(1) “Um novo abrandamento económico numa economia europeia já de si pouco dinâmica pode ter como resultado o equivalente de um fósforo atirado para um barril de pólvora. Apesar da gravidade da situação, quanto às finanças públicas o Governo alemão continua a mostrar uma resistência extraordinária a qualquer enfraquecimento da sua visão de uma dona de casa suábia. Em maio de 2019, o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, contemplou uma revisão do orçamento, mais cortes potenciais e a ideia de "fazer um esforço ainda maior" para evitar a recessão. Mais recentemente, reafirmou a sua posição, argumentando que mais dívida só seria necessária no caso de uma contracção semelhante à de 2008. A chanceler Angela Merkel considera a manutenção do Schwarze Null (orçamento federal sem défice) como outra "forma de sustentabilidade" e conta com o apoio do seu próprio partido e de muitos economistas conservadores alemães.
(2) “Merkel sente a ira dos alemães idosos mais severamente atingidos pelo contínuo atrito industrial. Esses alemães mais velhos estão na vanguarda das crescentes tensões sociais e políticas do país. Como observaram Alexander Roth e Guntram Wolff, do grupo de reflexão Bruegel, com sede em Bruxelas, os eleitores da direita, do partido anti-Europa Alternative für Deutschland, são predominantemente homens mais velhos, relativamente pouco instruídos, habitando em áreas não urbanas, cujos empregos industriais bem pagos estão a ser transferidos para países da Europa Oriental com salários mais baixos, ou são eliminados pela automação. No sector dos serviços, os novos postos de trabalho são cada vez mais criados com base em contratos temporários marcados pela ansiedade, com salários e benefícios reduzidos. (...) Alguns desvalorizam a actual crise económica tratando-a como temporária, causada pela necessidade de cumprir novos padrões de emissão, e pelo declínio dos níveis das águas dos rios, o que desacelerou o tráfego fluvial. No entanto, uma economia chinesa inevitavelmente mais lenta, e a obsolescência gradual da antiga estrutura industrial da Alemanha, irão pesar fortemente no crescimento alemão, o que irá deprimir o já baixo potencial de crescimento da Europa no longo prazo. O aumento contínuo da entropia política alemã irá corroer ainda mais o relutante apoio financeiro do país à Europa.”
Um dos exemplos mais usados pela tropa de choque neoliberal, está em choque e em cheque.
ResponderEliminarO Chile mostra afinal que o paraíso prometido pelo boys de Chicago, sob as armas de um verdugo, é afinal um inferno.
A Alemanha tomou de assalto uma UE,em seu e em nome dos interesses dos que lhes são comuns.Os germanófilos que gritaram alto o seu amor e submissão à grande Alemanha e que verteram todo o seu ódio aos países do Sul estão por aí e trilharão que caminhos? Alguns eram "socialistas",como Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo de Janeiro de 2013 a Janeiro de 2018 e que acusava os países do sul de gastarem tudo “em copos e mulheres” e depois irem pedir empréstimos ao Banco Central Europeu e ao Fundo Monetário Internacional.
Mas não é preciso ir até à Holanda para descobrir tantos que contribuíram para esta ordem disfuncional, pos-democrática e trituradora, neoliberais de alto e de baixo coturno que querem ter o mundo aprisionado nas suas particulares garras.
Alguns gritaram bem alto o seu ódio à Grécia e a Portugal, e conspiraram abertamente ao lado das forças coloniais. O que farão, quando as fissuras do centro do Império começarem a abrir brechas cada vez maiores?Ou quando o Império resolver partir para outros jogos?
Um video extremamente didáctico de Jorge Bateira. Que como se sabe está arredado dos circuitos mediáticos que sustentam o Euro e este modelo de sociedade.
Eles não brincam em serviço. Percebe-se porquê ao ouvir economistas como Jorge Bateira.
Não será altura de lhes fazer frente de forma verdadeiramente revolucionária?
Uma crise centrada na Alemanha é o alibi perfeito para bloquear as transferências fiscais que seriam necessárias para minorar a disfuncionalidade da Zona Euro.
ResponderEliminarLogo, se as condições se agudizarem, e tudo leva a crer que tal acontecerá no médio prazo, todo o ónus da ruptura da Zona Euro recairá sobre os "periféricos". Ou isso ou aceitar a escravização de largas fatias da economia. Venha o diabo e escolha.
Sintoma de que a Alemanha não contribuirá com um chavo para a sobrevivência da Zona Euro é a tentativa de negociar uma redução da contribuição para o orçamento da EU.
ResponderEliminarPasme-se! O país que mais lucrou com o Euro pretende reduzir ainda mais o orçamento comunitário.
Enquanto forem os "periféricos" a pagar as contas o Euro sobreviverá. Quem encheu os cofres à custa do Euro recusar-se-á a mexer uma palha para o salvar. Estavam à espera de quê?
Qual venha o diabo e escolha?
ResponderEliminarQue comentário mais derrotista.
Será de propósito? Ainda por cima quem anda montado por aí no diabo?