Basta percorrer as notícias da iniciativa no Expresso e na SIC para se perceber o seu objectivo. Em primeiro lugar ela procura, pelo que não discute, que os portugueses esqueçam que na fase até agora mais difícil da pandemia só puderam contar com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo os privados recuado para a prestação dos cuidados de saúde lucrativos. Agora, quais abutres, pretendem aproveitar todas as insuficiências, fragilidades e saturações que são espectáveis, num SNS há anos vítima de desinvestimento público, para convencer o Estado a financiá-los ainda mais. Deixando para o SNS a gestão da pandemia (nada rentável), querem vender ao Estado a assistência aos doentes privados que lhes cheguem para tratar de outras patologias. «“Temos de dar prioridade aos pacientes não covid”», titula o Expresso logo a 30 de Setembro. E a 5 de Outubro: «Privados querem ajudar a recuperar consultas e cirurgias». Mas não são os únicos a pressionar neste sentido, que há muito dinheiro em jogo. A 30 de Setembro a comunicação social anunciava um estudo que o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e a consultora EY Parthenon («construir confiança nos mercados de capitais», «criar um mundo melhor de negócios», diz a sua apresentação) desenvolveram para a Health Cluster Portugal – Polo de Competitividade da Saúde («aumentar o volume de negócios […] nas actividades económicas associadas à saúde», diz a sua apresentação). O estudo defende a «união» entre o SNS, os privados e as misericórdias para a «eficiência financeira da saúde». Como explicou à TSF o seu coordenador, Augusto Mateus, o objectivo é «passar da ideia de SNS para sistema nacional de saúde moldado em torno do SNS», olhando a saúde como um sector de «criação de riqueza, de valor e de emprego» e criando um «instituto autónomo» para gerir o SNS. É um sonho antigo dos neoliberais: alargar o negócio da saúde nas áreas lucrativas, receber financiamento do Estado para isso e deixar a parte deficitária para o Estado.
Sandra Monteiro, Distâncias à mesa do orçamento, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Outubro de 2020.
Não ficaria surpreendido se o slogan da EY Parthenon "criar um mundo melhor de negócios" tivesse sido inspirado no slogan “Building Better Worlds” da sinistra e fictícia mega-corporação Weyland Yutani, a corporação tão interessada em criar um mundo melhor utilizando o xenomorfo!
ResponderEliminar«Augusto Mateus, o objectivo é «passar da ideia de SNS para sistema nacional de saúde moldado em torno do SNS», olhando a saúde como um sector de «criação de riqueza, de valor e de emprego» e criando um «instituto autónomo» para gerir o SNS»
ResponderEliminarAugusto Mateus, ex-ministro PS, profissional de 'Estudos',
uma autarquia quer assegurar a economia do futuro, chama Mateus.
o certo é que o SNS não está conseguindo responder a todos os casos na presente crise e com o continuar de uma pandemia sem fim à vista e com reinfecções já comprovadas o recurso aos privados vai ser provavelmente uma alternativa nos meses seguintes particularmente no pico das doenças respiratórias neste inverno
ResponderEliminarA saúde é preocupação secundária.
ResponderEliminarAs finanças públicas não entram da 'ecoaçáo'.
A remuneração de capitais privados, um doloroso incómodo.
Mas emprego publico é a ambição maior.
Já sabemos que a saúde para a direita ou para a extrema-direita é uma preocupação secundária
ResponderEliminarA ambição maior dos patrões é outra. É o lucro. E o saque da riqueza pública
E Jose ê a prova viva disso
"Posteridade" tenta atirar o SNS para o bolso dos interesses privados que defende
ResponderEliminarAntes já um seu irmão gémeo, o "geringonço", tentara esconder este escandaloso plano de abutres em torno do SNS ,acenando-nos com idiotices em torno da Weyland Yutani.
Tudo serve para tapar o que se desenha e o saque que se projecta.