sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Faturar com a pandemia


Uma investigação exaustiva de jornalistas do Público deu a conhecer os gastos do Estado com os mais de 15 mil contratos públicos efetuados na resposta à pandemia. Na notícia, pode ler-se que "a GLSMed Trade, do grupo Luz Saúde, foi a empresa que mais facturou em contratos feitos pela Administração Pública para responder à pandemia. A principal cliente do grupo foi a Direcção-Geral da Saúde (DGS), que gastou 32,7 milhões de euros em compras à empresa de distribuição de produtos, equipamentos e dispositivos médicos do grupo Luz Saúde, detido pela Fosun e pela seguradora Fidelidade [...]".

Não está em causa a necessidade que o Estado pode ter de recorrer à aquisição de bens, equipamentos ou serviços a grupos privados num contexto de emergência sanitária. O problema são os termos em que os contratos têm sido efetuados. É por isso que há quem tenha defendido soluções como a da requisição civil, que permitiria ao Estado adquiri-los a preço de custo em vez de negociar o seu preço, privilegiando o serviço de saúde público em detrimento dos lucros privados.

Não surpreende que alguns grupos privados aproveitem para lucrar com a pandemia. Isabel Vaz, do Grupo Luz Saúde, já dissera que "melhor negócio do que a saúde só mesmo a indústria do armamento", o que dificilmente podia ser mais claro. O que surpreende é que muitos continuem a achar que o Estado deve promovê-los em vez de canalizar os fundos para reforçar o investimento no SNS.

7 comentários:

  1. Ide os privados para setores menos protegidos da concorrência...

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  2. Mais um tentáculo do polvo BES ainda a mexer.
    Acreditem, ele não está em casa a ver televisão?

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    Respostas
    1. Ele quem?
      O Capital e os grandes capitalistas não?

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    2. Descanse que não é do Sócrates que estou a falar.
      A sigla BES diz-lhe alguma coisa?

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  3. "requisição civil, que permitiria ao Estado adquiri-los a preço de custo em vez de negociar o seu preço"

    O melhor era mesmo o Estado requisitar tudo o que precisa e comprar tudo a preço de custo. Porquê só na saúde? E porquê só durante o período da pandemia?
    Livros escolares, computadores, ...
    E o TGV a preço de custo? A mobilidade não pode dar lucro!
    Nacionalize-se tudo e abaixo o lucro!!

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  4. Alguém aí fala de Sócrates. Não se resiste a atirar poeira para os olhos, quando o que se debate é esta choldra infecta de grandes grupos privados a comportarem-se como gangsters.

    Alguém vem em socorro do direito ao lucro. Daquela forma idiota aí em cima espelhada. Faz lembrar aquele que comparava mercearia com o Serviço Nacional de Saúde.Ou que pregava por Mercedes, já que os holandeses jogam também aí

    Colocar a saúde ( e a economia) ao serviço das pessoas. É o que se pretende.

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