Marcelo Rebelo de Sousa voltou às ruas de Lisboa em busca de novos sem-abrigos porque lhe disseram que, pessoas com trabalhos precários, tinham "vindo para a rua" e tornado a ser sem-abrigos.
Marcelo gosta - porque aprendeu - nos seus tempos de jovem do regime fascista que a generosidade da caridade deve ser cultivada entre os mais ricos porque apenas isso o faz sentir-se comodamente quando se ajoelha diante do Santo Padre e lhe beijo o anel. Devemos ser bons para com os pobres porque são eles a nossa missão na Terra. Desde que nunca acabem.
Mais uma vez, Marcelo preferiu olhar para o problema a jusante e nunca se questionar sobre como vivem os pobres antes de "vir para a rua". Como dormem, como acordam, como comem, como vão para o trabalho, como trabalham, quanto ganham por parte substancial do tempo da sua vida, como é disposto esse tempo da sua vida. E como regressam a casa, e como jantam e dormem novamente, para tudo retomar no dia seguinte.
Marcelo prefere - como esta sociedade e, às vezes, este governo - olhar para as franjas dos que menos têm e menos recebem - as pensões mínimas, os apoios mínimos, os salários mínimos, os acordos mínimos - sem nunca se questionar - ou fazendo por esquecer - sobre o que acontece no global do mercado que produz essas franjas, aquele mercado para o qual Marcelo nunca levanta um dedo crítico ou ergue uma palavra mais azeda - ele que já foi tido como podendo ser o papagaio-mor do Reino - mesmo que na maior parte das vezes seja nesse mercado que se enxovalham as pessoas, que as colocam em trabalhos vazios para que se autodespeçam, onde se cortam direitos básicos de decidir sobre a sua vida, onde se faz tudo por concretizar o desejo estratégico de pagar cada vez por menos (com salários que Marcelo nem entende o que seja, a ponto de não valorizar como questão nacional), onde se quer fazer aumentar cada vez mais o tempo não pago de trabalho, onde se trabalha muitas vezes em condições sanitárias deploráveis (mas são apenas, por exemplo, trabalhadores a transportar trabalhadores, não se pode criticar os operadores reprivatizados por ganharem os apoios públicos sem que se lhe imponham contrapartidas de oferta). Tudo vai bem no mercado do Trabalho.
Passaram muitas séculos, mas um dia haverá um incidente causado pela desigualdade social. E a Roma dos nossos dias temerá os Spartacus dos nossos dias, sem nunca terem entendido o que foi que fez revoltar esses nossos escravos.
Um escravo não pensa, não é?
Para quando um Spartacus que nos salve da caridade?
ResponderEliminarPara quando um salário onde não haja actividade?
Para quando um Estado que mame, não uns miseráveis 49,7% do PIB, mas uns redondos 100%?
Estamos a falar dos fundamentos da burguesia.
ResponderEliminarÉ uma questão religiosa, um dogma e um tabu: não se discute porque não é para discutir.
Questões religiosas do mesmo campo ideológico são as "reformas estruturais", que vai dar mais ou menos ao mesmo.
Os Portugueses menos afortunados tinham, antes da adesão à CEE, apenas "um" inimigo: a burguesia portuguesa.
Agora, temos dois inimigos: a burguesia portuguesa e a burguesia do norte da europa.
O ordoliberalismo está construído sobre o mito "mulheres e vinho", pois é a frase mágica, o que faz com que toda a gente (ou quase...) na alemanha, austria, holanda, etc. aceite de imediato toda a ideologia neoliberal/ordoliberal, sem questionar nada.
Em Portugal, são as elites que comem as "mulheres" e "bebem" o vinho, deixando a conta para os pobres pagarem.
A seguir, a UE vem exigir as reformas estruturais (privatizações, mais cortes na segurança social dos cidadãos, desregulação dos mercados de bens e do trabalho e menor intervenção do estado, excepto quando o estado é chamado para fazer segurança social dos oligarcas e pagar os calotes privados que ameaçam a "estabilidade do sistema financeiro") e adivinhem a quem se aplica tudo isto: aos pobres, está claro.
Mas, o embuste não fica por aqui: os calotes são usados para coisas tão comezinhas como a compra de carros de alta cilindrada e iates fabricados onde?
