Dona do Pingo Doce deu segunda UCI [unidade de cuidados intensivos] ao Alentejo. Esta caridade não passa de uma exibição de mais uma fonte de poder dos ricos para efeitos de relações públicas. Pode bem ser substituída pelo fim da fuga aos impostos, por via de paraísos fiscais e de outros esquemas. Isto aplica-se também a Cristiano Ronaldo, Jorge Mendes e quejandos.
Ai, que digo eu, desculpem, não é de fuga que se trata, mas sim de planeamento fiscal. Este é favorecido pela UE, por via de países como a Holanda, que depois também vem com moralismos, e pela liberdade de circulação de capitais, também indissociável da UE de que este tipo de capital tanto gosta.
O poder realmente só se contraria com poder, em nome de outros valores sociais. E precisamos de todo o poder para acabar também com o chamado filantrocapitalismo, indissociável de períodos da história onde os beneficiários das desigualdades obscenas, e das estruturas que as geram, procuram manter este estado de coisas.
Neste tipo de ocasiões, vá-se lá perceber porquê, lembro-me sempre de António Lobo Antunes, em criança, a olhar com afecto para uma gravura poeirenta, perdida num sótão:
Só o saque consolo os justos!!!
ResponderEliminarA revolução francesa marcou o início da época burguesa.
ResponderEliminarA burguesia não o teria conseguido sem o apoio do povo.
Mas o povo foi enganado? Ou não?
Hoje, existe uma classe média, que é quem vota, o que significa que o povo continua a apoiar a burguesia, dado que delega na classe média o poder de decisão.
Só quando a hegemonia neoliberal se romper completamente (e ela está a romper-se em muitos países) será possível alterar o status-quo.
Convinha que a esquerda estivesse preparada, de forma a evitar repetir os erros do passado como, por exemplo, o partido trabalhista inglês a fazer campanha contra o brexit.
O Estado,atualmente, não tem capacidade para equipar uma UCI?
ResponderEliminarTer tem, mas as prioridades e clientelas são outras. Mais impostos não resolvem nada sem primeiro reorientar prioridades.
Em relação à propaganda comercial, dos jorgadores da bola, de Fátima e do Benfica, estamos plenamente de acordo. Propaganda pura para agradar a plebe!
ResponderEliminarDiscordamos obviamente a partir do ponto que acusa a UE pelo chamado dumping fiscal. Como referiu em tempos Juncker todos os países da UE fazem dumping fiscal pois todos os países têm de alguma forma algum imposto mais baixo que o do vizinho. Espanha faz dumping fiscal contra Portugal nos combustíveus ou no IVA (21% em vez de 23%), Portugal faz dumping fiscal contra a Suécia nos reformados e a Holanda faz com o IRC para as empresas. Até o mesmo é feito entre regiões de Portugal na diferenciação de IMI ou nos incentivos fiscais para as empresas se instalarem no interior. A isto chama-se soberania fiscal. Ou queriam que a UE obrigasse a Holanda a aumentar o IRC, violando a sua soberania orçamental?
Estamos a comparar o que não é comparável. Foi Portugal que aumentou o IVA dos combustíveis para 23%, independentemente dos que os Espanhois fizeram.
EliminarComstruir um paraíso fiscal dentro da zona euro tinha o intuito de atrair oligarcas dos países com cargas fiscais elevadas, precisamente os países do sul.
Não se refugie em lembranças fugazes para fazer declarações políticas. A fanfarronada não fica bem a ninguém e não posso de outro modo crer que esteja a apelar (subliminarmente) que se deva recorrer à violência, coisa que na nossa Democracia Imperfeita (não há outra) é aliás crime.
ResponderEliminarCabe lembrar que os destinos de Danton e Robespierre foram justamente esse da figura. Robespierre aliás caiu no dia em que um deputado lhe disse, pelos vistos, que estavam fartos dele. Ainda terá tentado suicidar-se com um tiro na cara, mas falhou e ficou em agonia até que a guilhotina pôs fim aos seus dias...
Não sem que antes tivessem morrido milhares de pessoas, muitos certamente inocentes. Thomas Paine, autor do famoso Common Sense, quase que foi vítima dessa mesma guilhotina.
Menor sorte tiveram os Girondinos ou Luís XVI, um homem fraco e bom (palavras de Camus, o 'reacionário' autor de 'O Homem Revoltado')...
Presumo que os primeiros seriam hoje chamados de Liberais de Centro-Esquerda.
Não me cabe estar a defender a dona do Pingo Doce, que me presta um excelente serviço, como aliás o Continente, etc. Eu, que nos anos 80 quando viajei pela França, arregalava os olhos à limpeza e à variedade nos seus hipermercados, penso que somos hoje bastante melhor servidos por causa das distribuidoras, incluindo em termos de higiene, particularmente importante neste período em que a nossa vida pode depender dela.
A modos que uma das boas coisas que nos deu a UE e o Mercado Único, assim como ETARs, praias despoluídas, investigação científica, etc, etc...
Mas o João Rodrigues se calhar prefere ir para a fila do racionamento, não é? Ora diga lá onde é que faz as suas compras... Estou certo que não contribui para o planeamento fiscal dos donos dessas grandes superfícies, pois não?
Existe claro muita hipocrisia e auto-promoção na filantropia capitalista. Mas dada a falta de UCIs em face da pandemia crescente, eu diria que precisamos e muito desses equipamentos. São muito bem vindos e poderão até ajudar a salvar vidas.
Aquela coisa com a qual os revolucionários que caíram em Thermidor não pareciam
preocupar-se muito. Como é consigo? Ou o amor ao povo é só em abstracto?
Nem vou comentar o mal é dos que não tem cultura não foi por acaso que mandaram fechar escolas em Portugal
ResponderEliminarCaro João Rodrigues deixo dois links para dois artigos sobre a Holanda enquanto paraíso fiscal
ResponderEliminarum deles com o exemplo da "nossa" EDP que pode ser interessante divulgares para reforçar esta ideia.
https://www.somo.nl/wp-content/uploads/2013/09/Avoiding-Tax-in-Times-of-Austerity.pdf
https://www.somo.nl/wp-content/uploads/2013/06/Should-the-Netherlands-sign-tax-treaties-with-developing-countries.pdf
Gonçalo Avelãs Nunes
Onde é que as seguintes empresas pagam os seus impostos:
ResponderEliminarLidl
Leroy Merlin
Ikea
Auchan
Feu Vert
Fnac
Siemens
Microsoft
E tantas outras que beficiam de apoios dos nossos impostos para se manterem e investirem cá?