domingo, 21 de junho de 2020

Uma cerimónia reveladora


O triste espectáculo dado pelas mais altas figuras do Estado português esta semana já foi alvo de muitas e justas críticas. Creio que existem duas ou três dimensões em que vale a pena insistir.

Em primeiro lugar, a UEFA é das principais encarnações institucionais da corrosão do carácter do futebol pelo dinheiro. As suas decisões devem sempre ser olhadas com a máxima desconfiança e jamais celebradas.

Em segundo lugar, num país sem instrumentos de política decentes, furtados pela integração europeia com a cumplicidade das elites locais, estas figuras comportam-se como o equivalente político do organizador de eventos, actividade de resto em crise profunda. Temo bem que o esforço político para perpetuar o medíocre modelo Flórida da Europa dos últimos anos possa estar a minar a autoridade das responsáveis pela saúde pública.

Em terceiro lugar, um dos subprodutos deste contexto estrutural é a degradação intelectual e ético-política dos discursos dominantes, o que esteve bem patente na forma como António Costa apresentou esta fase final da Liga dos Campeões. Quem fala de um prémio para os profissionais de saúde perdeu as referências, perdeu toda a noção do que o reconhecimento implica neste difícil contexto.

Foi, de facto, uma cerimónia reveladora.

13 comentários:

  1. o futebol continua a ser um dos pilares do regime

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  2. Futebol, turismo e especulação imobiliária.

    A actual Santa Trindade do regime...

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  3. "Se queres dançar e não tens par chama o António, chama o António
    Se queres sair para curtir, chama o António, chama o António"

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  4. O futebol é a medida da mediocridade.
    O futebol é um espelho do status-quo elitista-mediático-político que está a arruinar Portugal.

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  5. E disso de futebol percebe o jagga pimentel Ferreira. Ei- lo a tentar chutar para canto, para ver se pega

    Os aldrabões são assim. Os desonestos também. Confere

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  6. O que fica claro com semelhante cerimonial: o quão pouco temos de que nos orgulhar e o quanto estamos dependentes de decisões externas.

    Nada que seja novo, nada que seja remediável pela mediocridade instalada.

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  7. A questão não é só dependermos das decisões externas.

    A questão é o que fazemos com o que é nosso e com a nossa soberania. Como a hipotecamos e como nos enfeudamos a um euro disfuncional, formatado para servir outros interesses e servir outros capitais

    Nada que seja novo neste mundo em que os Mercados uberalles condicionam tudo e (quase todos).

    A mão invisível dos mercados passa por aqui. E de que forma.

    A utilização do futebol como entretenimento e como escape, como alienação e como arma ideológica é algo que vem de longe, e que aliás já era do conhecimento daquele promotor do Fado, de Fátima... e do futebol. Tempos de chumbo esses em que, para além da mediocridade mais do que instalada, reinava o cacetete e o terror da ditadura.


    Mais uma excelente pedrada no charco de João Rodrigues.

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  8. Será que tal postura propagandística estatal não terá a haver com a autêntica guerra fria entre os países cujo o turismo tem uma relevante importância no PIN?
    Ninguém se deu conta dos 12 dias consecutivos em que Espanha deixou de apresentar mortos apenas rectificando imediatamente após se saber que seria em Lisboa?
    Grécia põe Portugal na sua lista negra e põe o seu primeiro ministro a pedinchar por turistas chineses (não só mas também)
    Italia paga metade da viagem e 1/3 da estadia a turistas que visitem a Sicília?
    Uma guerra muda e ninguém dá conta.

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  9. 'Furtados com a cumplicidade das elites locais'. Não, não foram. Foram transferidos com a anuência da maioria dos votos dos Portugueses, em sucessivas eleições. Até pode, no limite, ter sido um erro, mas não foi nenhum roubo.

    O PCP poderia, a todo momento ter evitado isso, ganhando as eleições e sendo Governo. Só que 6% não é nenhuma maioria.

    Pare lá de uma vez por todas de menorizar quem discorda de si. Em Democracia (Liberal) manda a maioria e os votos valem todos o mesmo. Na Democracia Avançada, ou lá o que é, é que pode mandar a minoria. Mas no meu tempo, isso tinha outro nome, chamava-se Ditadura...

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  10. Jaime Santos
    Já deu para perceber que o JS foi dos tais que se absteve violentamente aquando da criação da Geringonça, dos tais que boicotaram a campanha de Costa e hoje enchem o peito cheio de puro xuxalismo, daqueles que sentem falta do animal político num sentido mas Seguro pesar que no presente lhes deixa um sentimento assim Assis.
    Portanto guarde o seu fel e seja coerente. É verdade que a coerência só vale 6% mas é aquele % que a almofada nos providência uma noite tranquila e um dia digno o suficiente para olhar nos olhos dos outros sem uma visão vesga e incomodada.
    (Passo a publicidade) Multiopticas JS! Multiopticas! Diz que fazem bons descontos a Xuxas!

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  11. Os trilionários resgates da classe capitalista e a austeridade para os que não são capitalistas fazem lembrar o tempo em que se chamava "fascismo" o Estado servir interesses de uma minoria privilegiada enquanto deixava a maioria à mingua e os mandava para a guerra.

    O crime de guerra Iraque é um exemplo cabal (e há tantos outros) da avançadíssima "democracia liberal" tão defendida por Jaime Santos.

    Não são os votos do povo que sustentam as "democracias liberais", é a Reserva Federal Americana, o Banco Central Europeu, etc.

    E que tal referendos sobre a permanência de Portugal na zona Euro, União Europeia e NATO, tenho a certeza que o liberal Jaime Santos concorda com a sua realização...

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  12. Jaime Santos continua a dar sinais de perturbação. De esgotamento. De ideias fixas. De falência argumentativa. Quiçá mesmo de algo mais profundo e preocupante

    Mas francamente. Num post onde se desanca uma cerimónia triste e pungente,uma palhaçada caricata e em que dá conta do estado das ditas elites e do seu grau de indigência, Jaime Santos não acha mais nada de curial que vir pela enésima vez queixar-se do PCP e da democracia avançada ( "ou lá o que é" , como grosseiramente faz questão de sublinhar)

    (E tão fofinho com a democracia dita "liberal.")

    À denúncia desta cerimónia reveladora, JS só tem mesmo a dizer esta "coisa" que diz, de forma porfiada e repetitiva?

    Ó JS, já reparou nesse seu silêncio de chumbo perante a substância do que se revela?

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  13. Mas para não dizer que pagam a JS na mesma moeda...

    Diz JR:
    "Em segundo lugar, num país sem instrumentos de política decentes, furtados pela integração europeia com a cumplicidade das elites locais..."

    Confirma-se o que JR diz:
    Furtados mesmo.E com a cumplicidade activa das elites locais.

    Furtada a qualidade da nossa democracia. Com o silêncio cúmplice das elites sobre as negociatas em jogo. E com o ruído típico das mesmas elites, mediante os anúncios dos paraísos futuros e imaculados

    Como se sabe uma fraude.Nem debates,nem votações.Nem reflexão,nem alternativas.
    A UE não gosta também que se ausculte a opinião das populações, porque geralmente tem que repetir o processo até dar certo

    (É mesmo sobre este ponto, que JS convoca 6% dos votantes e este blablabla ridículo?)

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