítor Malheiros)..■..MARGARIDA MARQUES, Desta vez temos uma resposta europeia à crise..■..MIGUEL VALE DE ALMEIDA, Não são todos iguais..■..PAULA CABEÇADAS, «Bacurau»..■..PAULO PEDROSO, A Covid-19 e a desigualdade..■..ROBERT POLLIN, Defender os Bens Comuns Globais com um Novo Pacto Verde Global..■..SEBASTIÃO PERNES, «Ondas»..■..SÉRGIO GODINHO, ZMB..■..VASCO PAIVA, Agricultura, floresta e desenvolvimento rural..■..VERA FERREIRA, Justiça na Transição? Rumo à neutralidade carbónica em Portugal
Falta dizer que a crise Covi19 é, à semelhança da crise subprime, mais uma grande oportunidade para que se façam gigantescas concentrações de capital. Desta vez vão ser as companhias de aviação, hotelaria, etc. Todos os setores que estão agora paralisados e cujas empresas estão prontas para serem vendidas ao desbarato.
ResponderEliminarDeixemos de lado os arrufos rebolucionários de Galvão a debitar a vulgata que ele tem como rebolucionária
ResponderEliminarDe facto a crise Covid 19 está a abalar alguns dos alicerces neoliberais,
"superando o relativismo neoliberal, que tinha feito da finança o alfa e ómega da existência. E obrigou também as instituições europeias a suspender regras “estúpidas” no plano orçamental ou do mercado interno sem, no entanto, colocar em causa o primado da finança»
E sublinhemos o que alguém disse aí noutro post
"A pandemia veio alterar as relações de forças em vários centros de poder, porque aquilo que eram relações de "escravatura pela dívida" de repente tornou-se risco de ruptura por insustentabilidade financeira e impossibilidade de manter uma imagem de virtude em face do conhecimento público da iniquidade das relações de forças.
Por isso os países do centro da EU, reconhecendo o risco de desagregação se insistissem na punição dos países do Sul optaram por ignorar e sofismar os tratados a benefício da estabilidade que é a base primeira dos seus lucros.
Da mesma maneira, nos USA, a ameaça da deliquiscência e retrocesso civilizacional provocados por uma administração que ignorou ciência e bom senso, levou a uma situação tão grave de desemprego e crise que até cheques foram distribuídos com subsídios extraordinários. Nos dois casos a dívida e o défice como tabús perderam a sua utilidade porque se tornou óbvio até para o cidadão lambda que eram apenas pretextos usados para forçar políticas austeritárias sobre populações endividadas e empobrecidas"
Ou seja,o mundo move-se.
Da Holanda tentam vender o peixe de há 10 anos, embrulhado nisso aí em cima, para que não se sinta o cheiro que fede...a podre
Ou de vomo é possível escrever tanto e não "dizer" nada.
EliminarO Galvão é assim. Mas foi mais uma vez apanhado
EliminarAna Benavente, Marisa pois claro, jogam na mesma equipa com Rui Rio à defesa e Costa a avançado Centro. Os interiores tanto podem ser direito ou esquerdo é preciso apoiar o ataque e manter uma boa linha defensiva e para isso lá está o Louçã.
ResponderEliminarJE, a suspendar, não, é uma moratória, como já se viu nos orçamentos Espanhóis e Italianos, bem como o desenrolar da farsa este ano aqui no burgo. Tal como as outras, estas bazucas são só para vender por sangue, e caro.
ResponderEliminarDe acordo, Paulo Marques. Citava. Mas tem razão
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