segunda-feira, 1 de junho de 2020

Não aprendem nada

Houve um tempo em que o Estado tinha centros mais robustos de apoio técnico à decisão política nos ministérios, com gente experiente e conhecedora, pensando estrategicamente para lá da espuma dos dias.

Estou a pensar, por exemplo, no Gabinete de Estudos Básicos de Economia Industrial (GEBEI) do Ministério da Indústria. O GEBEI de João Cravinho ou Félix Ribeiro foi destruído pelo cavaquismo. Não foi obviamente o único caso de esvaziamento deliberado da capacidade estatal, mas foi um caso recentemente estudado.

O Estado não precisava de política industrial digna desse nome e os estudos podiam ser de qualquer forma encomendados a peso de ouro aos Porters e às consultoras dos powerpoints desta dependente e medíocre vida. As leis podiam ser feitas em grandes escritórios de advocacia de negócios e assim sucessivamente.

Lembrei-me deste padrão a propósito da contratação de António Costa Silva, desta feita a custo zero, para definir a política de investimento para a recuperação ou lá o que é. Como se uma estratégia pudesse ser definida desta forma, em desgarrado modo individual de toca e foge, apenas porque parece que o Primeiro-Ministro ficou impressionado com umas intervenções geopolíticas deste alto quadro do capitalismo fóssil.

Não aprendem mesmo nada. É que aprender dá muito trabalho político-institucional.

4 comentários:

  1. Mais uma vez a oportunidade lúcida.
    Fará estremecer os cavaquistas de todos os tempos

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  2. O consenso com o psd está aí.
    Só falta o catroga a tomar leitinho chocolatado com o ministro das finanças.

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  3. E quem não aprende... Sugestão humilde aos nossos queridos e intermitentemente empoleirados governantes do Centrão: não seria melhor resolver a coisa de uma vez só e proceder ao "outsourcing" do povo português por inteiro?

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  4. Por outro lado, temos o muito útil Tribunal de Contas a lembrar-nos que existe para avisar que o governo tem que... cumprir a lei lei. Ainda bem que o temos, podia alguém ter-se esquecido. /s

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