domingo, 12 de julho de 2020

Humanizar


A pandemia não é, infelizmente, um episódio de curta duração. E à da COVID-19 podem seguir-se outras, se não invertermos as políticas que estão a destruir ecossistemas e a ameaçar o planeta. A pandemia revela e intensifica tudo o que não estava bem antes da sua irrupção. No caso de Portugal, as desigualdades, a pobreza, a dívida, ou a injustiça laboral, fiscal e social, organizadas por décadas de enfraquecimento dos poderes públicos e do Estado Social. O que vai acontecer, neste momento em particular, se não actuarmos sobre as causas estruturais das desigualdades que ameaçam, cada vez mais, a coesão social e territorial? Quais as consequências, num país crescentemente polarizado, de aprofundar fracturas com cenários de guerra povoados por inimigos, chefes ordeiros e outros que não sabem impor a ordem, ou soldados mobilizados para o terreno? Vai-se identificar quem é «carne para canhão», ou parte-se para metáforas de guerra esperando que elas sejam limpas? A guerra desumaniza. A democracia humaniza. A democracia tem de garantir as condições estruturais para os seres humanos viverem vidas dignas e em igualdade de oportunidades. Tem de ser exigente consigo própria e com os seus cidadãos, convocando-os, tanto mais quanto maior é a crise, para fazer escolhas informadas e que tenham em conta, sem falsos consensos, o interesse comum.

Sandra Monteiro, Metáforas bélicas, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Julho de 2020.

Deixo ainda outro excerto, desta vez do resumo de um número com uma capa bem sugestiva: “Na edição de Julho destacamos um extenso dossiê, repleto de infografia, sobre os impactos sociais, ambientais e económicos do turismo à escala global. Os seus novos desafios, em contexto de pandemia, atingem em particular os países que dele se tornaram mais dependentes. O Sul da Europa acumula, novamente, fragilidades, como se pode ler na análise de Luís Mendes ao caso português, e o mesmo acontece com a Grécia, Itália, etc. Dossiê: ‘Turismo, ano zero.’”

5 comentários:

  1. humanizar é o que está a acontecer nos últimos duzentos anos, a paisagem está cada vez mais humanizada e a população está em explosão chegando aos 8 mil milhões não tarda, se se pretende salvar os ecossistemas uma vez que o planeta está fino tem de se desumanizar

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  2. O turismo foi a tábua de salvação das economias dos países periféricos, durante a pandemia do euro.
    Mas o turismo em Portugal está em paragem cardio-respiratória e pormete continuar, depois dos nossos aliados terem decretado ums cerca sanitária ao nosso País.
    Teremos, então, uma dívida em progressão geométrica até, pelo menos, 2021.
    Mas, existe apontada a nós a bazuca da UE.
    Querem que nós aceitemos a dívida da UE, que vem com "bónus": as "famosas" REFORMAS ESTRUTURAIS.
    Mas, se nós já conseguimos endividar-mo-nos diretamente, com poucos custos, para quê perder tempo?
    Ora, desde outubro de 2010, na cimeira de Deauville, que merkel aprendeu a fazer-nos aceitar a dívida da UE.
    A cerca sanitária é o momento Deauville de 2020.

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  3. Os dois primeiros comentários provenientes da mesma forja.

    Da do aldrabão desonesto do joão pimentel ferreira


    O "força força " a não conseguir ocultar, por meio da patetice debitada, a impressão que lhe faz o humanizar.
    Vamos repor assim a questão nos termos em que é colocada pela Sandra Monteiro:

    "A democracia humaniza. A democracia tem de garantir as condições estruturais para os seres humanos viverem vidas dignas e em igualdade de oportunidades"

    Confesse-se que é preciso ser um neoliberal muito rasca para tentar atirar assim tão ao lado

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  4. O segundo comentário de um "anónimo" pelas 15 e 10 foi parido na mesma cave

    Fica identificado o seu autor logo no primeiro parágrafo:

    "O turismo foi a tábua de salvação das economias dos países periféricos, durante a pandemia do euro".

    Só há alguém capaz de debitar estas enormidades com esta idiotice tão acertiva como imbecil.

    Esse mesmo, O joão pimentel ferreira aonio eliphis etc etc etc.

    Para esta coisa, já demos

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  5. Apenas mais um exemplo do "humanismo europeísta":


    "Países ‘frugais’ pretendem reduzir montante do Fundo de Recuperação"

    https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/paises-frugais-pretendem-reduzir-montante-do-fundo-de-recuperacao-612503

    O Japão criou mais de 1 trilião de dólares para fazer face à crise covid19.

    A "União Europeia" 750 biliões...

    População do Japão é de 126,5 milhões.
    População da "União Europeia" é de 493 milhões.

    E mesmo assim os tais "frugais" acham que é muito!

    Isto é a "solidariedade europeia" realmente existente!

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