sexta-feira, 22 de março de 2019

Jantar fora ou gastar luz em casa?


Ainda a propósito do IVA da restauração e do que alegadamente o «Estado perde» com essa medida - de acordo com os entusiastas da austeridade - lembrei-me há dias do comentário de João Duque ao OE de 2019. Segundo o economista, teria sido «mais eficiente não se ter mexido no IVA da restauração e baixar o IVA da eletricidade». Por quê? Porque «as pessoas para pouparem ficam em casa e em casa gasta-se eletricidade». Ou seja, segundo João Duque, com a descida do IVA o Governo beneficiou, erradamente, os «que vão jantar fora e que apagam a luz em casa». Não é que a opção fiscal não seja discutível, é-o de facto. Apenas a aparente candura e simplismo desta imagem faz lembrar uma outra comparação, menos recente, do mesmo economista e professor universitário: aquela em que aludia a cinema e pipocas.

12 comentários:

  1. Apesar do exemplo estúpido que o João Duque dá para justificar o seu argumento, também eu acho que seria mais vantajoso para a economia (famílias e empresas, sobretudo para as indústrias) uma descida do IVA da eletricidade do que da restauração...

    ResponderEliminar
  2. Caro Luís Amaro, é uma questão que merece ser discutida, sem dúvida (acrescentei aliás no texto do post esse elemento, que é importante). O ponto aqui é mesmo o quadro de pensamento - austeritário e moralista - com que muitas vezes sem discutem estas opções.

    ResponderEliminar
  3. "é uma questão que merece ser discutida"
    Está a prever discuti-la em breve?

    O que me causa perplexidade é a aparente aceitação de uma discriminação (positiva) aparentemente aleatória (ainda não li em lado nenhum os argumentos) de uma determinada actividade económica.
    Eu percebo o racional para baixar o IVA no sector da cultura (por exemplo) mas qual é afinal o racional para baixar o IVA na restauração?

    ResponderEliminar
  4. Tenho uma dúvida acerca de uma sua construção de frase:
    "Não é que a opção fiscal não seja indiscutível"
    Não há um "não" a mais?
    Óbviamente este comentário não é para publicação.

    ResponderEliminar
  5. Caro S.T., agradeço muito a sua chamada de atenção. Tem toda a razão e já está corrigido. Obrigado!

    ResponderEliminar
  6. Nuno Serra a chamar moralista a outra pessoa! Aqui está uma novidade, muito engraçada...

    ResponderEliminar
  7. Autoritário já é mau, acrescido de moralista passa a total horror!

    ResponderEliminar
  8. Mais vantajoso seria baixar o IVA da restauração e da electricidade.

    ResponderEliminar
  9. Parece que este (Duque) é dos tais que quando chegar ao céu e o S. Pedro lhe fizer o teste que consiste em escolher entre um maço de notas de 200€ e uma Bíblia, começa a folhear a Bíblia e a meter uma nota em cada página.

    ResponderEliminar
  10. Nada como falar do mensageiro permite fazer de conta que a mensagem não existe.

    ResponderEliminar
  11. A mensagem é falsa!

    E o mensageiro e a mensagem não são assim tão fácilmente dissociáveis.

    O video de que Adelino Ferreira publicou o link em comentário acima, revela um ser morno, nem quente nem frio, nem carne nem peixe, mas que curiosamente tem consciência das suas contradições internas e até se tortura por isso. Não me admirava se fosse ferveroso utilizador do cilício...
    Está num beco sem saída intelectual mas tenta não pensar muito nisso porque todo o seu status profissional foi construído à base de doutrinas que consciente ou inconscientemente intui que são falsas.

    Pode ser que esse Duque veja a luz e se converta ao pós-keynesianismo ou até à MMT. Senão, continuará até ao fim dos seus dias a ser uma alma torturada e a espalhar os seus erros junto dos seus alunos, o que lhe garantirá no mínimo, quando os seus dias acabarem sobre a terra, uma estadia prolongada no purgatório dos economistas, onde os cálculos e raciocínios infindáveis lhe darão sempre errado, até que a dona-de-casa-da-Suávia em si se dissolva e seja finalmente admitido (passados uns séculos) na Glória do Senhor.

    Bad karma, sahib!

    S.T.

    ResponderEliminar