quarta-feira, 13 de maio de 2020
Já basta de sininhos
Há quase três anos, chamámos a atenção, em artigo no Le Monde diplomatique - edição portuguesa, para a ruinosa “solução” encontrada para o Novo Banco por um Governo às ordens de Bruxelas-Frankfurt, aceitando que Portugal funcionasse como cobaia para o princípio perverso do pagam, mas não mandam. O fundo abutre vai comer tudo e não vai deixar nada. É caso para dizer, com José Gusmão, que o descaramento de Mário Centeno tem de ter limites nesta área.
O último episódio, de suposta falta de comunicação entre o Ministro das Finanças e o Primeiro-Ministro sobre mais uma injeção no Novo Banco, é só uma farsa no meio da tragédia. E isto sem que se saiba da sordidez que para lá vai; por exemplo, sem que se saiba quem é que está a comprar a baixo preço activos do banco para, sei lá, os revender. Esta sordidez só pode começar a ser superada com uma auditoria a fundo, seguida da inevitável nacionalização, há muito necessária, do Novo Banco, tendo em conta a sua importância e a melhor experiência internacional distante e recente.
Entretanto, o Cristiano Ronaldo das finanças não deixará de jogar apenas por causa da banca. Afinal de contas, vai ter a honra de ter sido no ano passado o Ministro do superávite orçamental, à boleia da conjuntura e de um investimento público em mínimos da UE, e este ano o Ministro daquele que será provavelmente o maior défice orçamental, efeito da pandemia.
O défice é fundamentalmente uma variável endógena, muito mais dependente do andamento da economia do que das habilidades do Ministro, notem, uma vez mais. Este país tem uma história mitificada de “magos das finanças”, de Salazar a Cavaco. Começou e acabou sempre mal. É tempo de acabar com os mitos e de encarar a realidade das interdependências nos saldos financeiros sectoriais.
E, já agora, é preciso não deixar que Centeno vá governar o Banco que não é de Portugal, fazendo de moralista das finanças públicas e de correia de transmissão de Frankfurt.
Não haveria grande novidade, concedo, mas já basta de sininhos.
A geringonça dá nisto: junta-se o ter de parecer ao ter de ser e o que é óbvio vira facto político!
ResponderEliminarPelo meio do barulho aceleram nomeações e cargos públicos e acrescem despesas para todas as bolsas, menos para a matilha!
Onde será que Marcelo se vai esconder desta vez perante esta pouca vergonha?
ResponderEliminarÉ só mais uma que lhe passa ao lado, não é senhor presidente?
A questão aqui é a seguinte: qual seria a alternativa ao tandem Costa/Centeno? Apesar das críticas que aponta e que gericamente me parecem válidas, Centeno surge com um discurso moderado, é um tipo que, ao contrário de Cavaco, já não falando do Botas, tem um discurso coerente e moderado. Obviamente, não há magos das finanças mas, na sua apreciação, que alternativa poderia sugerir?
ResponderEliminarUm detalhe: não se escreve "há 3 anos atrás", é um erro comum, mas se foi há uns anos o "atrás" não faz sentido.
A história das nacionalizações dos Bancos, de 1975 para cá, também não correu lá muito bem, a gestão pública da banca foi tudo menos rigorosa, basta olhar para o triste folhetim da CGD. E não me venham dizer que se os gestores fossem do BE ou do PCP a coisa correria melhor, porque sabemos do exemplo concreto do socialismo real que isso não é verdade, antes pelo contrário...
ResponderEliminarClaro que existe dependência entre saldos sectoriais, agora ela não pode servir de desculpa para justificar o endividamento progressivo do Estado, a que se seguem naturalmente as reestruturações de dívida, que não se fazem sem condições, basta olhar para a triste perda de soberania que se sucedeu à bancarrota no final do sec. XIX e que condicionou toda a nossa história. Prometer tudo a todos é uma receita para o desastre, porque depois é preciso pagar a conta.
