sábado, 9 de março de 2019

Um jornal que não bajula os poderosos

A 24 de Janeiro último, Macron exigiu «a restauração da democracia na Venezuela». Passados quatro dias, chegou de alma leve ao Cairo, muito decidido a vender mais algumas armas ao presidente egípcio Abel Fattah Al-Sissi, autor de um golpe de Estado que foi rapidamente seguido do encarceramento de sessenta mil opositores políticos e da condenação à morte do seu antecessor livremente eleito. Em matéria de política externa que se pretende virtuosa, será que o pior ainda está para vir?

Serge Halimi, O presidente e os pirómanos, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Março de 2019.

Em 10 anos, Soares dos Santos já investiu 74 milhões de euros na FFMS [Fundação Francisco Manuel dos Santos]. Quer «transferir para as pessoas o conhecimento»… «para não nos queixarmos do Governo, mas termos voz activa nas decisões». Diz que doravante não se ficará por «debates em Lisboa ou sessões no Porto», que quer «saber o que se passa nos municípios (…) e criar movimentos para ir apoiar». Os entrevistadores não inquiriram sobre o que se prepara. Mas é sensato manter a atenção focada em todos os que são complacentes com este projecto político, económico e mediático. A falta de informação paga-se caro.

Sandra Monteiro, Sabe bem informar tão pouco, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Março de 2019.

Para além de excertos dos dois editoriais, disponíveis na íntegra no sítio do jornal, deixo-vos por aqui um resumo da edição deste mês:

“O destaque da edição de Março vai para um dossiê sobre «Uma União a refazer», que interroga, a partir de diferentes perspectivas, o que está em jogo nas próximas eleições europeias, fazendo também um balanço dos 20 anos do euro (Antoine Schwartz, Frédéric Lordon, Thomas Guénolé e Yanis Varoufakis).

 Na componente portuguesa analisamos as convergências e concretizações necessárias para uma Lei de Bases da Saúde que defenda o SNS (Teresa Gago) e traçamos o retrato do emprego da economia social, para interrogar o paradigma em que se insere (Margarida Antunes). Perguntamos o que são reformas estruturais de esquerda (Nuno Serra) e viajamos pela anatomia brutal da adolescência tal como vista na peça Margens (Paula Varanda).

No internacional, destaque ainda para a situação na Venezuela, com dois artigos que questionam os rumos da oposição e o regresso dos Estados Unidos às «guerras sujas». Voltamos à guerra no Iémen e ao tortuoso caminho da paz no país, e acompanhamos a persistente repressão dos uigures no Xinjiang chinês. Por fim, iniciamos uma série sobre «fake news» que começa por perguntar por que só algumas são denunciadas...”

3 comentários:

  1. O voto popular é democrático em Democracia.
    Em situação não democrática pode ser instrumento de entronização do dogma que a nega, seja ele dogma político ou religioso.
    Nada mais agrada ao inimigo da Democracia do que 'legitimar-se' pelo voto.

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  2. Soares dos Santos é inimigo jurado do Portugal dos Coitadinhos, o que é grave ameaça aos que se veem como os seus predestinados pastores.

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  3. Uma Lei de Bases da Saúde que defenda a saúde da população seria a mais natural das injunções.

    Mas tudo se centra no SNS, numa estrutura que garante poder administrativo e de intervenção a estruturas políticas.

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