Na alemanha, pois claro.
não há suficientes escravos para uma revolta de massas é uma sociedade burguesa cheia de velhinhos
ResponderEliminarPode até ser verdade que Marcelo tenha um sentimento de missão junto dos ditos pobres mas também foi o único presidente da república que se deu a esse trabalho. Eanes visitava a casa pia e pouco mais Soares visitava os velhinhos no interior esquecido e Sampaio visitava o Sporting
ResponderEliminarMarcelo como outros marcelistas tem uma visão como se deus existisse, é o gestor de negócios do grande capital e que se está profundamente a borrifar para a defesa da segurança e dos rendimentos de quem trabalha, como o já o disse por outras palavras…
ResponderEliminarUm excelente texto
ResponderEliminarJagga qualquer coisa pimentel Ferreira lá do alto da sua cova gesticula
ResponderEliminarQuer parecer gente.
Da Holanda visita a Casa Pia e os velhinhos...
A conversa é tão da treta que mete dó
Vem-me à memória uma ocorrência,na guerra dita do "ultramar". Numa sessão de mobilização para uma operação pesada, um cabo ousou intervir "Meu capitão eu penso" Interrompeu-o de imediato o capitão: Oh cabo, tu não pensas, tu disparas!
ResponderEliminarA diferença está no plural.
ResponderEliminarE aí reside tudo. Não estamos à espera de Um Spartacus.
OS Spartacus dos nossos dias é que serão de temer
Quanto à existência de um salário onde "não haja actividade", francamente, esta é mesmo para adormecer o pagode.Tal como a "mama" de quem anda a dizer que o estado mama
Porque isto vem de quem vem? Decerto, embora a frase "não haja actividade" seja per si francamente tonta
Mas quem a diz é quem devia saber que o lucro é obtido através da apropriação das mais-valias do Trabalho, descontados os custos fixos.Vem de um apropriador dos frutos do trabalho alheio
Quanto à "mama" assim dita desta forma tão maternal... O ridículo não mata, mas ajuda. Percebe-se que o ódio ao Estado e às suas funções sociais seja uma peça motor no desenvolvimento cognitivo de Jose. Mas "isto" dito assim? Ainda por cima de alguém que se mostra solidáiro com o patronato que vive às custas do Estado, quando as coisas começam a andar para o torto? E com os desfalques duma banca parasitária , montada por uns tais terratenentes que de pergaminhos só têm a pedantice e a trafulhice?
Tchtchtch
Demasiada precariedade leva a situações destas porque o Estado autoriza e nada faz para acabar com os novos escravos e depois os sem abrigo por variadas razões sem soluções. Não há vontade de acabar com s miséria. Decerto interessa a alguns.
ResponderEliminarTambém, não há registo ,ou nota,de que B.Jonhson ou Isabel II,ou Macron,ou Filipe VI,para manter a lógica dos regímes,ou mais ,remotamente,Donald Trump ou o Jairzaro,tenham iguais cautelas ou preocupações.Claro,que esta pulsão de Marcelo,poderá ser movida por motivos de profissão e testemunho de fé,na redenção dos pobres e na salvação dos oprimidos mas a inegável estatura intelectual que lhe é reconhecida,pode ser indicativa de uma outra preocupação,mais científica do que religiosa.As visitas assíduas e repetidas aos locais de apoio para entrega de bens alimentares aos sem-abrigo,pode revelar o conhecimento e a preocupação com as conclusões e teses de A. Pickety,sobretudo,com a reprodução das relações da posse da propriedade e do poder,no aumento contínuo da desigualdade.No limite,a compulsão peregrina de Marcelo,será a de encontrar alguém que, tendo sido proprietário, herdeiro e rico,seja personagem de um qualquer drama de perda e despojo,digna de um romance de Vítor Hugo,ou de um arremedo de denúncia de Balzac.Tudo isto faria algum sentido,como o presidente Marcelo deveria saber,se existisse algum camelo que conseguisse passar no vão de uma agulha,o que será sempre e apenas,uma possibilidade virtual e uma hipótese digital.
ResponderEliminarUma boa e inteligente perspectiva de José Cruz
ResponderEliminarEm contraste forte com as fortes idiotices de joão pimentel ferreira, escondido sob as vestes de paulorodrigues
Eis o estendal das asneiras em letra de forma: "fundamentos da burguesia, questão religiosa, um dogma um tabu: não se discute porque não é para discutir são as "reformas estruturais", que vai dar mais ou menos ao mesmo.
Os Portugueses apenas "um" inimigo: a burguesia portuguesa,a burguesia portuguesa e a burguesia do norte da europa.O ordoliberalismo mito "mulheres e vinho", mágica, imediato comem e "bebem" o vinho, deixando privatizações, mais cortes intervenção excepto quando segurança dos oligarcas calotes que ameaçam a "estabilidade e adivinhem o embuste para carros e iates onde Na alemanha, pois "
Eis a indigência intelectual e a desonestidade visceral dum ordoliberal a ver se vai a jogo