A nossa soberania, João Rodrigues nunca é ilimitada, por mais que alegue que a CRP diz o contrário. Dependemos sempre da natureza da sistema económico em que nos inserimos e depois, claro, há aquela chatice de que estamos vinculados por tratados que não temos o direito de interpretar sozinhos, por mais que o BVerfG diga o contrário...
Vou citar Thomas Fazi: "Um governo que trabalhe para um excedente está a injetar na economia menos dinheiro do que tira, através dos impostos estando, por isso, a drenar riqueza da economia, habitualmente para o redistribuir pelos investidores estrangeiros e nacionais, detentores de títulos de dívida pública (normalmente os bancos e indivíduos muito ricos). O bom senso económico aconselha que se faça o oposto: governar com déficit orçamental para estimular a atividade económica.".
ResponderEliminarO bom senso parece ser uma espécie extinta, na paródia de estado chamada UE.
Dois ternos irmãos.
ResponderEliminarJosé e JPF
Um,Um, um trafulha inqualificável. Outro um vero patrão saído das profundezas dos herdeiros do salazarismo
Obrigado, Lúcio Ferro, pela chamada de atenção para o erro comum. Vou corrigir. Há sempre alternativa.
ResponderEliminarEstes jogos de palavras do jose a tentar fazer passar um camelo por um buraco de agulha dão sempre mau resultado
ResponderEliminarO que se passa no Novo Banco parece ser uma enorme trafulhice?
Mais do que parece, é
Um Centeno tem que parecer sério? Tem que ser. Para aparecer
O resto é a história habitual entre a cambada. E o choradinho típico entre a matilha que quer continuar impávida e serena a alimentar-se . Como abutres.
Jaime Santos tem uma péssima memória. Ou faz que tem
ResponderEliminarEm vez de se confrontar com as tontices que andou a debitar sobre Centeno - o ministro das finanças mais revolucionário e outras tretas- resolve caminhar para o outro lado
Enquanto a Banca esteve nacionalizada, nos idos tempo da revolução, não se assistiu a esta autêntica roda vida da banca privada e dos seus negócios sórdidos.
É comparar.E ver o silêncio ruidoso como se calam perante o óbvio
O que faz JS então? Salta apressado para o "triste folhetim da CGD"
JS faz-se de lucas.QUem nomeia a administração da Caixa?
Desde 1976, dos 13 conselhos de administração da CGD,10 foram presididos por personalidades ligadas ao PSD e três ao PS.
Desde 1980 as nomeações foram alargadas a outros membros do conselho de administração e a muitos directores do banco, alguns deles com responsabilidades políticas igualmente no CDS, como num conselho de administração que integrava dois membros da comissão política desse partido.
A desonestidade de JS continua
ResponderEliminarJá vimos que o Bloco central de interesses se alambuzou com a CGD. Um facto incontornável
Como JS se defende desta acusação a este exemplo vivo de jogadas sórdidas e de promiscuidades sujas?
Desta forma verdadeiramente abjecta:
"não me venham dizer que se os gestores fossem do BE ou do PCP a coisa correria melhor porque sabemos do exemplo concreto do socialismo real que isso não é verdade, antes pelo contrário..."
Ou seja, os gestores são amigalhaços. São o que são. Como não pode dizer que não são, diz que os outros também seriam.
E dá o exemplo do"socialismo real" tentando fazer passar a mensagem que todos são iguais,quais historietas contadas pelos que nos andam a vender que entre Salazar e Humberto Delgado não há qualquer diferença.
Na impossibilidade de apresentar factos, JS cavalga sobre hipóteses.
Isto revela não só desonestidade.É também de uma impotência argumentativa tramada
O resto do que JS arrasta atrás de si é apenas mais uma das suas infinitas variações ( monótonas e risíveis) a tentar convencer-nos da necessidade de nos convertermos em vende-pátrias vulgares
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